25 outubro 2013

ONGs de proteção aos animais sobrevivem entre doações pontuais e dívidas

Por Carolina Garcia - iG São Paulo | 24/10/2013 13:42

Ativistas voluntários falam sobre os maiores desafios da luta pela proteção animal. "Temos dívidas astronômicas"

As organizações de proteção aos animais no Brasil atuam em sua maioria na informalidade. A opinião é do Marcos Ciampi, fundador da ONG Arca Brasil, uma das maiores do País. Ao menos 200 grupos legalizados contam com diversas opções de captação financeira, segundo ele. E a avassaladora maioria que atua timidamente em diversas cidades? O iG conversou com associações que cuidam de cães e gatos abandonados e convivem com as dívidas e o descaso.


Nas redes sociais, o discurso é uníssono: a atuação das ONGs e a situação de abandono são ignoradas pelo poder público. O trabalho dos ativistas ganhou espaço na imprensa após o resgate de centenas de cães da raça beagle do Instituto Royal, na cidade de São Roque, interior de São Paulo. Diversos grupos se uniram para invadir o laboratório. Como consequência veio a comoção pública, fundamental para garantir a sobrevivência das associações, que precisam de doações e voluntários para manter as atividades.

Veja alguns dos animais que esperam por um novo dono: 




“No Brasil esse trabalho [de proteção] fica no sobressalto, não conseguimos dar uma estrutura de captação de recursos. Se a ONG é maior, pode contar com apoio de empresas, doações internacionais e convênios públicos. As pequenas usam a criatividade e promovem bingos, bazares e leilões. Vale tudo pelos animais”, explicou Ciampi. Para ele, a responsabilidade precisa ser dividida entre a sociedade e a administração pública. “O poder público não pode ser inteiramente condenado. Se ele agir no plano de prevenção e cumprimentos de leis já existentes, cabe à sociedade a posse responsável”.

Dívidas astronômicas, missão cumprida

Ao menos 400 mil cães e gatos não têm um lar de referência na cidade de São Paulo. Os animais que foram encontrados então divididos no Centro de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo e abrigos de ONGs, como a União Internacional Protetora dos Animais (Uipa), com sede na zona norte, que abriga 1.200 bichos.

Divulgação


Cláudia Demarchi, voluntária 24h do Clube dos Vira-Latas, com a cadela Fraldinha 

“O grupo nos custa R$ 200 mil por mês e todos os meses terminamos no vermelho. Temos uma dívida astronômica”, explicou a presidente Vanice Orlandi que ainda administra uma clínica veterinária. “Toda a renda vai para a Uipa." O tamanho da dívida da ONG é similar ao número de animais que aguardam uma vaga no abrigo da associação. “Se cada pessoa que se ofendesse com a violência animal doasse R$ 20, nossa situação seria outra."

A mesma dificuldade é encontrada pelo Clube dos Vira-Latas, associação com mais de 600 mil seguidores em sua página do Facebook, que é sustentada 90% por doações. Cláudia Demarchi, diretora-geral do grupo, disse que todos os meses “passam raspando”. “Aí que vem o jogo de cintura. Jogamos uma conta para o próximo mês e damos um jeito”, explicou. Atualmente, o Clube hospeda 500 animais, a maioria vítima de violência. “É um ciclo: resgatamos, castramos e doamos. E isso leva pelo menos três meses”. Segundo a voluntária, em 12 anos de ação mais de 7 mil animais passaram pela ONG.

Feirinhas de Adoções

Para abrir vagas e dar uma nova chance aos bichos resgatados, as organizações promovem as ferinhas de doações. E é aí que surge um dos maiores desafios: a adoção dos SRDs (sem raça definida), popularmente chamados de vira-latas.

Divulgação/Uipa

Feira de adoção da Uipa, na zona norte de SP 

“Com o caso do Instituto Royal, todos querem beagles. Fazer o bem não precisa de raça”, defendeu Cláudia. Ela contou ainda que sempre recebe ligações de interessados procurando cães da raça “labradô”, “yorki chalme” e “rótivaile”.

Neste sábado (26), pelo menos duas feiras serão realizadas na capital paulista, entre 10 e 16h. A da Uipa ficará montada ao lado do Shopping D, na Marginal Tietê, número 3.200. Já a do Clube Vira-Latas ocorrerá na rua Schilling, 51, na região da Vila Leopoldina. Todos os animais foram castrados, vermifugados e estão prontos para serem adotados.

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