29 março 2014

‘Roseana não quer mais ficar na política’, diz Edinho Lobão

Publicado em: 26/03/2014 

ENTREVISTA

‘Ela não quer mais, cansou, quer se dedicar à família, já foi governadora por 14 anos’, afirmou o senador

MANOEL SANTOS NETO
Edinho: ‘Eu me tornei suplente para não desejar a vaga’/Reprodução

O senador Edison Lobão Filho (PMDB) declarou ontem (25) que a governadora Roseana Sarney está mesmo disposta a abandonar a vida política: “Ela já me disse, pessoalmente – e eu acredito nela -, que ela tem convicção de que não quer mais, cansou, está cansada, quer se dedicar à família. Quer largar a política, já foi governadora durante 14 anos. E já não dá mais para ela, no sentimento dela. Mas a pressão é constante e interminável em cima dela, por parte daqueles que a cercam”, declarou o senador em entrevista exclusiva ao Jornal Pequeno.

Edison Lobão Filho fez a ressalva de que, se a governadora Roseana decidir renunciar ao cargo para disputar a vaga ao Senado, ele irá se retirar do jogo político no Maranhão.

Lobão Filho foi categórico ao afirmar: “Se ela for candidata eu me retiro da política e vou voltar à minha vida normal. Agora, se ela não sair, eu vou tentar ser senador, para poder continuar fazendo o que estou fazendo nos últimos anos em relação ao estado do Maranhão”, afirmou o senador, na seguinte entrevista:

Jornal Pequeno – Como tem sido, efetivamente, a sua atuação como senador do Maranhão no Congresso Nacional?

Edison Lobão Filho – Tenho dito, reiteradas vezes, ao longo de minha caminhada, que a vida de político não é uma vida que me seduz totalmente. Enfrentei uma missão, que me foi dada pelo destino, dada por Deus, no momento em que meu pai saiu do Senado e foi levar uma vida de ministro, e eu fui compelido a ser senador.

É importante que as pessoas saibam que, quando me tornei suplente, eu não me tornei suplente para assumir a vaga. Eu me tornei suplente para não desejar a vaga. Até então, meu pai jamais havia tirado um pedido de licença sequer. Se ele não tivesse sido alçado a ministro, eu provavelmente jamais teria me tornado senador. Porque não me tornei suplente com o objetivo de virar senador. Estava apenas ali para não desejar a vaga do titular, que é uma coisa que ocorre muito: haver um suplente desejando sempre e pressionando para assumir a vaga do titular.

E o senhor já está há mais de seis anos como ocupante da vaga. Foi possível fazer muita coisa?

Ao assumir o mandato, assumi com uma carga de responsabilidade de um homem que foi quatro vezes senador da República, de um homem que foi senador da República durante 30 anos. E isto tem um peso, tem uma cobrança. E esta cobrança é de uma postura de honra, de uma postura de dignidade, e de eficiência no trabalho, que sempre foi a marca de meu pai. Eu não poderia assumir com menos do que isso. Eu teria de seguir a mesma postura ética de comportamento que ele sempre teve. E a prova cabal disso é a figura política que o ministro Lobão tem no Maranhão, de ser respeitado até pelos adversários. Não há quem queira criticá-lo de forma mais contundente ou mais pesada dentro de nosso estado. Ele tem uma vida limpa, antiga e isto é uma coisa difícil de acontecer.

O senhor avalia ter feito um trabalho à altura do que foi feito por seu pai?

Eu acho que eu cumpri esta missão: de manter o nível da presença de meu pai no Senado com muita dedicação e com muito sacrifício. Para mim, tem um preço estar lá. É o preço da dedicação, e eu largo a minha família no Maranhão, para ir para Brasília. Metade da minha vida nestes últimos sete anos foi em Brasília, longe da minha família. Longe dos meus filhos, da minha esposa e dos meus netos.

Até então, o senhor não cogitava sair candidato às eleições no Maranhão?

Jamais cogitei. Não era o meu desejo de um futuro para mim. Eu gostaria de, depois de cumprir esta missão de estar no Senado, voltar para cá. Mas acontece que a minha vida, como a vida de todas as pessoas, sofre diariamente mudanças, choques; fatos ocorrem que acabam mudando a nossa trajetória. Um fato que ocorreu na minha vida foi um acidente grave que eu tive, onde, depois de recuperado, e digo recuperado exclusivamente por uma decisão divina, depois disto passei a me cobrar se o fato de estar lá não é por um motivo maior do que a minha mera vontade.

O senhor se considera hoje um político influente no Congresso ou é muito difícil alcançar esta posição?

Grande é a minha responsabilidade pelo meu estado, que tanto me deu. Passei seis anos e tantos lá. Vão fazer sete anos no final deste ano. Demorei quatro anos para chegar num nível, dentro do Senado, que me coloca entre os senadores com maior influência dentro do Senado. Isto não é uma coisa que se alcança com facilidade. Tem senadores de terceiro e até quarto mandatos dentro do Senado que não fazem parte deste seleto grupo. E neste seleto grupo eu tenho condições de contribuir com o meu estado de uma forma muito significativa e eu assim o fiz ao longo desses últimos anos. Consegui coisas para o meu estado que um senador comum jamais conseguiria ou que um político comum jamais conseguiria.

No atual cenário, a sua pré-candidatura ao Senado depende da decisão da governadora Roseana de sair ou não do governo?

