30 abril 2014

OMS adverte para a crescente resistência aos antibióticos

30 de abril de 2014 • 13h23 - Terra

(Google - Ilustração)

Os países da América ainda são vulneráveis à crescente resistência aos antibióticos e devem se somar ao esforço mundial para encarar essa ameaça para a saúde pública, advertiu nesta quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em um relatório divulgado hoje pelo escritório regional da OMS, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) apontou que "a resistência aos antimicrobianos, incluídos os antibióticos, já não é um prognóstico, mas uma realidade que pode afetar qualquer pessoa de qualquer idade em qualquer país".

A resistência aos antibióticos acontece quando as bactérias se tornam imunes a alguns antibióticos e o tratamento das infecções passa a exigir remédios diferentes ou doses mais potentes.

"Precisamos escutar, disseminar e atuar sobre a mensagem deste relatório, que demonstra que se não atuarmos, entraremos uma era na qual os antibióticos que usamos durante décadas para tratar e curar infecções comuns deixarão de funcionar ", disse a diretora da OPS, Carissa Etienne.

Nos países da América "os antibióticos são frequentemente usados em excesso e vendidos de forma inadequada", disse Pilar Ramón Pardo, assessora regional em Gestão Clínica de Doenças Infecciosas e Vigilância da Resistência Antimicrobiana da OPS/OMS.

Pilar acrescentou que "há uma crescente ênfase nos controles regulamentares destes e de outros fármacos, mas seu mau uso continua muito disseminado em nossa região".

A OMS coordena desde 1996 a coleta de dados sobre a resistência aos antibióticos de hospitais e laboratórios de seus países-membros e atualmente 21 nações formam sua Rede Latino-Americana de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos.

Os dados dos países da América mostram altos níveis de resistência da bactéria Escherichia coli às cefalosporinas de terceira geração Y as fluoroquinolonas, dois tipos de antibióticos importantes e de uso geral.


A E. coli pode causar infecções intestinais e extraintestinais, geralmente graves, como no aparelho excretor, nas vias urinárias, cistites, meningite, peritonites, mastites, septicemia e pneumonia.

Também se generalizou a resistência às cefalosporinas de terceira geração na bactéria Klebsiella pneumoniae, causadora de infecções do trato urinário, pneumonias, sepse, infecções de tecidos brancos e de ferimentos cirúrgicas.

Em algumas regiões houve uma elevada porcentagem de infecções da bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina.

A bactéria S. aureus pode causar uma ampla variedade de doenças, desde infecções cutâneas e de mucosas, relativamente benignas, até outras como celulite, abscessos profundos, osteomielite, meningite, sepse, endocardites e pneumonia.

O relatório recomendou que os pacientes usem antibióticos somente quando forem receitados por um médico, que façam todo o tratamento prescrito mesmo quanto já se sentirem melhor, e não deem a outras pessoas seus antibióticos nem utilizem as sobras de receitas anteriores.

Aos médicos e equipes de saúde, a OMS recomendou melhorarem a prevenção e o controle de infecções, e que prescrevam e administrem antibióticos "só quando forem verdadeiramente necessários".

O relatório também recomendou às autoridades sanitárias que fortaleçam o acompanhamento da resistência e a capacidade dos laboratórios e que regulamentem e fomentem o uso apropriado dos remédios.

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