Marina Silva se filiou ao PSB e deverá ser candidata a vice em chapa encabeçada por Eduardo Campos. Mas a ex-verde, em entrevista realizada este ano, colocou o seu mais novo aliado no mesmo barco de Dilma e Aécio
Marina Silva e Eduardo Campos, recém-aliados, devem dividir palanque em 2014. Meses atrás, no entanto, ex-senadora disse que Campos era igual a Aécio e Dilma (Foto: Divulgação)
Marina Silva não conseguiu viabilizar a criação do partido Rede Sustentabilidade. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alegou insuficiência de assinaturas e negou, por seis votos a um, o registro ao REDE.
Correndo contra o tempo para decidir o seu futuro político, Marina anunciou no último sábado filiação ao PSB de Eduardo Campos, atual governador de Pernambuco e possível candidato da legenda à Presidência da República.
A ex-senadora já chegou a afirmar que a necessidade do surgimento do REDE se dava em razão de não haver, no sistema político-partidário brasileiro atual, nenhuma agremiação política decente. Não por acaso sua filiação ao partido de Campos tenha surpreendido a todos.
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Em entrevista realizada em março de 2013 pelo jornal O Estado de S.Paulo, Marina nivelou por baixo todos os principais presidenciáveis. “Dilma, Aécio e Campos estão no mesmo diapasão”, afirmou.
A decisão pelo ingresso no PSB tem geradopolêmica entre os próprios partidários e fundadores do REDE e, certamente, ainda provocará confusão na cabeça do “eleitor apolítico e apartidário”, perfil simpático à Marina, que não aceitará facilmente tamanha discrepância entre teoria e prática.
Confira trechos da entrevista de Marina ao Estadão:
Estamos em março de 2013, mas em plena campanha por 2014. Por quê?
Esse era o momento do intervalo para os partidos, em debate com a sociedade. A gente pode fazer a competição pelo caminho de cima, partir do patamar do ganho da estabilidade econômica, que foi a contribuição do Fernando Henrique. Partir da contribuição do Lula, que foram os ganhos sociais, a estabilidade econômica com distribuição de renda. E criar a agenda estratégica a partir desses ganhos. Algumas pessoas ficam torcendo para que tenha mais desgraça, porque aí cada um vai ser o salvador da pátria. Eu não parto desse princípio. A gente tem uma referência ao Lula, ao Fernando Henrique, mas sinceramente ainda não tenho uma referência ao governo Dilma. Qual é o “delta mais” do governo da presidente Dilma?
O que acha do governo Dilma?
Do ponto de vista negativo é a inflação, sem dúvida. Há uma política de quase extrapolar os limites da meta de inflação e essa flexibilidade toda de manejar a política fiscal. Mas qual é o “delta mais” dessa agenda? Neste momento, é legítimo que a sociedade cobre: qual é mesmo o referencial do atual governo? Obviamente que ainda tem dois anos para dizê-lo, mas a antecipação da eleição leva para uma agenda do imediatismo que não nos dá o tempo para colocar termos de referência claros. Qual a diferença se for Aécio Neves, Eduardo Campos ou a Dilma? Tem diferença em relação ao modelo de desenvolvimento? Me parece que até agora todos estão no mesmo diapasão.
Aécio Neves, Eduardo Campos e Dilma se aproximam de sindicatos. E a Rede?
Prefiro pensar os sindicatos como categoria social, não como votos. Está havendo uma mudança nas forças que mobilizam o ato de fazer política. Estamos saindo do ativismo dirigido pelos partidos, sindicatos, ONGs, academia e pelas corporações, para um ativismo autoral, onde os ativistas não são dirigidos por ninguém, são os protagonistas. A prova desse ativismo autoral é que mais de 1,5 milhão de pessoas assinaram petição dizendo que não querem Renan Calheiros.
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