(Postado por Agência Araguaia CAPC em 13 de janeiro de 2014 em Bico do Papagaio)
De família polonesa, nascido nos Estados Unidos da América (EUA) e naturalizado brasileiro, Boleslaw Daroszewski, hoje com 95 anos, é surpreendido na porta de casa, quando estava com sua esposa, Marineth Galvão (falecida). Um caçador lhe oferece um casal de jabotis – a jabota era a maior –, os últimos da caça, que “dariam um ótimo cozido”, conforme disse. A oferta foi aceita e os jabotis comprados. Boleslaw não sabia – e ainda não sabe que 63 anos depois os animais e seus filhotes seriam levados. A alegação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBMA) é de que ele, coberto pelos cabelos brancos de um idoso de 95 anos é um criminoso, por ter jabotis em seu quintal.
Além de responder a processo, o idoso terá de pagar uma multa no valor de R$ 5 mil. Boleslaw não sabe de nada do que aconteceu. Ele tem saúde fragilizada, já quase não ouve e a visão é turva. Viúvo, uma semana após a morte do amor, a pernambucana Marineth, os filhos preferiram não contar a ele sobre a batida dos fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) em sua casa. “Foi melhor, para que ele não ficasse ainda mais fragilizado”, disse o genro e ambientalista, Jorge Fernandes de Souza, o Jorjão.
“Boleslaw vive hoje num estado de velhice e fragilidade que, caso não sejam tomadas ações para que os animais retirados retornem à sua casa antes que ele note, não sabemos o que pode acontecer”, se preocupa o genro, que detalha ainda mais como era a convivência do idoso, que é escritor – autor do livro Juventude Guerra Aventura (212p, Editora Kelps). “Ele implantou plantas frutíferas no quintal de casa, o que fazia com que os animais tivessem acesso às frutas. Além disso, comprava sempre o que estava na época – jambo, abacaxi, goiaba, melancia, manga –, cortava e colocava para os animais, em abundância. O hábito de Boleslaw foi adquirido por seus filhos e netos.
Uma torneira quase sempre aberta serve para refrescar os bichos, que já sabem onde procurar água. Os animais vivem nos 200m² como se estivessem em seu lar. Os animais, habituados à natureza, se adaptaram ao cativeiro. Jorjão acredita que retornarem a sobreviver normalmente na vida selvagem é difícil.
IBAMA
O IBAMA Tocantins afirma, por meio de sua supervisão de fiscalização, que os animais foram retirados do local após uma vistoria no local. Tudo aconteceu depois de uma denúncia formal, em Brasília, conforme o Instituto. Ainda segundo o departamento de fiscalização, foi estipulado o valor de R$ 5 mil ao responsável pelo cativeiro dos animais silvestres. (Diário da Manhã – Jairo Menezes)
(Folha do Bico)
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