Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil
02/11/2013 às 03h14
RIO DE JANEIRO - Os bons resultados do tratamento de pacientes que sofrem de hepatite C com os inibidores da enzima protease é um dos temas que médicos especialistas na doença discutem no 64° Congresso da Associação Americana de Estudo das Doenças do Fígado, em Washington, nos Estados Unidos. O Brasil está incluído nos estudos e há pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS) recebendo os medicamentos.
“A chance de cura dos pacientes no Brasil, hoje, é um fato real, não é mais uma expectativa”, destacou o infectologista responsável pelo Ambulatório de HIV e Hepatites Virais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Paulo Abrão, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo o especialista, será apresentado no encontro um trabalho feito com quase 2.000 pacientes. Desses, cerca de 120 são brasileiros que utilizam, entre as medicações, o telaprevir. “Nesse trabalho vai ser mostrado que, no mesmo perfil de pacientes que a gente trata no SUS no Brasil, que são os com cirrose e fibrose 3 e 4, a chance de cura é altíssima, gira em torno de 70%. Esse trabalho vai ser mostrado corroborando as ações que os especialistas que trabalham no SUS implementaram”, ressaltou Abrão.
O médico explicou que, atualmente, em todo o mundo, cerca de 170 milhões de pessoas têm hepatite C. No Brasil, há de 2 milhões a 3 milhões de casos. Muitos nem sabem que têm a doença, porque não houve o diagnóstico. O especialista acrescentou que, no Brasil, os pacientes em estado mais grave recebem, nos 130 centros de atendimento existentes no país, quatro medicamentos no tratamento da hepatite. “Além desses medicamentos que o Brasil já incorporou, estão vindo outros que vão permitir a erradicação da hepatite C no país. Estamos na vanguarda”, disse, ao acrescentar que o Brasil é um dos países mais avançados em termos de saúde pública e acesso às medicações.
Paulo Abrão informou que a evolução do tratamento caminha para a incorporação de novos medicamentos que também serão oferecidos no Brasil. “O que vai acontecer é que nos próximos anos essas medicações que estão dominando as pesquisas vão ser incorporadas nos Estados Unidos e Europa e em seguida devem chegar ao Brasil. O futuro é para todos os países desenvolvidos e os emergentes. Esperamos em cinco anos poder curar mais de 95% dos pacientes com hepatite C”, completou.
O médico chamou a atenção ainda para a importância das discussões que vão ocorrer no congresso em Washington sobre a esteato-hepatite, conhecida como doença gordurosa do fígado. Ele explicou que, com o avanço da obesidade no Brasil, essa é uma preocupação dos especialistas. “Como na população a obesidade tem sido cada vez mais frequente, a gordura também se concentra no fígado e às vezes pode levar o paciente também à cirrose”, esclareceu.
De acordo com o especialista, ainda não há um medicamento específico para combater essa doença, mas o começo do tratamento é redução do peso. “Hoje sabemos que esse indivíduo tem que perder peso, fazer atividade física, ter dieta saudável e talvez usar alguns medicamentos que estão sendo estudados, para reduzir o nível de gordura no fígado. No congresso, vão ser apresentados vários estudos sobre a doença. Já tem atendimento para esse tipo de paciente no SUS, embora o tratamento ainda esteja em estudo, mesmo nos Estados Unidos e na Europa não existe nada disponível ainda”, disse.
Imirante.com.br
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