07 janeiro 2014

Veja entrevista com Marcelo Miranda que deve tomar posse no Senado

(Postado por Agência Araguaia CAPC em 6 de janeiro de 2014 em Tocantins)


Leia a entrevista concedida pelo ex-governador, Marcelo Miranda (PMDB), ao jornal Opção, de Goiânia-GO, na primeira edição do periódico neste ano de 2014. Marcelo avalia que já conquistou uma vitória política importante no contexto da disputa de 2014. Libertou o PMDB das garras do siqueirismo encerrando uma crise de um ano de divisões, disputas e desgastes. O ex-governador e senador eleito Marcelo Miranda tem motivos de sobra para comemorar. Sua permanência no partido foi uma aposta arriscada, mas fundamental para o redirecionamento do PMDB que ele define como um passo gigantesco na luta pela retomada do Palácio Araguaia.

O ex-governador está confiante que neste ano tomará posse no Senado Federal, encerrando um longo processo de perseguição política que, segundo ele, tinha como objetivo aniquilar a sua liderança. Ele aponta a vantagem nas pesquisas de intenção de voto para justificar as perseguições e para comprovar que elas foram totalmente inúteis. “Tenho convicção que irei assumir, porque juridicamente não tem mais o que fazer e politicamente pode ver as pesquisas de opinião pública que me dão uma liderança. Isso é fruto do meu trabalho”, ressalta o ex-governador, que revela expectativa de assumir a cadeira de senador.

Marcelo Miranda não poupa críticas ao governador Siqueira Campos (PSDB), que segundo ele cometeu o disparate de não governar. Atribuição que transferiu para o filho, Eduardo Siqueira Campos, que comanda a Secretaria de Relações Institucionais.

“Ele (Siqueira) foi eleito para governar e ser governador de fato, mas não é. O que estamos observando é a falta de comando. Então ele pecou e vem pecando em coisas pequenas que se transformaram em coisas grandiosas. O Estado está parado, cadê os investimentos buscados no passado que foram importantes para o Estado?”, questiona o ex-governador, que aponta o duplo comando como a razão do insucesso deste governo.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, a primeira do ano, Marcelo Miranda fala ainda sobre o papel da senadora Kátia Abreu na reestruturação do PMDB, da sua aproximação com a cúpula nacional do partido e da missão de percorrer os 139 municípios do Estado buscando despertar a militância para o desafio de 2014. Marcelo diz que tem mantido um diálogo franco com os líderes das oposições e acredita que no final todos estarão juntos na construção de um novo projeto para o Tocantins.

LEIA A ENTREVISTA COMPLETA:

O sr. inicia 2014 com expectativa renovada diante da possibilidade real de assumir o Senado e reaver o mandato para o qual foi eleito. O ano novo promete?
Entendo que 2014 será um ano muito importante no sentido de mostrar mais uma vez a verdade. São quatro anos desde setembro de 2009 (data em que deixou o governo por ter o mandato cassado), depois de uma eleição vitoriosa em 2010 e que nós não tivemos o direito de tomar posse. No final de 2013 tivemos um resultado altamente positivo, dentre tantas processos, as contas (reprovadas) na Assembleia Legislativa, processos no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), no Supremo Tribunal Federal (STF), na Justiça tocantinense. E nós, a cada dia, a cada semana, tentamos dirimir tudo isso e procuramos mostrar para a sociedade que a verdade viria à tona. E no final de 2013, num processo no qual eu sempre reafirmo, eu não participei e fui condenado sem cometer um ato, sem cometer uma infração, ser julgado pelo TRE do Tocantins, e condenado juntamente com outros companheiros, mas a ministra Luciana Lóssio em documentos que não reconheceu veracidade, até falsos, reconhecendo que foi ilícito o que aconteceu, monocraticamente decidiu pelo arquivamento do processo. Ela nos deu uma grande vitória, o reconhecimento da verdade. E cessou-se aquela dúvida que tinha o povo tocantinense da minha inelegibilidade. Então começou-se a falar a verdade.