Minha candidatura depende da decisão dela de sair do cargo ou ficar. Ela é a candidata nata, porque assim o é todo governador saindo do seu mandato. Em todos os estados brasileiros, o governador que sai tem prioridade na vaga de senador. E eu, se ela for candidata, eu me retiro da política e vou voltar à minha vida normal. Agora, se ela não sair, eu vou tentar ser senador, para poder continuar fazendo o que estou fazendo nos últimos anos em relação ao estado do Maranhão.

É grande a expectativa neste aguardo do dia 4 de abril. Ao seu modo de ver, a governadora está enfrentando um dilema muito grande?

Ela está sendo diariamente pressionada por todos os que a cercam para que ela concorra. A governadora tem inúmeros assessores, amigos, familiares que estão cercando ela diariamente e todos eles desejosos de que ela concorra. Esse grupo Sarney, tão extenso, tão grande, pressiona diariamente, fortemente, para que ela entre na disputa.

E ela já me disse, pessoalmente – e eu acredito nela –, que ela tem convicção de que não quer mais, cansou, está cansada, quer se dedicar à família. Quer largar a política, já foi governadora durante 14 anos. E já não dá mais para ela, no sentimento dela. Mas a pressão é constante e interminável em cima dela, por parte daqueles que a cercam.

O senhor sente que há um temor dentro do grupo Sarney de, desta vez, perder as eleições tanto para o Senado quanto para o governo do Estado?

A resposta é a disputa que está acontecendo hoje pela vaga de senador, dentro do nosso grupo. Se esta disputa já agora está tão grande, dá para se dizer que há alguém temeroso de perder esta eleição? Quem está com medo de perder uma eleição, não fica brigando por uma vaga de ser candidato. Eu acho que o nosso grupo tem absolutíssima convicção de que ganha estas próximas eleições e por um motivo muito simples: nós acreditamos que os nossos candidatos são melhores para o Maranhão do que os deles (da oposição).

Eu tenho mais condições de defender o estado do Maranhão, perante o Governo Federal e perante qualquer situação que ocorra em Brasília, do que o Roberto Rocha, que é apoiado por Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Qual é a força que o candidato Roberto Rocha teria com a presidente Dilma? Zero. Portanto, qualquer candidato do nosso grupo, certamente, é muito melhor do que o candidato da oposição.

E quanto ao candidato a governador Flávio Dino?

Quanto a ele, só quero frisar que o Luís Fernando, já tive por diversas vezes a chance de dizer, é extremamente capaz, competente, e certamente fará uma revolução no estado do Maranhão.

O senhor está convencido, então, de que o grupo Sarney vai vencer as próximas eleições?

Estou totalmente convencido. O Zé Reinaldo, que hoje está do lado de lá, nesse período de agora, naquela eleição que ele ganhou para o governo, quando estava na iminência de sair candidato ou não, não tendo assumido ainda o governo do estado do Maranhão, ele tinha 1,8 por cento nas pesquisas daquela época. O Luís Fernando já sai, já larga com 20 por cento. E o Zé Reinaldo naquela época, e ele é testemunha disso, porque hoje ele defende a oposição, o Zé Reinaldo ganhou no primeiro turno, tendo largado com 1,8 por cento. Luís Fernando larga com 20, daí a diferença entre um e outro.

E se Roseana, enfim, decidir renunciar ao cargo e sair candidata ao Senado? O que o senhor vai fazer?

Ah! Eu vou voltar de braços abertos para o seio familiar. Cabe aqui fazer um registro. Tenho recebido com muita alegria o apoio dos senadores João Alberto e Epitácio Cafeteira porque eles, mais do que todo mundo, são testemunhas do meu trabalho diário dentro do Senado. Cafeteira senta do meu lado esquerdo e João Alberto senta logo na fileira em frente a mim.

O Cafeteira é um homem que já foi prefeito de São Luís, deputado federal várias vezes, governador do Maranhão, senador da República. Ele é uma pessoa que precisa ser ouvido nesse processo. Eu sinto – e com tristeza – um desrespeito muito grande do partido num momento em que não o colocou como partícipe desse processo todo de escolha dos pré-candidatos. E ele, tendo sido afastado desse processo, teve a coragem de se manifestar e declarar as suas preferências. E fez uma declaração de apoio a mim que muito me emociona. E muito me honrará se eu puder ocupar a vaga hoje ocupada pelo senador Epitácio Cafeteira.

Pode-se dizer que João Alberto também é um entusiasta de sua pré-candidatura?

Isto sim e aproveito também para fazer uma homenagem ao senador João Alberto, que é uma figura máster, uma pessoa formidável, dentro do nosso partido. É um senador que já foi governador, já foi senador, já foi prefeito, já foi deputado federal, tem uma história longa, e a quem eu admiro muito também, e que tem feito também sucessivas manifestações de grande simpatia pelo meu nome.

No caso de a governadora não renunciar, como vai ser a deflagração de sua campanha?

Se a governadora decidir permanecer no governo, a partir de 4 de abril eu irei sair efetivamente em busca do apoio da base do nosso grupo político conversar com os prefeitos e com os deputados federais e deputados estaduais. E isto é uma coisa que ainda não o fiz, até agora, em absoluto respeito à decisão da governadora. Estou, então, realmente recluso, e as manifestações que ocorreram em apoio a mim foram de fato espontâneas. Mas eu vou, a partir de 4 de abril, correr para conversar com todos estes políticos, lideranças, prefeitos que foram historicamente amigos da minha família. E nós então vamos iniciar uma época de conversas com esses políticos.

(Jornal Pequeno)

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