REFLEXÕES SOBRE A XIX GINCANA CULTURAL DA ESCOLA ESTADUAL BELA VISTA EM 2013

A XIX Gincana Cultural da Escola Estadual Bela Vista foi realizada nas dependências da escola e num clube local nos dias 18 e 19 de Outubro de 2013 sob o tema Diversidade: respeite as diferenças, porém, o que se viu e viveu foi uma série de práticas que não contribuíram para o alcance do objetivo proposto pelo tema, tendo, por fim um resultado polêmico, o qual resultou na suspensão de um aluno e a expulsão de outro, no final do ano letivo.

Vista frontal da Escola Estadual Bela Vista

Se houver dúvidas, confira-se:

1º A começar pelo regulamento do evento este expressa totalmente um tom imperativo em sua linguagem, foi elaborado apenas pela equipe gestora, sem a participação dialógica de alunos e funcionário administrativos.

2º O evento primou pela competição a todo custo ao invés da cooperação, da colaboração e do espírito solidário. Assim, alunos foram levados a disputar pontos a qualquer custo, o que se deu desde a competição entre equipes, entre turmas e até mesmo entre pessoas, pois a cada resultado parcial se viam melhores ou piores, mais competentes ou organizados ou menos.

3º A natureza pedagógica do evento ficou descaracterizada, pois destacaram-se atitudes, posturas e valores inadequados a tal perspectiva. Como exemplo, houve o culto da beleza física nos desfiles ao longo das tarefas e no desfile final (festa do garoto e garota gincana), as músicas não foram de cunho didático, folclórico ou cultural, mas apenas os sucessos do momento, em que abundam o apelo sensual e a falta de mensagens significativas para a formação das crianças e jovens estudantes.

4º Os membros da comissão julgadora não foram instruídos com antecedência quanto aos critérios de avaliação das provas, os quais nem deveriam participar de tal processo, pois são professores e funcionários e, querendo ou não, têm vínculos afetivo-emocionais com os alunos, e mesmo que não os tenham, mas, aos olhos dos estudantes, sempre há a suspeita quando o avaliador (professor/servidor) já conhece e convive com os avaliados, despertando-se portanto, questionamentos.

5º As dúvidas e questionamentos dos alunos participantes não foram satisfatoriamente esclarecidas quanto à avaliação e pontuação das tarefas, o que gerou inúmeros questionamentos e, portanto, seus pontos de vista não foram respeitados, ou seja, a temática ficou apenas no discurso, pois há inúmeras queixas de alunos, professores e da própria comunidade escolar (pais, mães, irmãos e amigos), os quais também contribuíram e participaram do evento, mesmo torcendo.

6º A escola promoveu festa noturna, com bebida alcoólica, e convidou a todos os seus alunos (crianças, jovens e adultos), com cobrança de ingresso e fora do ambiente escolar – inclusive a venda de ingressos foi tarefa para se obter pontos). Assim se questiona, como pode uma escola incentivar seus educandos a participar de evento noturno não recomendado para os mesmos e, inclusive, proibido pela legislação e normas educacionais?

7º Como resultado, ficou a insatisfação de muitos – alunos, professores e da comunidade. O que levou alguns alunos a criticarem a comissão organizadora e, inclusive a se excederem, pois não tiveram seus questionamentos adequadamente ouvidos e muito menos considerados, o que resultou na suspensão por cinco dias do aluno Marcelo da Silva (3º ano II do ensino médio) e expulsão de Claudiney Bernardo (2º ano II do ensino médio), ambos do turno noturno. Os quais sofreram tais punições e até o dia 25/10/13 não tiveram os respectivos atos publicados nos murais da escola, como prevê o regimento escolar (por quê?)

8º Alunos entrevistados afirmaram que solicitaram recontagem de pontos mas não tiveram (até a presente data 25/10/13) tal solicitação atendida, como também, não houve divulgação oficial escrita do resultado final do evento e muito menos dos recursos arrecadados e ainda da destinação de tais recursos. Como resultado ao final do evento apresentou-se apenas verbalmente tal pontuação: 1º lugar - equipe vermelha, 2º lugar equipe verde, 3º lugar equipe laranja 831 pontos e 4º lugar equipe lilás 844 pontos. Qual a matemática aplicada se a última equipe obteve mais pontos do que a penúltima?

9º Assim, questiona-se: onde ficou a transparência das ações? E o respeito ao próximo? Vários alunos criticaram e ainda criticam a forma como o resultado foi computado e, também, a falta de detalhamento dos critérios avaliativos das tarefas, além da postura do presidente da coordenação da gincana, o qual, ao ser questionado por alunos de que o resultado final estava errado, apenas se levantou, virou as costas e não deu nenhum esclarecimento. Levando inclusive, alunos aos pratos, de indignação, pois constataram que o resultado estava errado. A quem interessa tais atitudes?

10º Fica assim, o questionamento: a quem recorrer, se a comissão organizadora e a comissão julgadora constataram tais contradições, infrações e irregularidades e nada fizeram, mesmo com as diversas contestações de alunos e da comunidade escolar?

Por fim, restam as inúmeras dúvidas, insatisfações e reclamações, as quais demonstram plenamente que os objetivos do evento não foram atendidos, como também, a escola promoveu injustiças e desserviço à comunidade escolar.

Francisco Monteiro

Editor do Info Bela Vista

Pov. Bela Vista – São Miguel do Tocantins 25/10/13