30 de maio de 2014 - 8h55 - Portal Vermlho
Na Colômbia, o partido União Patriótica e o movimento político e social Marcha Patriótica anunciaram, nesta quinta-feira (28), que vão respaldar a reeleição do presidente Juan Manuel Santos, em prol da continuidade do processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP). Entretanto, outra força de esquerda, o partido do Polo Democrático Alternativo (PDA) descartou nesta sexta (30) a possibilidade de apoio a Santos no segundo turno das eleições.
El Espectador
Eleição na Colômbia define rumo do processo de paz com as Farc.
Santos concorre à reeleição pelo Partido Social de Unidade Nacional, que obteve pouco mais de 13 milhões de votos nas eleições de 2010. A divisão da esquerda colombiana sobre o respaldo ao presidente, no segundo turno das eleições, coloca em foco o processo diplomático com as Farc, já em estágio avançado desde que foi lançado, no final de 2012.
A retomada das negociações aconteceu após 10 anos do vácuo diplomático representado pelo governo de Álvaro Uribe (2002-2010), que manteve a Colômbia refém de políticas militaristas e opressivas enquanto negava qualquer diálogo com as guerrilhas e promovia a sua perseguição sistemática e brutal. Trata-se da quarta vez em 30 anos que a tentativa de solução do conflito armado é lançada, mas o avanço na mesa de diálogo atual tem sido amplamente saudado por diversos observadores internacionais.
Neste sentido, a presidenta da União Patriótica, Aida Avella, expressou que uma das principais razões fundamentando a decisão do seu partido é exatamente o apoio àquele que abriu as conversações com a guerrilha em busca de uma solução política ao conflito, que perdura por mais de 50 anos. “Nós não somos amigos da guerra, somos amigos da paz (...). Acompanharemos Santos apenas no que concerne a paz. No resto, seguiremos nos considerando oposição”, sublinhou Aida.
No PDA, entretanto, também não há unanimidade sobre a decisão de não apoiar a reeleição do presidente. A presidenta do partido, Clara López, ao anunciar a posição, ressalvou que cada militante “deverá decidir por quem votar, em branco ou abstenção. É da autonomia de cada eleitor, na compreensão de que o Polo é e será opositor ao programa dos candidatos que estão concorrendo”, Santos e Oscar Iván Zuluaga, do Centro Democrático.
Ainda assim, o PDA defende “uma paz estável e duradoura, assentada sobre a democracia, a justiça social e os direitos dos colombianos e colombianas” e também a “exigência da negociação do conflito interno armado com a insurgência, a presença das vítimas [nos diálogos] e um cessar-fogo que evite mais derramamento de sangue no país”. Clara López foi candidata presidencial e ficou em quarto lugar no primeiro turno das eleições, no domingo (25), com cerca de dois milhões de votos (15,3%).
Nesta quinta (29), o parlamentar pelo PDA, Iván Cepeda, instou o seu partido a tomar uma decisão responsável ao definir sua posição para o segundo turno das presidenciais de 15 de junho. “O Polo deve ter presente o perigo que correm os diálogos de paz do governo e da guerrilha das Farc-EP instalados em Havana”, disse Cepeda, em referência à sede da mesa de negociações, em Cuba.
Cepeda afirmou que, pessoalmente, decidiu apoiar as conversações iniciadas durante o governo de Santos. “Não sou santista, mas apoio o processo de paz”, enfatizou. O parlamentar redobrou suas críticas contra a postura do candidato do Centro Democrático, Zuluaga, cujo eventual governo significaria a reencarnação do mandato de Uribe.
A posição de Zuluaga será a de “tombar o proceso de paz, como já afirmou”, pontuou Cepeda. “Isso custaria um alto número de vidas, não quero um país militarizado, mas um país democrático, não podemos permitir um novo inferno para a Colômbia”, enfatizou.
Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações da Prensa Latina e outras agências
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