E a expectativa de posse no Senado?
Estamos convencidos que teremos a oportunidade de em breve participar do Congresso Nacional, como já venho participando das discussões, nas minhas idas a Brasília, em contato com senadores e deputados. Aqui quero abrir um parêntese para agradecer ao PMDB nacional, ao nosso presidente Valdir Raupp, ao nosso vice-presidente da República, Michel Temer, e todos os líderes que compõem o nosso partido e que não me faltaram. Neste ano de 2014, tenho certeza, teremos grandes novidades. Tenho plena confiança que será um ano de vitórias. Entendo que a vitória é daqueles que querem discutir o que é melhor para o Tocantins, independentemente de cor partidária, o povo saberá acolher.

O fim da crise do PMDB significa também uma vitória no contexto de 2014?
Peemedebistas como Moisés Avelino, Derval de Paiva, Eudoro Pedroza, o senador Leomar Quin­ta­nilha e os mais jovens também tiveram a oportunidade de se reunir conosco, conversamos e avaliamos que o momento é de reestruturação do partido em todo o Estado. Com a adesão da senadora Kátia Abreu, que veio fortalecer a agremiação, não tenha dúvida, agora todos os peemedebistas têm que entender a importância da vinda da senadora para esse processo, não só para as eleições vindouras, mas também para aglutinação de outras forças políticas para a defesa de um novo projeto para o Tocantins. Então nós temos que entender da importância dela nesse momento para o partido. Foi muito bom, acho que ela foi muito bem recebida. Temos que mostrar para os peemedebistas e para a sociedade que somos um partido forte, com pessoas de bem, pessoas que querem realmente participar do processo democrático, transparente dentro da própria sigla. Tive um momento de contrariedade com alguns membros, mas isso já passou. O PMDB agora tem que sair a campo para dizer o que quer para o Estado. É o que nós pensamos e desejamos, não só eu como líder do PMDB, mas todos que estão aí têm a sua história marcada nas páginas do PMDB. Fui convidado pelo ex-governador de Goiás Iris Rezende Machado, um expoente do partido, para conversar, porque ele ficou sabendo que eu poderia deixar o partido, e ele ficou feliz com a minha permanência. Acho que o clamor dos verdadeiros peemedebistas que ficaram no partido conseguiu driblar aqueles que queriam levar o PMDB para outros rincões. Conseguimos nos manter e estamos vivos. Queremos esse partido vivo, e várias pessoas que querem participar desse processo não só com uma disputa eleitoral, mas para poder participar e crescer no nosso partido, que tem 9 mil filiados. Estou tranquilo, acho que o PDMB agora pode dar a volta por cima e todos aqueles que quiserem participar desse processo que venham somar conosco, sem desmerecer as outras siglas partidárias, porque o momento é de aglutinação.

Qual é o papel da senadora Kátia Abreu neste processo de reorganização do PMDB?
A senadora Kátia Abreu em nossas conversas, não só comigo, mas com os outros companheiros, tem deixado bem claro que vem para somar. E soma muito pela sua trajetória de luta em nível nacional. É evidente que à senadora, que tem um mandato eletivo, cabe o direito de pleitear uma reeleição ou outro cargo. Ela vem construir isso. Teve muito pouco tempo em outubro, mas nesses dois meses ela tem procurado até apaziguar a turbulência que vinha acontecendo. Ela veio e sabe da importância de conquistar a base do partido. Tenho certeza que com a sua experiência, não só como mandatária, mas também como já foi presidente de agremiação partidária, saberá o momento certo de seguir em frente, qual é o momento da decisão e qual será o seu papel a partir de junho, depois da convenção, esse trabalho tem que ser feito em conjunto. Não vamos querer tirar ninguém, queremos é o somatório de forças nesse momento de reorganização e fortalecimento do partido.

