21 de junho de 2014 | 10:39 Autor: Miguel do Rosário

Benjamin Franklin, famoso pensador político norte-americano, cunhou uma frase célebre: 

Neste mundo nada é certo, com exceção da morte e dos impostos. 

A frase também vale para a Fifa. 

Com a venda de ingressos esgotada para quase todos os jogos da Copa, imagino que valha a pena insistir num ponto no qual ainda persiste certa desinformação. 

A receita gerada pela venda dos ingressos não é isenta de impostos. 

As isenções fiscais permitidas pela Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, decretada pelo Congresso Nacional, que valem para Fifa e seus associados, referem-se à importação de material e equipamentos esportivos usados nos jogos, além de todos os serviços relativos à organização (contratação, hospedagem e despesas com árbitros, por exemplo). 

Entretanto, a venda de ingressos não entra nessa conta. Isso está bem claro na lei, nos seguintes capítulos. 

§ 3º A isenção de que tratam as alíneas b e c do inciso II do caput não alcança as receitas da venda de ingressos e de pacotes de hospedagem, observado o disposto no art. 16. 

§ 3º A isenção de que tratam as alíneas b e c do inciso II do caput: 

I – não alcança as receitas da venda de ingressos e de pacotes de hospedagem, observado o disposto no art. 16; 

A própria Fifa já deixou bem claro, em nota publicada em seu site, que pagará os impostos referentes à venda de ingressos: 

A isenção final dada pelo país-sede à FIFA, no final das contas, nunca é geral e irrestrita. Como exemplo podemos mencionar a cobrança de impostos sobre as vendas de ingressos no Brasil. 

Há algumas semanas, circulou uma estimativa de que a Fifa e as empresas investidoras na Copa deverão pagar R$ 16 bilhões em impostos ao Brasil. Uma parte disso será com a venda de ingressos. A informação tinha origem na própria Fifa, que também observou que esses impostos superam o total investido, com financiamento público e privado, na construção dos estádios. Ainda esperamos informação atualizada do governo brasileiro referente a esse valor. 

Um estudo da Ernst & Young, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, estima que a receita agregada à economia brasileira, de 2010 a 2014, com a realização da Copa, deve ficar em mais de R$ 142 bilhões. 

Já circulam algumas estimativas do que a Copa poderá acrescentar à economia nos próximos anos. Em turismo, a estimativa da FGV para o aumento da chegada de turistas internacionais, ao longo dos próximos anos, é esta:


Outras curiosidades

A Fifa reserva um ingresso “popular” nos estádios, disponível apenas para brasileiros. É a categoria 4, para a qual se disponibilizou 400 mil ingressos, a preços de até R$ 30 na primeira fase dos jogos (ver tabela no início do post).

Entretanto, como se poderá ver nos gráficos abaixo, o espaço “popular” ocupa uma área relativamente pequena dos estádios, e esses 400 mil ficam “abafados” pelos mais de 3 milhões de ingressos vendidos.

Mais informações sobre os ingressos na Copa, que eu retirei do site da Fifa e do Ministério do Esporte:

Lista dos países que mais compraram ingressos para o Mundial.

1. Brasil – 1.395.886 ingressos
2. Estados Unidos – 198.208
3. Argentina – 61.477
4. Alemanha – 58.983
5. Inglaterra – 58.105
6. Colômbia – 55.497
7. Austrália – 52.313
8. Chile – 39.458
9. França – 35.052
10. México – 34.353
11. Canadá – 29.522
12. Japão – 22.759
13. Suíça – 17.815
14. Holanda – 16.037
15. Uruguai – 15.893
16. Espanha – 13.677
17. Israel – 11.937
18. Equador – 11.626
19. Rússia – 10.762
20. Itália – 10.064

Perfil dos ingressos, por tipo:


Capacidade de público de cada estádio.


Divisão dos tipos de ingressos, no estádio padrão da Copa:


PS: Corrigi a citação inicial e peço desculpas. Chamei o grande Benjamin de francês, quando ele nasceu em Boston, EUA, e sempre viveu por lá. Acho que o confundi com um “sósia” francês.

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Comentários(6 Responses)

MacCain disse:

Meus amigos a revista Caros Amigos trás o especial 10 anos sem Brizola……….Sensacional, fotos inéditas, entrevistas e reportagens maravilhosas! Vamos comprar!
José Ademar disse:

Eu espero que os ingleses,australianos e canadenses não vá embora agora e que fiquem pelo menos até o fim da Copa.
karnak disse:

Parabéns ao blog.

Uma aula de jornalismo neste post.

O mesmo vale para suas postagens sobre a Petrobras que usei como parâmetro para decisões pessoais, o que me faz sugerir um observação quanto a suas colocações sobre o valor das acoes desta cia. subirem quando os institutos de pesquisa anunciam queda nas intenções de votos da Dilma.

Elas sofrem flutuações mas desde marco a tendencia eh de alta: você mesmo explicou o porque.

Grato por me fazerem ganhar um( pouco ) dinheirinho. ;o)
walter p de sousa disse:

Mais uma vergonha para a mídia brasileira. A copa acaba de vez com a credibilidade do jornalismo brasileiro.
Eduardo disse:

Caiu a última mentira sobre a copa, sobre a isenção fiscal a FIFA, que alguns diziam ser uma isenção total!

agora… LEIAM ISSO:
Estou nesse momento assistindo ao jogo Argentina X Irão na Band, o narrador falou: “Essa é a copa do Brasil, a nossa copa, A COPA DAS COPAS”
JURO que ele falou isso!!!!
Acho que tô ficando louco, isso foi dito ao vivo na Band!!!

Antonio - SC disse:

Fernando e Miguel, muito obrigado por este post esclarecedor. Estava ansioso por estas informações. Os fdp da direita já começaram a circular a “barbaridade da isenção dos impostos a FIFA”.

Vamos divulgar