23 agosto 2013

TOCANTINS: O SUMIDOURO II

Já se sabe que o sumidouro é um ser mitológico, presente em toda a realidade brasileira, e, portanto, no Tocantins também. Suas façanhas envolvem, como o nome já diz, sumir com tudo: objetos, seres, ideias, posturas, crenças e muito mais.

Na realidade escolar, por exemplo, já há bastante tempo, tal ser vem sumindo com a coerência entre discurso e prática, com a lei e seu cumprimento, com a justiça; mas não com a perseguição política, pessoal, sexual e ideológica; e, enfim, tal ser, mesmo sem ser percebido por quase todos, principalmente os menos críticos, deixa-se revelar pelas inúmeras manifestações que realiza.

“Se for um dos meus, não mexa; se não for, cumpra-se a lei!”. Some-se também a coerência de novos diretores e coordenadores: quando professores, conhecem todas as limitações do magistério; quando gestores, acham que é fácil para o professor fazer melhor. Eles cobram a presença acirrada do professor na sala de aula. Dizem saber de tudo para o ensino funcionar e a aprendizagem acontecer, mas na hora de ir para sala de aula, morrem de medo, se apegam com todos os santos, com todas as leis, decretos, portarias, normativas e instruções e, no final, não vão mesmo. No imaginário popular tocantinense, só tem uma explicação para isso: o Sumidouro!

O turno noturno fica “a Deus dará”! Some-se de tudo: coordenador de secretaria (que até sumiu da escola), direcionamento das atividades, diretor, coordenadores, etc. No escuro da noite, o Sumidouro é mais camuflado!

Registrou-se também sumiço de servidores da escola no final de 2012. Os servidores contratados que não votaram nem fizeram campanha eleitoral para o candidato do padrinho político da escola, não tiveram o seu contrato de trabalho renovado. E isso foi dito a eles. Além do sumiço desses servidores, sumiu também a liberdade política no curral eleitoral que impera o voto de cabresto. O Sumidouro atacou novamente!

Em meados de 2013, além do sumiço de um livro de pontos, o Sumidouro deu sumiço aos festejos juninos. Por quê? Porque não houve apoio administrativo. O professor Silas reuniu-se com colegas de diferentes áreas para traçarem os objetivos e o formato das festas juninas de 2013. Assim conceberam: os festejos teriam objetivos pedagógicos, características folclóricas (músicas e danças estritamente juninos, por exemplo), a serem realizados no prédio da escola, sem bebida alcoólica, sem cobrança de ingresso e em horário e condições de segurança adequados aos estudantes (crianças) do 6º ano. A principal atração seria a Dança do Lili, já conhecida e admirada em nível estadual, sob a coordenação do professor Nonatinho. Essa dança eclética, inclusive, representaria a escola na FLIT 2013. Mas o Sumidouro roubou mais essa!

De tudo descrito é impossível não acreditar no Sumidouro. O qual, embora não seja visto, se faz presente em todos os momentos, em todos os espaços e em todos os níveis sociais – dos mais populares até os considerados elitizados.

Portanto, prossegue o alerta: mantenha-se atento às manifestações do Sumidouro. Como? Exercite sua criticidade, sua sensibilidade, sua dignidade e indignação. Mas, mesmo assim, isso não é garantia de que você estará totalmente a salvo deste ser que a tudo e a todos atinge.

                                                                                                      (Por Francisco Monteiro)

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