26 janeiro 2014

Corregedoria vai investigar policiais que atiraram contra manifestante

26/01/2014 16h58 - Atualizado em 26/01/2014 17h43

PMs dizem que Fabrício Proteus Nunes reagiu à abordagem policial.
No sábado (25), ato contra Copa terminou em vandalismo no Centro. 

Do G1 São Paulo

A Corregedoria da Polícia Militar (PM) vai investigar os três policiais que participaram da abordagem que terminou com um manifestante baleado na noite de sábado (25). Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves, de 22 anos, foi atingido por dois tiros em Higienópolis, em São Paulo.
A Polícia Militar (PM) informou que ele foi atingido após tentar atingir um policial na Rua Sabará, na altura no número 100. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), Chaves e um outro manifestante foram identificados como adeptos da tática "black bloc" e agiram mascarados durante protesto contra a Copa realizado em São Paulo. (Veja nota de SSP abaixo.)
Após os tumultos no Centro, a dupla foi seguida pela polícia. Ao ser abordado, um rapaz cujo nome não foi divulgado se entregou, enquanto Chaves reagiu e feriu um policial militar, segundo a Secretaria de Segurança. A SSP diz que, na mochila de Chaves, foi localizado um artefato explosivo feito com uma lata de cerveja.
Ato Copa SP - baleado (Foto: Arte/G1)
Testemunhas confirmaram à Defensoria Pública que Chaves tinha um estilete e que ele foi atingido por tiros após ser abordado por policiais. Moradores da região ouviram três disparos, mas a Santa Casa informou que Chaves foi atingido por dois tiros.
A PM relatou que o ferido foi socorrido pelos próprios PMs, antes da chegada do Samu, por causa da gravidade dos ferimentos.
Fabrício foi levado ao Pronto-Socorro da Santa Casa, em Santa Cecília. Por volta das 15h deste domingo, Chaves continuava internado em estado grave, sob observação, na Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa de São Paulo.  Ao chegar ao hospital, ele passou por cirurgia.

De acordo com a Santa Casa, um dos tiros atingiu o tórax, o que causou hemorragia interna, e o outro atingiu o pênis do rapaz. O hospital diz que foi preciso remover um dos testículos da vítima por causa dos ferimentos.

Manifestação na região central
Na noite de sábado, uma manifestação contra a Copa do Mundo foi realizada na cidade de São Paulo. O ato, que começou pacífico e chegou a reunir 2,5 mil pessoas, terminou em vandalismo no Centro da capital paulista. Lá, manifestantes mascarados destruíram vidraças de agências bancárias, concessionárias e carros.

O ponto onde ocorreu a abordagem policial contra Fabrício Chaves fica na mesma área da cidade onde ocorreram os protestos. O bairro de Higienópolis é vizinho à Consolação, onde estiveram concentrados os atos de vandalismo.

Ao todo, 135 pessoas foram detidas. Todas foram liberadas até a manhã deste domingo (26). A tropa de Choque da PM deteve parte dos manifestantes em um hotel na Rua Augusta, onde agentes realizaram um cerco e chegaram a realizar disparos na recepção (confira o vídeo).

Protesto contra a Copa de 2014 fecha uma pista da Avenida Paulista/GNews  (Foto: Reprodução GloboNews)
Ato começou pacífico na Av. Paulista.
(Foto: Reprodução/GloboNews)
Testemunhas e investigação
De acordo com uma moradora de Higienópolis, que preferiu não se identificar, o caso ocorreu por volta das 23h. Moradores ouviram três disparos e foram para rua acompanhar a movimentação. “Achei que eram fogos. Alguém gritou ‘mata mesmo’“, relata a testemunha.

O defensor público Carlos Weis, do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, foi acionado por outro defensor que estava em Higienópolis e acompanhou o resgate do ferido.

“Segundo o que foi relatado para mim, efetivamente, a polícia agiu com absoluto excesso e despropósito na situação”, disse. “Importante contextualizar que, pelos relatos, tudo indica que o rapaz vinha da manifestação”, afirma o defensor.

A Defensoria Pública vai instaurar um procedimento administrativo para exigir que Secretaria de Segurança Pública (SSP) e a Corregedoria apurem a ação. Weis afirma que está em contato com a família e deve entrar com pedido de indenização contra o Estado.

Nota de Secretaria de Segurança
Veja abaixo a íntegra do posicionamento da SSP:

"A Secretaria da Segurança Pública informa que o caso envolvendo Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves está sendo investigado a pela Corregedoria da Polícia Militar e também pela Polícia Civil. No último sábado, o black bloc resistiu à abordagem, fugiu e atacou um policial.

Dois homens foram abordados por policiais militares em patrulhamento na rua da Consolação. Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves tentou fugir e foi contido. Os policiais pediram que ele abrisse a mochila para revistá-la, onde foi encontrado artefato explosivo. Em seguida, fugiu, sendo perseguido por dois PMs.
Próximo a um posto de gasolina, o homem sacou um estilete que estava no bolso da calça e se voltou contra um dos PMs. Neste momento, os policiais atiraram e o suspeito caiu no chão, porém, levantou-se e tentou fugir novamente, parando logo depois. Ferido no ombro direito e na parte interna da coxa esquerda, ele foi conduzido ao Pronto Socorro da Santa Casa de São Paulo, onde foi operado e permaneceu internado.
O boletim de ocorrência de resistência, lesão corporal e desobediência foi registrado no 4º DP (Consolação). O delegado requisitou exame pericial para o local dos fatos e para os objetos apreendidos com os averiguados, e exame residuográfico para os policiais militares."
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São Paulo detidos protesto contra Copa (Foto: Reginaldo Castro/Estadão Conteúdo)Detidos foram levados ao 78º DP e liberados. (Foto: Reginaldo Castro/Estadão Conteúdo)

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