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29/11/2013 às 06h30
Foto: Reprodução
De segunda a sexta-feira passamos pelo menos oito horas no trabalho, empregos que muitas vezes nos exigem ficar em posições desconfortáveis ou fazer movimentos que forçam a coluna com frequência. E, seja você uma secretária, motorista de ônibus ou dentista, essa postura inadequada diariamente traz uma consequência comum a essas profissões: a dor na coluna.
Oito a cada dez indivíduos sofrerão de dor nas costas em algum momento de suas vidas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). E mesmo o problema sendo muito comum, pouco se faz para preveni-lo. O médico neurocirurgião formado pela Unifesp Paulo Porto de Melo, explica que estas dores são resultado das sobrecargas direcionadas à coluna, aplicadas em todas as situações de nosso dia-a-dia, principalmente o trabalho, local onde, normalmente, permanecemos mais tempo durante o dia.
“Aliado a estas sobrecargas, também se encontram inúmeros fatores de risco que potencializam estas cargas, tornando a possibilidade de lesão nos tecidos da coluna ainda maiores. Por isso é extremamente importante entender o que fazer e, principalmente, o que não fazer após uma crise de dor, e como evitá-la”, diz.
A coluna, explica Melo, é uma estrutura muito complexa, formada por muitas articulações, ligamentos e músculos ricamente inervados e, consequentemente, passíveis de dor. Talvez, por possuir muitas estruturas inervadas, a real origem da dor torna-se difícil de achar. No entanto, se um indivíduo parar para analisar suas atividades cotidianas, o trabalho, na maioria das vezes, é um dos principais motivos que o faz forçar a coluna de maneira indevida e sentir as famosas dores nas costas.
No entanto, embora possam estar relacionadas a diversas enfermidades, as dores lombares surgem, principalmente, em indivíduos sem qualquer outra doença e, muitas vezes, são associadas ao estilo de vida de cada um, incluindo as atividades profissionais. “Quando estão associadas à profissão e pode-se estabelecer uma relação de causa e efeito entre o trabalho e a dor, são chamadas de lombalgias ocupacionais”, conta o médico.
Saiba quais profissionais têm a coluna mais prejudicada
A atividade profissional pode, muitas vezes, exigir longas horas seguidas em uma mesma posição, quase sempre inadequadas para a saúde da coluna. Essas posições podem levar à sobrecarga dos discos intervertebrais (discos da coluna) e de outras articulações da coluna, causando ou acelerando seu desgaste (conhecido como artrose da coluna ou espondiloartrose).
“Essa sobrecarga pode ser tolerada por longos anos, pela ação de mecanismos de adaptação da coluna e da musculatura que a envolve, mas chega o momento em que esses mecanismos cedem e as dores nas costas surgem”, esclarece o neurocirurgião.
Os vícios de postura e posturas mantidas por longo tempo são muito comuns em profissões que exigem a posição sentada (secretárias, digitadores, programadores, professores, etc.) ou até mesmo de pé (montadores, catadores, pintores, etc.). Saibam quais são os principais problemas na coluna que atingem algumas profissões:
Secretária/Recepcionista – Elas passam horas e horas sentadas em uma mesma posição. Com o cansaço, sentam-se esparramadas na cadeira, o que pode aumentar as cargas na coluna. Além disso, o salto alto, comum nessas profissões, também altera a curvatura da coluna, aumentando as cargas impostas a ela.
“O tratamento pode ser médico, com o uso de remédios analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares e etc, cirurgia ou fisioterapêutico (RPG, pilates, etc.). Saltos plataforma ou pequenos saltos também podem ajudar, mas não são a solução”, recomenda o neurocirurgião.
Dentista/Atletas/Operadores de Máquinas
Eles estão entre os mais atingidos pela hérnia de disco cervical por executarem suas tarefas com o tronco curvado para frente - postura que mais sobrecarrega os discos intervertebrais. No caso dos dentistas, o problema está na realização de esforços de flexão e rotação da coluna diversas vezes ao dia. “Nestes casos, a hérnia está localizada no nível da cervical e pode haver dor no pescoço, ombros, na escápula, braços ou no tórax, associada a uma diminuição da sensibilidade ou de fraqueza no braço ou nos dedos”, explica o médico.
Somente 10% dos casos de hérnia de disco precisam de cirurgia. Para os profissionais que já sofrem com problemas na coluna e não querem se submeter a uma cirurgia, o tratamento convencional tem apresentado bons resultados. Tratamentos com fisioterapia aliada a exercícios de fortalecimento dos músculos posturais podem ser eficazes, evitando a recidiva. Além disso, pode ser recomendado para esses pacientes o repouso e uso de analgésicos, anti-inflamatórios e anestésicos.
Motoristas de ônibus e caminhão/taxista – A condução de veículos por longos períodos e o transporte de cargas pesadas implica esforço para a coluna, pressionando o nervo ciático, e faz esses tipos de profissionais serem os mais afetados pela dor ciática, uma dor persistente que se inicia na região lombar, passa pelas nádegas e prolonga-se para as pernas e por vezes até ao pé. “Esta dor ocorre quando o nervo ciático está irritado por uma compressão externa, pelo deslocamento do disco intervertebral, pela hérnia de disco na coluna lombar ou por uma contratura do músculo piramidal”, esclarece.
Os males da dor ciática podem ser controlados com períodos de descanso e diminuição da atividade, seguidos de exercícios para melhorar a mobilidade e fortalecer as costas. Fisioterapia também é útil.
(De: Imirante)
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