O que falta para o sr. assumir a vaga no Senado para o qual foi eleito?
Isso já vem se arrastando há muito tempo. Se nós formos enumerar item por item o jornal não vai caber de tanta coisa desse processo, porque ele caminha rapidamente, segundo por segundo. Tentam de todas as maneiras inviabilizar o Marcelo Miranda, mas não vão conseguir. Nós temos uma história conquistada com o povo tocantinense, que me deu seis eleições: três de deputado, duas de governador e uma de senador da República. No TSE, que tinha esse processo na mão, o ministro Ricardo Lewan­dowski, o ministro Cesar Peluso (então presidente do Supremo), no final de seus mandados como presidentes, deram decisões favoráveis a mim. O que precisava do TSE, a republicação daquele acórdão para dizer se transitou ou não em julgado e com a republicação, a ministra Carmem Lúcia estava com ele na mão, saiu e deixou para o ministro Marco Aurélio, que fez a republicação e, consequentemente, não transitou em julgado, então eu estaria apto, estaria elegível desde a minha candidatura ao Senado Federal. Um erro jurídico, e a perseguição tão grande, mas desde aquele momento eu estava elegível. O ministro Luiz Fux pediu informações ao TSE, que ficou de repassar a informação se houve publicação ou não, se houve trânsito (em julgado) ou não. Resultado disso tudo, estamos aguardando agora e juridicamente não tem mais o que fazer, então estou aguardando o ministro Fux tomar a decisão. Creio que seja favorável.

Líderes de oposição dizem que se o sr. assumir o Senado muda o cenário político do Estado. Sua candidatura ao governo está condicionada a esta possibilidade ou independe da posse no Senado?
Fico feliz de ouvir que se eu assumir muda o cenário. De fato, há uma expectativa muito forte neste sentido, mas esse cenário favorável agora é porque estamos vivos, trabalhando, estamos juntos conversando com setores da oposição. E aqui quero lembrar a figura do senador João Ribeiro, de saudosa memória, que nos faz uma falta muito grande, vai fazer falta pelo líder que era, pelo homem, pai, filho, pelo político municipalista que era. Se o cenário mudar vai mudar para melhor, vai fortalecer mais ainda uma corrente que está se formando para que a gente possa discutir um projeto mais novo para o Estado, um projeto que faremos frente a frente com líderes que estão emergindo, um debate sobre o futuro do Tocantins. Se o cenário muda se eu assumir, que eu possa contribuir mais ainda com uma causa maior. E se eu não assumir continuo do mesmo jeito, mas tenho convicção que irei assumir, porque juridicamente não tem mais o que fazer. Já politicamente é só ver as pesquisas de opinião pública, que me dão uma liderança. Isso é fruto do meu trabalho com equipe, com os companheiros, por não abandonar os companheiros, pela minha postura de não fazer a política da terra arrasada, do quanto pior melhor, por eu torcer para que o Estado cresça, pelo meu trabalho para que o Estado não fique do jeito que está. Por que os tocantinenses confiam em mim. Então vai mudar sim e nós vamos mudar para melhor.

O que o sr. está fazendo para se livrar da pressão do governo, que trabalha para impedir a sua candidatura e tem conseguido criar dúvidas na opinião pública?
Em Esperantina, divisa com o Pará, ou em Novo Alegre, na divisa com Goiás, dizem que o Marcelo não pode ser candidato, tentam plantar essas desinformações. Mas será que eu seria irresponsável comigo mesmo, porque quem está me convidando a participar do processo de andar no Estado é o povo. Eles podem falar que vão tornar o Marcelo inelegível, mas não vão tornar inelegível o povo. A população está atenta, a população não tem o direito de ficar inelegível porque é a população que paga os impostos, é a população que faz com que o Tocantins cresça e muita gente está decepcionada. Então estamos driblando sim, mas as vitórias vão chegar em 2104 porque as pessoas estão cientes que o melhor projeto é o projeto das oposições e temos a certeza que no final vão estar todas juntas. O que aconteceu na Assembleia Legislativa (reprovação das contas dos governos Marcelo e Gaguim referentes ao exercício de 2010, o que os deixaria inelegíveis), foi uma votação política e não adianta querer tentar enganar a população, que não se deixa enganar mais, porque Marcelo Miranda tem contatos de norte a sul, leste a oeste, e está conversando com os companheiros e as companheiras, que são generosos quando abordados nas pesquisas internas, tantos as encomendadas por eles como por nós. Eu estou muito à vontade para dizer que 2014 será um ano diferente.

