23 outubro 2013

Justiça mantém prisão de major e tenente do caso Amarildo em Bangu 8

23/10/2013 17h34 - Atualizado em 23/10/2013 17h59

8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negou o pedido de habeas corpus.
Eles tiveram a prisão decretada no dia 4, após denúncia do MPRJ.


O major Edson Raimundo dos Santos, ex-comandante da UPP Rocinha, e o tenente Luiz Felipe de Medeiros, subcomandante da unidade tiveram o pedido o pedido de habeas corpus negado pela 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado doRio de Janeiro, na tarde desta quarta-feira (23). Os dois vão permanecer na penitenciária Bangu 8, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.
Eles tiveram a prisão decretada no dia 4, após denúncia do Ministério Público que constatou a participação dos dois no desaparecimento e morte do pedreiro Amarildo de Souza, no dia 14 de julho. Os policiais foram levados inicialmente para a Unidade Prisional da PM, em Benfica, na Zona Norte, juntamente com outros oito denunciados, mas, a pedido do Ministério Público, os oficiais foram transferidos para Bangu 8. Segundo o MP, denúncias anônimas informaram que o major e o tenente estariam exercendo influência sobre os demais réus do processo.
O TJ informou que a decisão que negou o habeas corpus foi do relator. Também será julgado pelo colegiado, o mérito de outro habeas corpus impetrado pela defesa dos réus Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Victor Vinicius Pereira da Silva e Douglas Roberto Vital Machado, indeferido, no último dia 15 de outubro pelo relator.
Justiça decreta prisão de mais 3 PMs
Na noite de terça-feira (22), a Justiça decretou a prisão preventiva dos sargentos da Polícia Militar, Reinaldo Gonçalves e Lourival Moreira, e do soldado Wagner Soares. Vinte e cinco PMs foram denunciados. Dez já estão presos há quase 20 dias.

Uma escuta feita pela polícia, com autorização da Justiça, e revelada com exclusividade peloJornal Nacional na terça-feira (22), foi a prova decisiva para a conclusão do caso para o Ministério Público, que indiciou mais 15 policiais militares pela morte de Amarildo de Souza. Ao todo, já são 25 PMs acusados de participação no caso.
Um homem que se identifica como o traficante Catatau faz ameaças a um policial infiltrado no tráfico - e dá a entender que matou Amarildo, conhecido como Boi. A perícia comprovou que esse homem era o soldado Marlon Campos Reis fazendo uma encenação.
A investigação apontou tentativas de forjar provas e incriminar traficantes da Rocinha pela morte do ajudante de pedreiro. Uma escuta telefônica, autorizada pela Justiça, revelou a manobra.
PM Marlon: Fala aí, seu "X-9". Vou cortar tua cabeça, maluco, tu vai ver.
Não identificado: Camarada. camarada. Deixa eu te explicar aqui.
Marlon: Já botamo (sic) o Boi (Amarildo) na tua conta, neguinho. Já botamo o Boi (Amarildo) na tua conta.
A promotoria disse que foram feitas análises das vozes dos policiais e do traficante de drogas para chegar a essa conclusão. “A perícia feita deu negativa para a voz do Catatau”, completou.
Quatro PMs torturaram Amarildo
Após depoimentos, foram identificados quatro policiais militares que participaram ativamente da sessão de tortura a que Amarildo foi submetido ao lado do contêiner da UPP da Rocinha. Segundo informou o Ministério Público nesta terça-feira (22), testemunhas contaram à policia sobre a participação desses PMs no crime.

De acordo com a promotora Carmem Elisa Bastos, do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), o tenente Luiz Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Roberto Vital torturaram Amarildo depois que ele foi levado para uma "averiguação" na base da UPP. Ainda segundo eles, outros PMs são suspeitos de participar ativamente da ação.
Enquanto o ajudante de pedreiro era torturado por quatro policiais, outros 12 ficaram do lado de fora, de vigia. Oito  PMs que estavam dentro dos contêineres que servem de base à UPP foram considerados omissos porque não fizeram nada para impedir a violência. Outros cinco policiais que decidiram colaborar com as investigações disseram que o major Edson, então comandante da UPP, estava num dos contêineres, que não têm isolamento acústico, e podia ouvir tudo.
Segundo o MP-RJ, mais 15 policiais militares, entre eles três mulheres, foram denunciados pelo órgão, totalizando 25 acusados pelo crime. As três policiais militares foram denunciadas por tortura –  uma delas havia prestado depoimento na semana passada.
Quatro PMs que estavam no contêiner durante a execução de Amarildo não foram denunciados, já que a promotoria entendeu que eles foram coagidos a aceitar a situacão. "Eles foram debochados pelos outros policiais e, por se sentiram ameaçados, decidiram não interromper o crime", disse a promotora.
Formação de quadrilha
Ainda segundo ela, dentre os denunciados, 13 policiais foram indiciados por formacão de quadrilha. Um deles era o major Edson Santos, que encontrava-se no contêiner de cima, mas que estaria de acordo com toda a situação; um tenente, três sargentos e oito soldados que vigiavam o local do crime.

Do total de denunciados, 17 devem responder também por ocultação de cadáver e quatro por fraude processual, já que houve a tentativa de esconder as provas do assassinato.
Os quatro policiais acusados de tentar ocultar as provas são: major Edson Santos, tenente Luiz Medeiros, soldado Marlon Campos Reis e o soldado Douglas Roberto Vital Machado. O major Edson Santos foi denunciado por todos os crimes, sendo dois deles por fraude processual.
Veja os nomes dos PMs denunciados
Edson Raimundo Dos Santos
Luiz Felipe De Medeiros
Douglas Roberto Vital Machado
Marlon Campos Reis
Jorge Luiz Gonçalves Coelho
Victor Vinicius Pereira Da Silva
Jairo Da Conceição Ribas
Anderson Cesar Soares Maia
Wellington Tavares Da Silva
Fábio Brasil Da Rocha Da Graça
Reinaldo Gonçalves Dos Santos
Lourival Moreira Da Silva
Wagner Soares Do Nascimento
Rachel de Souza Peixoto
Thaís Rodrigues Gusmão
Felipe Maia Queiroz Moura
Dejan Marcos De Andrade Ricardo
Jonatan de Oliveria Moreira
Márcio Fernandes De Lemos
Bruno dos Santos Rosa
Sidney Fernando De Oliveira Macário
Vanessa Coimbra Cavalcanti
João Magno De Souza
Rafael Bayma Mandarino
Rodrigo Molina Pereira

Fonte: IG

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