14/02/2014 08h58
No próximo mês de abril se completarão 23 anos sem Gonzaguinha. Morto em um desses acidentes de carro que nos fazem questionar a fragilidade da vida humana, o cantor e compositor deixou uma obra tão marcante e atual que nunca é demais “cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”.
Pois nesta sexta, 14, a noite será dedicada ao samba no Tendencies Music Bar, em Palmas, a partir das 22 horas. O Tributo a Gonzaguinha será liderado pelo cantor Dairo Santos e grupo Vassuncê, além de convidados que vão cantar muitos sucessos deste artista que deixou saudade.
Os ingressos estão à venda na loja Culturação, ao lado do Tendencies, e na loja Overend, no Palmas Shopping. O primeiro lote vale R$ 15,00.
Nascido em Brasília, Dairo Santos é compositor, músico, diretor e autor teatral. Foi vencedor do 3° Festival Sesi de Música no Tocatins em 2009, 1° lugar em 2010, e 2°lugar em 2011.
Com Junior no violão, Marcelo Ramos no pandeiro, Nilson Adriano na flauta, Eduardo no cavaquinho, Vinicius no tantan e Wil no surdo, o grupo Vassuncê é sucesso nas noites da Capital há mais de quatro anos, misturando estilos musicais, mas sempre com “um pé” no melhor do samba nacional.
Gonzaguinha
Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio de Janeiro, filho do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e de Odaléia Guedes dos Santos, também cantora que morreu com apenas 22 anos, de tuberculose, deixando o filho com apenas dois anos. Cresceu sob os cuidados dos padrinhos, já que o pai estava sempre viajando. Uma ausência que marcaria o garoto por toda sua vida.
Foi com o padrinho Xavier que aprendeu a tocar violão, somente observando. A primeira composição, Lembranças da Primavera, viria aos 14 anos. E foi somente aos 16 que foi morar com o pai, em Cocotá.
Os desentendimentos com a madrasta, Helena, acabaram por afastar novamente pai e filho, que foi enviado a um colégio interno. Depois ingressou na faculdade de Economia no Rio, tornando-se cada vez mais politizado. Frequentava rodas de violão com Ivan Lins, Aldir Blanc, Paulo Emílio, entre outros. Tornou-se conhecido por seu comportamento agressivo, sendo chamado por um jornalista de “cantor rancor”.
Para completar o quadro, vale lembrar que o auge da produção de Gonzaguinha ocorreu em pela ditadura militar. Em 1973, participou do programa Flávio Cavalcante apresentando a música Comportamento Geral, com uma letra que apavorou os jurados: “Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te deixam dizer por se homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado", dizia a letra provocativa.
Apesar - ou exatamente por conta de uma advertência recebida pela censura - teve seu compacto esgotado nas lojas em poucos dias. Cronista de seu tempo, para gravar 18 canções, Gonzaguinha submeteu 72 composições à censura e teve 54 delas vetadas, por seu conteúdo “subversivo”.
Em 1975, dispensou seus empresários e voltou para a casa do pai, para tratar de uma tuberculose. Foram meses refletindo sobre si mesmo e a necessidade de voltar aos palcos, agora com mais espontaneidade. No mesmo ano fez uma turnê pelo país e no seguinte lançou o LP Começaria tudo outra vez.
A partir daí, sua carreira tomou novo rumo, com uma coleção de sucessos distribuídos por 20 discos e 14 coletâneas.
Enquanto isso, a vida pessoal também tomada seu rumo. Teve duas filhas, Amora, de seu relacionamento com a “frenética” Sandra Pêra, e Mariana, do casamento com Louise Margarete Martins, a Lelete. Com o pai, o fim da amargura do passado foi celebrado com a turnê Vida de Viajante, que durou quase um ano.
E se alguém pôs em dúvida a paternidade de Gonzagão, devido à falta de semelhança física, é necessário enfatizar o gênio criativo que os unia – afinal, são dois grandes cronistas suas épocas, um tratando da vida e dos sentimentos do nordestino, o outro revelando as angústias e descobertas de um país em ebulição política e social.
Tanta criatividade foi interrompida na manhã de 29 de abril de 1991, em uma estrada no Paraná, quando o Monza dirigido por Gonzaguinha bateu de frente com um caminhão.
(Portal Stylo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários geram responsabilidade. Portanto, não ofenda, difame ou dscrimine. Gratos pela contribuição.