09/03/2015 06:58:53 - De Mouranet (Reprodução)
Pelo menos 20 dos políticos que serão alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na Operação Lava Jato receberam, em 2014, doações eleitorais registradas de empreiteiras acusadas de formar um cartel para superfaturar obras da Petrobras. Foram quase R$ 14 milhões, distribuídos a candidatos a governador, senador e deputado federal.
Das
16 empresas que, segundo as investigações da Polícia Federal teriam
participação no cartel, sete fizeram contribuições diretas às campanhas
de políticos envolvidos no escândalo.
A lista de contemplados com doações pode
aumentar, já que governadores eleitos também serão alvo de pedidos de
abertura de inquérito - seus casos serão analisados pelo Superior
Tribunal de Justiça. A relação tampouco desvenda todas as apostas
eleitorais das empreiteiras.
O levantamento do Estadão Dados se
limita à disputa de 2014 porque, antes disso, as empresas podiam fazer
as chamadas doações ocultas, nas quais era impossível rastrear as
conexões entre financiadores e financiados. Alguns dos investigados -
entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) -, foram
eleitos em 2010 e não concorreram na disputa do ano passado.
O ranking de contribuições em 2014 é
encabeçado por três candidatos a governador, cujas campanhas são mais
caras - além disso, se eleitos, eles têm poder de decisão sobre a
alocação de recursos para obras, tema de interesse direto das
empreiteiras. Os primeiros da lista são os senadores Lindbergh Farias
(PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Benedito de Lira (PP-AL), que
concorreram aos governos do Rio de Janeiro, do Paraná e de Alagoas,
respectivamente. Nenhum deles foi eleito em 2014. Todos voltaram,
portanto, aos seus mandatos no Senado.
Os outros postos são ocupados por 17
deputados e senadores investigados e contemplados por doações do cartel.
Nesse bloco, o PP se destaca: 12 dos parlamentares (70,6% do total) são
filiados ao partido. Os demais nomes são do PT (3), do SD (1) e do PSDB
(1).
Quando o que se observa não é o volume
das contribuições, mas o número de financiadores, o primeiro colocado é o
senador tucano Antonio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais. Ele
recebeu doações de cinco das empreiteiras acusadas de formar o cartel da
Petrobrás.
Três das empreiteiras da lista são
responsáveis por dois terços das doações eleitorais aos políticos agora
investigados: UTC Engenharia, Construtora Queiroz Galvão e Galvão
Engenharia, nessa ordem. As duas primeiras fizeram, cada uma, doação de
valor idêntico à campanha do petista Lindbergh Farias: R$ 1,425 milhão.
As doações da Queiroz Galvão foram as mais abrangentes: chegaram a 10
dos 20 políticos da lista do Supremo. A seguir aparecem OAS e UTC, com
oito e sete financiados, respectivamente.
O ministro do Supremo Teori Zavascki
determinou na sexta-feira a abertura de investigação criminal sobre 50
pessoas, entre elas 22 deputados federais, 12 senadores e o
vice-governador da Bahia João Leão (PP). Estão na lista cinco
ex-ministros do governo Dilma Rousseff (Aguinaldo Ribeiro, Mário
Negromonte, Edison Lobão, Gleisi Hoffmann e Antonio Palocci).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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