O que explica o desastre administrativo do governo Siqueira Campos, faltou humildade ou vontade política?
Está faltando ele governar. Ele foi eleito para governar, estou falando do governo, não estou falando da pessoa (do governador Siqueira Campos). Se tem um torcedor do Estado sou eu, e tenho certeza que todos torcem, mas ele tinha que governar, ele foi eleito para governar e ser governador de fato, mas não é. O que estamos observando é a falta de comando. Então ele pecou e vem pecando em coisas pequenas que se transformaram em coisas grandiosas. O Estado está parado, cadê os investimentos buscados no passado, que foram importantes para o Estado. Cadê a infraestrutura funcionando? Eles dizem o governo Marcelo fez escândalo. Mas que escândalo? Eu saí porque ajudei, mas os escândalos estão aí. Cadê a segurança pública, cadê a saúde, cadê a nossa juventude participando de processos e campanhas importantes para os jovens? A droga tomou conta. Cadê o esporte, cadê o lazer, a ação social desse governo? Cadê a educação? Todo governo em si está pecando. Veja a situação da nossa infraestrutura, das nossas rodovias. Vamos dar aqui só um exemplo, em Taguatinga tem um acampamento do Exército montado, não sei há quanto tempo, e cadê a obra de recuperação das rodovias tão anunciadas? O governo parece que vem pecando porque quer.

Agora as pessoas não aceitam mais isso, está errado. Eu entrei pela porta da frente e saí pela porta da frente, não sei se vai acontecer dessa forma, mas gostaria que acontecesse. Há perseguição às pessoas. Você chega a um município tem um prefeito, no outro dia tem outro, daí volta de novo. No ano de 2013 quantos prefeitos saíram e voltaram? Um apoiado pelo pai e outro pelo filho, que história é essa? Então nós temos que torcer para que o governador do Estado, independentemente de quem seja, dê certo, mas nós estamos vendo um retrocesso. Estou preocupado com esta situação porque torço para que este Estado volte a crescer, que este Estado possa sorrir. As pessoas têm que perder o medo, os servidores públicos hoje lutam pelos seus direitos que foram tirados, esse rombo que está no Igeprev, e a verdade ainda vai vir. Eu vejo que só vai ser consertado esse Estado a partir do momento que realmente mudar, e tenho certeza que em 2014 nós vamos mudar para melhor.

O próximo governador vai ter um grande desafio pela frente, o Estado reduziu drasticamente a capacidade de investimentos, mas aumentou, sobretudo, os gastos com custeio da máquina. Como fazer a equação de enxugar a máquina e recuperar a capacidade de investimentos sem prejudicar os servidores, que não são responsáveis pelo descontrole financeiro do Estado?
O próximo gestor deste Estado vai ter dificuldade, muita dificuldade, mesmo. Eu me recordo quando assumi o governo em 2003, recebi uma máquina até enxuta, tranquila, serena, porque não conhecia a realidade. Não houve uma transição porque eu estava substituindo naquela época um companheiro. Entendi da importância e sabia que o Estado estava dentro do possível. Tivemos algumas surpresas, mas entendi naquele momento que aquelas surpresas negativas eram responsabilidade minha a partir daquele momento, não era olhar no retrovisor. E assim fizemos. Construímos, eu construí esse patrimônio junto aos servidores públicos porque passei a entender que o servidor era nota mil, é o cidadão que toca a máquina. O empresário só vem para o Estado e passa a acreditar no Estado, ou mesmo os que estão aqui, a partir do momento que o Estado esteja redondo com as finanças em ordem, com condições de cumprir suas responsabilidades. No nosso governo tivemos tudo isso. Tivemos o apoio do governo federal, do governo Lula e sua equipe, o que foi de fundamental importância. A presença dos governos municipais foi fundamental, a presença do Estado em si, esse tripé, foi fundamental porque lá na base o servidor público também era visto, então ele se sentia não só representado na capital, mas se sentia resgatado em sua importância. Então os números são altamente desfavoráveis. O investimentos hoje são poucos, os números estão aí pra quem quiser ver. Não vai ser fácil, mas quem estiver disposto a assumir tudo isso, a entender que a sua família passa a ser uma família de mais de 1 milhão de habitantes, e não será mais aquela família sanguínea, quem entender e a população souber e no momento certo passar a confiar naquele ou naquela, quem for o gestor. E eu me coloco hoje como pré-candidato sim ao governo do Estado, já estamos no ano da eleição e me coloco como pré-candidato ao governo do Estado. Hoje eu posso dizer que as coisas vêm acontecendo de forma muito favorável, e coloco mais uma vez o meu nome para ser analisado. (Ruy Bucar/Foto:Edilson Pelikano)

(Folha do Bico)

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