26 maio 2014

ARTIGO – DA OPERAÇÃO “LAVA JATO” AO “LEGADO DA COPA”

25 de Maio / 2014 às 23:00 - De: Blog do Geraldo José

O país está em transe total diante dos últimos acontecimentos envolvendo os prisioneiros da “Operação Lava Jato”, beneficiados que foram por uma decisão esdrúxula e contestável do Supremo Tribunal Federal, assumida pelo Ministro Relator Teori Zavaski. Para a compreensão do leitor, simplesmente ele resolveu colocar em liberdade onze presos envolvidos com os escândalos de desvios de dinheiro da nossa mais importante estatal, a PETROBRÁS. Pretendendo preservar os dois deputados que tinham o beneplácito do foro especial – André Vargas e Luis Argolo – no que a sua decisão seria inquestionável, estendeu o benefício aos outros onze indiciados que não tinham esse direito, o que evidenciou certo excesso de zelo.

A sociedade quedou incrédula, sem entender como é possível a Polícia Federal recolher à prisão tantos usurpadores do dinheiro público, enquanto um magistrado do mais alto Poder Judiciário da República coloca-os em liberdade usando de argumentos no mínimo precipitados e sem a visão do alcance inconsequente do seu despacho! Sim, porque bastaram os argumentos lógicos e contestatórios do Juiz Federal do Paraná, Sérgio Moro, que alegou “risco de fuga para o exterior, se presos do Lava Jato forem soltos”, e o Ministro logo voltou atrás em sua decisão, ainda justificando “que manteve as prisões para evitar decisões precipitadas”(!). Mas, pasmem, o principal envolvido, o Diretor de Abastecimento e Refino da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, está em liberdade, como se para honrar a decisão do Ministro Zavaski! Fica a pergunta: por que este preso foi liberado e os demais não? Qual a razão do privilégio e regalia, se não tem foro especial? Será para justificar o comentário popular que já se tornou corrente no país de que “a polícia prende e a justiça solta”?.

Por uma questão de princípio sempre tive por hábito respeitar os poderes constituídos da Nação, principalmente uma extrema e quase inabalável confiança na competência daqueles que atingiram o mais alto grau da magistratura federal – Supremo Tribunal Federal – no óbvio entendimento de que até lá só chegam os juízes detentores de elevado saber jurídico, moral ilibada e conduta inatingível, além de imunes às influências negativas do poder político ou econômico. A sociedade está com a sua paciência e capacidade de acreditar nas coisas superando todos os limites. No mesmo instante em que fica empolgada, sorridente e aplaudindo as ações eficientes da Polícia Federal, que a essa operação atribuiu o sugestivo título de “Lava Jato”, o que traduz o sentido de limpeza com rapidez, logo é surpreendida pelo absurdo dessa soltura sem conclusão do inquérito. Nunca foi tão verdadeira a frase corrente: “Cadeia no Brasil é para pobre. Bandidos de Colarinho branco estão livres, leves e soltos”!

Menos pelo que possa representar de efeitos positivos ou negativos o fato dos envolvidos no processo permanecerem presos ou em liberdade, o episódio tem o poder de ressaltar preocupações de maior impacto na estrutura de nossa sociedade, principalmente por promover alterações no campo da emoção, da confiança, da esperança e da credulidade nas instituições. É impressionante o estágio de impunidade conquistado pela criminalidade, com particularidade no segmento dos crimes praticados pelos que se acercam do poder como aves de rapina, os quais não só se especializaram em descobrir os segredos que abrem os cofres públicos, como, também, parecem ter feito Mestrado na arte de se livrarem das penas da lei.

Como se não bastassem todos esses fatos que compõem o universo de escândalos morais, políticos, financeiros e econômicos que deprimem a nação brasileira, estamos diante de um componente histórico de rara e inusitada característica: a simbiose entre a alegria da Copa no Brasil e a enorme tristeza do nosso país está sendo o alvo do deboche diário em toda a imprensa mundial, face aos escândalos e improvisações! Não tendo argumentos lógicos para explicar tantos absurdos que vêm sendo cometidos na construção dos estádios e reformas de aeroportos, a inteligência estatal criou um jargão oficial e que hoje integra o discurso oficial da própria presidente: O LEGADO DA COPA!...

Com essa sagaz descoberta tenta-se transmitir consolo e convencimento ao povo que reclama da falta de boa saúde, boa educação, boa segurança e bom transporte. Sim, faltam Hospitais, Escolas, Segurança e Transporte, mas que o povo não esqueça que a Copa deixará um bom legado de grandes Estádios... talvez alguns elefantes brancos!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários geram responsabilidade. Portanto, não ofenda, difame ou dscrimine. Gratos pela contribuição.