ter, 25/02/2014 - 18:58 - Atualizado em 26/02/2014 - 07:41
Da Rede Brasil Atual
Por Viviane Claudino
Policiais federais suspenderam as atividades por 48 horas, desde as 8h30 da manhã de hoje (25). Agentes, escrivães e papiloscopistas, que denunciam o “sucateamento” do órgão e congelamento dos salários nos últimos sete anos, não descartam a possibilidade de greve nacional por tempo indeterminado
Além da paralisação, os servidores organizam manifestações em todo o país. Em Brasília, cerca de 400 policiais realizaram um enterro simbólico da "segurança pública brasileira", em frente ao Ministério da Justiça. Em São Paulo, os trabalhadores suspenderam as atividades ontem, após realizar uma manifestação em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), e também permanecem em greve até amanhã. Em outros estados, os agentes realizam protestos, com o uso de mulas diante de unidades da PF, como uma sátira à gíria utilizada para se referir a pequenos traficantes.
“Hoje, a Polícia Federal não prende mais os donos e os chefes do tráfico, ela deixou de atuar no seu trabalho mais importante e passou a fazer prisões de 'mulas', que vão até as fronteiras buscar drogas”, afirma o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Jones Borges Leal.
Ele afirma ainda que a falta de recursos e de reconhecimento profissional e salarial estão entre os fatores responsáveis para a desmotivação dos trabalhadores. Segundo Leal, nos últimos sete anos a categoria acumula perdas de aproximadamente 40%, o que desmotiva os agentes a seguir carreira no órgão. “Hoje, o colega entra na Polícia Federal e antes de concluir o curso (com duração de quatro meses e obrigatório para os aprovados no concurso) ele já pediu a saída, porque já percebeu a crise interna e o 'adoecimento' da instituição”, conta.
“A gente apreende aproximadamente 1% dos ilícitos que passa pelos aeroportos e estou sendo generoso ao afirmar esse percentual. Temos pedaços de fronteira com 300, 400 quilômetros, sem nenhum policial. Imagina a facilidade de se transportar qualquer mercadoria por ai”, acrescenta o sindicalista.
Pesquisa realizada pela Polícia Federal, com base à Lei de Acesso à Informação e dados consultados do Sistema Nacional de Informações Criminais (Sinic), que centraliza as informações criminais no âmbito da PF, mostra que entre 2010 e 2013, o número de indiciados pela Polícia Federal em todo o país caiu de 46.502 para 18.325, queda de 60%. Já o número de indiciados em crimes de tráfico de drogas sofreu redução de 40%, passando de 5.590 para 3.369.
Entre as reivindicações, a Fenapef defende a instalação de uma carreira única na PF e a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 51/2013, do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que modifica toda a estrutura de segurança pública e estabelece a desmilitarização das policias. “As portas do governo nunca estiveram fechadas para negociações, mas também nunca foi apresentado nenhuma solução para os problemas que a Polícia Federal vem enfrentando há anos”, diz Leal.
A entidade afirma que os serviços de atendimento à população estão mantidos.
(Jornal GGN)
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