15 fevereiro 2014

Policiais serão treinados para não reagir a provocações em protestos

Corporação cria diretrizes para ação em manifestações: a principal é prender vândalos e quem puser a vida de terceiros em risco

ANA CLÁUDIA COSTA (
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RAFAEL NASCIMENTO (
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Manifestação em frente ao Ministério Público no Centro em julho do ano passado
Foto: Pedro Kirilos (31/07/2013) / Agência O Globo
Manifestação em frente ao Ministério Público no Centro em julho do ano passado Pedro Kirilos (31/07/2013) / Agência O Globo
RIO — Policiais militares do Batalhão de Policiamento de Grandes Eventos (BPGE) vão passar por um curso para aprender a não responder a provocações durante protestos. A reação de um PM a um xingamento, muitas vezes, é o estopim de confrontos nas manifestações. A ideia do treinamento, segundo o comandante do 1º Comando de Patrulhamento de Área (CPA), coronel Rogério Leitão, surgiu após uma reunião com comandantes de corporações dos estados onde haverá jogos da Copa do Mundo.
— As provocações aos policiais acontecem de maneira arquitetada para que eles reajam, saiam da linha e comecem os conflitos. Não vamos mais entrar nesse jogo — disse o coronel Leitão.
Diante das propostas de endurecimento das leis, a PM decidiu criar um protocolo de ações que deve se adotado por todos os PMs em protestos. A principal diretriz do comando geral da corporação é prender o ativista que estiver depredando o patrimônio público ou colocando em risco a vida de terceiros.
— Levamos essas pessoas à delegacia, e depois quem vai decidir é a Justiça — disse o coronel Leitão.
O condicionamento físico dos policiais do BPGE também está sendo trabalhado. Eles estão passando por um treinamento de resistência para acompanhar os manifestantes, que costumam sair correndo em diferentes direções para cometer atos de vandalismo. Esses PMs também estão sendo orientados a revistar mochilas de manifestantes, em busca de fogos, explosivos, facas, pedras ou qualquer outro objeto que possa causar danos.
Uma outra estratégia para PMs treinarem como lidar com manifestantes, segundo o coronel, é a realização de palestras com os comandantes que passam as diretrizes para a tropa.
O Batalhão de Choque — tropa que tem 1.100 homens treinados para atuar em conflitos — também vai mudar a maneira de atuar. Segundo o coronel Rogério Leitão, um grupo de motociclistas da unidade vai ficar agora à frente das manifestações. O batalhão, que antes ficava apenas com a missão de dispersar os manifestantes, também vai prender suspeitos. Os policiais do Choque têm cursos específicos para controle de distúrbios civis e atuação em manifestações. Todas essas técnicas também estão sendo passadas para os 600 policiais do BPGE.
O coronel Leitão disse ainda que policiais têm feito cursos promovidos por meio de convênios com o Ministério da Justiça e em parceria com as embaixadas da Espanha, da Alemanha e dos Estados Unidos. O grupo já realizou treinamento para controle de incidentes, uso progressivo da força, gerenciamento de crises, controle de distúrbios civis, policiamento de massas e análise de riscos. Os exercícios, que também incluem técnicas de imobilização, condução de detidos e negociação, segundo o coronel Rogério Leitão, são semanais.
— O Batalhão de Choque também está passando por treinamentos e agora tem a orientação de prender quem estiver fazendo arruaça nas manifestações violentas — informou o coronel.
A mudança na estratégia de atuação da polícia, segundo o oficial, pôde ser percebida no ano passado, quando, para desocupar a Câmara dos Vereadores, todo o Palácio Pedro Ernesto foi cercado e ativistas radicais foram presos. De acordo com estatísticas e levantamento feito pela PM, desde que as manifestações começaram em junho do ano passado, 56 PMs ficaram feridos, 103 pessoas foram detidas e 304 foram presas e levadas para a delegacia. A PM não divulgou o número de civis feridos nas manifestações. As secretarias municipal de Saúde e de Segurança também não têm estatísticas sobre vítimas em protestos.


































































































(O Globo)

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