31 agosto 2013

TOCANTINS: SUMIDOURO III


Para quem não acredita na lenda do sumidouro (ser mitológico que some com tudo) têm-se mais exemplos de suas manifestações, não só na escola, mas no município de São Miguel e até na Capital do Estado do Tocantins: o sumiço dos recursos públicos.
Desse modo, ocorreu nesta quinta-feira (29/08/13), o sumiço da energia elétrica da Escola Estadual Bela Vista, em plena realização da Conferência Ambiental Escolar – Convida – o que deixou todos – alunos, pais, professores e demais servidores – perplexos, pois ficaram sem eletricidade para ampliar o som das apresentações, sem expor os trabalhos em projetor, sem água gelada para matar a sede no calor de quase quarenta graus, sem climatização e ventilação (para quem as tinham) e sem internet para eventuais consultas e serviços de rotina. Diante da situação, só restou o adiamento do evento.
No momento do corte, foi justificado aos presentes que o fato se deu não por responsabilidade da escola, mas por falta de repasse regular dos recursos financeiros pelo governo estadual, mas aí questiona-se, o que ocorreu com tantos recursos declarados na última prestação de contas ocorrida no final do primeiro semestre do corrente ano, em que pais e servidores assistiram a exposição de planilhas declarando o recebimento de tantos repasses? Não foram bem administrados, de modo que se garantisse o pagamento das demandas inadiáveis? Ou foram insuficientes?
A partir da realidade vigente surgem os questionamentos: cadê os esforços da gestão no sentido de discutir e conscientizar a todos da realidade escolar de que é preciso bem cuidar da coisa pública, inclusive economizando energia, pois ela é finita, como também são os recursos públicos? Será que estar-se ensinando adequadamente ou o discurso educacional e ambiental não se concretiza na prática, uma vez que os recursos estão sumindo, o consumo aumentando e até mesmo os eventos habituais estão sendo interrompidos?
Então, para onde foram os recursos que sempre saem dos bolsos de alunos, pais, servidores, empresas e demais contribuintes se nem mesmos as escolas têm mais recursos para pagar pelos serviços essenciais? Já se revelou a reclamação de professores quanto à carência de materiais para trabalhar, e agora a energia sumiu. Que o sumidouro não suma com outras coisas, tais como o pagamento dos servidores, pois sem energia elétrica até que dá para trabalhar - durante o dia, é claro e com dificuldade, mas sem pagamento...
Outra manifestação da existência do sumidouro é o sumiço dos recursos públicos municipais de São Miguel do Tocantins, os quais foram detectados somente pelo promotor de Justiça Paulo Rodrigues Siqueira, o qual acusou o prefeito e outros agentes públicos de improbidade administrativa e dano ao erário público e a Justiça acatou a denúncia. É impressionante o valor questionado durante tão pouco tempo: mais de cinco milhões de reais em cerca de sete meses. E mais impressionante ainda é que a Câmara de Vereadores do município nunca se apercebeu de tais sumiços (Incompetência? Negligência? Ou Conivência?). Será que o sumidouro sumiu com a percepção dos senhores vereadores? Ou eles nunca a tiveram? O certo é que não há impostos suficientes e contribuinte que aguente a forma como a coisa pública vem sendo tratada.
A realidade está evidente para todos perceberem: falta pagamento de servidores municipais, falta pagamento do piso salarial nacional aos professores, falta saúde, falta educação, falta infraestrutura e falta também melhoria dos índices sociais, mas não faltam os carrões e outras demonstrações de dinheiro e poder de quem assome funções públicas comissionadas ou eletivas. Será por isto que todos querem ser autoridade política?
Assim, e também surpreendente, em decorrência das ações deste ser (o sumidouro) sumiu-se também a Feira Internacional do Livro – FLIT – que abrilhantava o cenário cultural e educacional Tocantinense. Há denúncias, inclusive, de não recebimento pelos serviços prestados ao governo do estado. Tanto por parte de empresas que proporcionaram a estrutura logística, quanto por artistas e palestrantes. O governo, é claro, nega, mas as provas são incontestes e, por fim, sumiu-se com a continuidade do evento, o que só prova a má gestão dos recursos, uma vez que em gestões anteriores tal não se deu.
Por tudo exposto o certo é que as ações do sumidouro são incontestes, não acredite se quiser, mas estão por aí e só resta observar, pois até São Tomé só não crê se não quiser.

                                                                                     (Francisco Monteiro, editor)

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