Em 30 de março de 2015 - De Folha do Bico (Reprodução)
A educação pública do Pará está no fundo do poço – escolas caindo aos pedaços, alunos despejados por falta de pagamento de aluguel de prédio, insegurança e alagamento dentro das salas de aula, desvalorização salarial de trabalhadores, retroativo na gaveta -, mas o governador Simão Jatene e seu secretário, Helenilson Pontes, não perdem a pose, nem a intransigência.
Os discursos, cansativos, são os mesmos do primeiro mandato: não há verbas, os repasses federais são escassos e é preciso cooperação dos grevistas, mesmo sob o sacrifício de precárias condições de trabalho.
Como as desculpas não convencem, o governador e seu secretário de Educação decidiram partir para o jogo pesado, determinando a diretores dos núcleos regionais que façam a lista de professores faltosos, que participam da greve, para que tenham o ponto cortado e sofram desconto nos vencimentos.
No caso dos temporários que apoiam a greve, a ordem é colocá-los no olho da rua. “Pois a greve está mais forte do que nunca. Já temos 88 municípios paralisados, com o detalhe de que todas as escolas das maiores e médias cidades do Estado estão sem funcionar”, declarou ao Diário, no começo da noite de sexta-feira, a assessora da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), Geisy Dias.
Até quinta-feira eram 86 municípios paralisados, mas já na sexta-feira aderiram ao movimento os municípios de São Domingos do Araguaia, no sudeste, e Belterra, na região oeste. É a paralisação mais forte em toda a história do Sintepp, em seus 31 anos de existência.
Ela disse que a categoria rejeitou a proposta do governo, porque, além de não contemplar as reivindicações apresentadas, ainda ameaça direitos conquistados.
“Estão fazendo assédio moral, como ocorre na regional do Marajó, onde o secretário Helenilson Pontes determinou que sejam afixadas nas escolas a lista dos professores que não comparecerem às salas de aula, para corte do ponto”, denunciou a assessora, classificando de “terrorista” a atitude do governo.
Até o próximo dia 9, segundo Geisy Dias, não há a menor possibilidade de a greve ser debatida e encerrada, até porque os professores e demais trabalhadores da educação estão muito descontentes com as atitudes tomadas pela dupla Jatene/Helenilson, que têm feito ameaças seguidas e tentativas de intimidação contra os grevistas.
Qualquer avaliação sobre o retorno às aulas teria de ser feita em assembleia-geral, como ocorreu durante a deflagração do movimento.
Uma coisa que o governo não quer entender, diz o Sintepp, é que a greve não é centralizada apenas no pagamento do piso salarial. Existem 30 pontos da pauta em negociação, mas somente no dia 16 de março foi que Helenilson Pontes decidiu receber o Sintepp para conversar, embora a pauta de reivindicações a ele tivesse sido apresentada desde o dia 6 de janeiro. Uma demora de três meses, o que prova o descaso do secretário para os problemas da educação.
Helenilson ganhou a antipatia dos grevistas ao propor 150 horas de efetiva regência, o que afetará diretamente a remuneração dos servidores.
Diante disso, não haverá como manter os professores nas salas de aula, mesmo porque, ao retornar à escola, as turmas estariam montadas, mas o professor não pode dar aula por orientação da Seduc.
Para piorar, ela encaminha documentos assinados por diretores de unidades regionais para que sejam remetidas à Seduc as faltas de quem aderiu à greve e, no caso dos temporários, para encaminhar as demissões. O Sintepp informou que já está acionando seus advogados para reagir contra esse tipo de assédio moral.
De acordo com o coordenador metropolitano do sindicato, Abel Ribeiro, o governo diz que pagará o piso salarial em abril, mas se cala sobre o retroativo.
“Querem reduzir a carga horária junto com o salário, dizendo que há professores que não comparecem às aulas e que precisam pagar aulas suplementares. Na verdade, caso tivesse havido concurso público isso não estaria acontecendo”, afirma Ribeiro. (Diário do Pará)
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