27 dezembro 2013

Índios xerentes pedem que MP investigue atuação da Polícia Militar

27/12/2013 12h21 - Atualizado em 27/12/2013 12h21

Cacique disse que os indígenas podem usar armas na área da aldeia.

Policiais entraram em confronto com indígenas após denúncias de roubos.

Jesana de Jesus
Do G1 TO

Armas encontradas com os indígenas durante desentendimento (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Armas encontradas com os indígenas durante
desentendimento com a polícia
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
O cacique Márcio Xerente, da aldeia Vão Grande, localizada em Tocantínia, centro do estado, entrou com uma representação junto ao Ministério Público Federal contra a Polícia Militar, nesta quinta-feira (27). Ele e a comunidade xerente questionam a atuação da polícia no confronto que aconteceu na última terça-feira (24) na rodovia TO-010, trecho que liga Tocantínia a Pedro Afonso. Durante o desentendimento, um indígena foi baleado e dois policiais ficaram feridos. Segundo o comandante da 6ª Companhia Independente da Polícia Militar em Miracema do Tocantins, coronel Márcio Bandeira, os militares foram até o local verificar uma denúncia de que indígenas estavam roubando os motoristas que trafegavam pelo trecho.
"Não houve roubo. O indígena sabe que não pode fazer isso dentro da própria aldeia", argumentou o cacique. Ele conversou com os indígenas que estavam no local e eles deram uma versão diferente da apresentada pelos policiais. "Cinco indígenas estavam na estrada pedindo carona. Um motorista recusou a ajudar e os indígenas pegaram um pedaço de pau para reduzir a velocidade dos carros", explicou. Ainda segundo Márcio, os policiais que chegaram atirando.
Márcio disse ainda que um indígena, vendo que o irmão havia sido baleado, pegou um facão que estava escondido no mato e feriu o policial. O cacique argumentou que os indígenas têm liberdade de andar com armas dentro do território deles. "No momento, em que os policiais chegaram, os xerentes não estavam com armas, eles haviam deixado o facão e a espingarda junto com uma moto, a 50 metros do local".
Segundo o cacique, a PM não pode entrar no território indígena sem a permissão da Polícia Federal. "Quem mandou a PM entrar na área indígena? Nós queremos que a corregedoria da corporação investigue o que aconteceu".
 

Menor indígena é apreendido suspeito de roubar motoristas em rodovia do Tocantins (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Um indígena foi apreendido suspeito de roubar
motoristas em rodovia do Tocantins
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Indígena baleado
Nesta quarta-feira (26) o indígena Kelcimar Wavapa Marinho Xerente, de 18 anos, deixou o Hospital Geral de Palmas. Ele estava internado depois de ter sido baleado durante o confronto. O jovem foi encaminhado para a cadeia de Lajeado. "Nós fizemos um pedido para o Ministério Público Federal e a Funai para resgatarem o rapaz. Ele está machucado e nós não podemos deixá-lo lá", finalizou o cacique.

Funai
Segundo a coordenadora substituta da Funai, em Palmas, Meiriam Monteiro, o órgão pediu a intervenção da Defensoria Pública. Ela falou ainda que dois servidores da fundação foram até Lajeado para visitar e ouvir o indígena baleado. "Nós estamos acompanhando o caso".

Meiriam disse ainda que a Polícia Militar deveria ter pedido o acompanhamento da Funai. "Nós temos uma diretoria do órgão na região, o certo seria que os policiais tivessem pedido apoio do órgão para evitar o conflito", disse. Ela afirmou ainda que os indígenas têm liberdade de usar armas dentro do território deles. "É território deles, eles têm as suas regras".
 

Confronto entre indígenas e policiais aconteceu no trecho da rodovia estadual, que liga Tocantínia a Pedro Afonso (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Confronto entre indígenas e policiais aconteceu no
trecho da rodovia estadual, que liga Tocantínia a
Pedro Afonso (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Versão policial
Na última terça-feira (24) a polícia foi até a rodovia verificar a denúncia de que os indígenas estavam roubando os motoristas. Segundo o coronel Márcio Bandeira, a denúncia foi constatada. "Não era uma revista. Em um caso eles pediram a carteira mesmo. Não aceitavam notas de R$ 10 ou R$ 20". Segundo o coronel, dois indígenas estavam armados, um com um facão e o outro com uma espingarda.

Quando a polícia chegou ao local, alguns indígenas fugiram. Apenas três ficaram. Segundo o coronel, no momento em que um policial foi revistar um indígena, eles agrediram os policiais. Para revidar, um atirou na perna do indígena que estava armado. Ele se rendeu e entregou a arma.
O delegado Rodrigo Santili disse que a Polícia Civil apreendeu um facão, uma espingarda e R$ 60. As pessoas que se dizem vítimas do roubo vão ser intimadas e devem ser ouvidas na próxima semana.
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários geram responsabilidade. Portanto, não ofenda, difame ou dscrimine. Gratos pela contribuição.