26 fevereiro 2014

A arte como instrumento de reflexão


Publicado por  em Notas às 22h32

Perigo, Ataque de gabiru (Foto: Enock Carvalho / Cedida)
Perigo, área sujeita a ataque de gabiru (Foto: Enock Carvalho / Cedida)
É muito provável que você já tenha se deparado com curioso cartaz bilíngue escrito “Perigo. Área sujeita à ataque de gabiru”, nos mesmo moldes do famoso cartaz que alerta sobre a possibilidade de ataques de tubarões nas orlas do litoral pernambucano. A imagem tem bombado nas redes sociais na última semana, após tomar conta da Avenida Agamenon Magalhães, nas proximidades do Derby, área central do Recife. O que muita gente não sabe é que a ilustração faz parte da intervenção artística de Camila Storck, mineira que há dois anos vive em Olinda e integra o coletivo Dale – Diretório Artístico de Liberdade Estética.
A mineira Camila Storck é a criadora da arte (Foto: Reprodução / Facebook)
A mineira Camila Storck é a criadora da arte (Foto: Reprodução / Facebook)
“Já fazia um tempo que eu queria fazer uma brincadeira com o cartaz do tubarão, que tem um design interessante. E por trabalhar próximo à Agamenon, eu vivenciei o descaso com a limpeza urbana. Até que um dia realmente vi um gabiru, e isso me deu a ideia de ironizar um pouco com a presença dele”, revela a artista. “O próprio nome é marcante. O termo gabiru é algo bem nordestino, tem uma sonoridade curiosa, que chama a atenção”, completa.
Cartaz colado na ponte entre duas faixas da Agamenon (Foto: Alef Pontes)
Cartaz colado na ponte entre duas faixas da Agamenon (Foto: Alef Pontes)
Segundo ela, a proposta é levar as pessoas a pensarem sobre a cidade. “O cartaz já diz tudo, mas cada um vai interpretar de uma forma. O intuito é propor a arte-reflexão, provocar ideias. Ele leva à refletir e a arte está justamente para isso, para fazer com que as pessoas pensem e possam buscar a transformação no espaço ao seu redor”, explica.
Camila diz estar atenta a repercussão nas redes. “Eu não esperava que atingisse estas proporções. A gente, do coletivo Dale, vem discutindo sobre essa repercussão. Muita gente tem gostado e compartilhado, mas algumas pessoas viram isso como algo de mau gosto. Eu acho massa trazer a arte como pauta de reflexão, mas eu ainda não vi o aprofundamento necessário. A presença dos gabirus vem sendo percebida devido as condições precárias, a ideia é ver como essa ação pode mobilizar as pessoas. Mostrar a potência da arte. Através dela, fazer com que as pessoas possam transformar o espaço”, afirma.
“Além disso, muitas histórias têm surgido. Uma até diz que havia um fiteiro próximo à um dos cartazes, e que ele mudou de lugar. Depois disso, as pessoas começaram a dizer que foi por conta do cartaz e dos gabirus”, completa.
Cartaz em poste na Agamenon Magalhães (Foto: Reprodução / Facebook)
Cartaz em poste na Agamenon Magalhães (Foto: Reprodução / Facebook)
Ao todo, cerca de 20 cartazes foram espalhados pela cidade, mas ela ainda pretende dar continuidade ao trabalho. “O ponto principal é a Agamenon, por ser onde transito diariamente. Um cartaz foi colocado em Olinda também, mas eu tenho outros comigo. Pretendo espalhar mais no período de Carnaval”, revela.
Camila também participou de outras intervenções na cidade, através do coletivo Dale. No final do ano passado, acompanhada da também mineira Carol Merlo, ela protagonizou a inserção das palavras “ventre” e “verbo”, com letras feitas em barro, pesando cerca de 20 kg cada, no manguezal no entorno do rio Capibaribe, em homenagem à obra de João Cabral de Melo Neto.
As peças foram feitas em barro (Fotos: Zaca Oliveira)
As peças foram feitas em barro (Fotos: Zaca Oliveira)
(Blog Social 1)

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