Em 15/04/2015 20h25 - Atualizado em 15/04/2015 20h27 (De G1)
Entre 250 mil e 500 mil armênios morreram durante o Império Otomano.
Turquia rejeita termo genocídio, mas reconhece que ocorreram massacres.
Da Reuters
O Parlamento Europeu apoiou nesta quarta-feira (15) uma moção que classifica de genocídio o massacre de até 1,5 milhão de armênios ocorrido um século atrás por forças otomanas, dias depois de o Papa Francisco usar o mesmo termo.
Embora a resolução tenha repetido uma linguagem adotada anteriormente pelo Parlamento em 1987, poderá criar tensões com a Turquia, cujo presidente, Recep Tayyip Erdogan, disse mesmo antes da votação acontecer que iria ignorar o resultado.
A maioria dos parlamentares europeus endossou a moção, afirmando que "os eventos trágicos que ocorreram entre 1915 e 1917 contra os armênios no território do Império Otomano representam um genocídio".
Após o resultado, o Ministério das Relações Exteriores turco acusou o Parlamento de tentar reescrever a história. Em comunicado, declarou que os parlamentares que apoiaram a resolução estão em conluio com "aqueles que não têm nada a ver com os valores europeus e que se alimentam de ódio, vingança e da cultura do conflito".
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Muçulmana, a Turquia concorda que os cristãos armênios morreram em combates com soldados otomanos a partir de 15 de abril de 1915, quando um grande número de armênios vivia no império governado por Istambul, mas nega que isso equivalha a um genocídio.
A Armênia, alguns historiadores ocidentais e parlamentos estrangeiros se referem à matança coletiva como genocídio.
O chanceler da Armênia, Edward Nalbandian, comemorou a resolução como um movimento que tem o objetivo de defender os direitos humanos.
"A resolução contém uma mensagem importante para que a Turquia use a celebração do centenário do genocídio armênio para entrar em acordo com o seu passado, reconhecer o genocídio armênio e, assim, abrir o caminho para uma verdadeira reconciliação entre os povos turco e armênio", ele disse em comunicado.
Rixa diplomática
O Papa Francisco desencadeou uma rixa diplomática no domingo ao chamar o massacre de "o primeiro genocídio do século 20", levando a Turquia a convocar o embaixador do Vaticano e a chamar de volta seu próprio diplomata. O Parlamento Europeu saiu em defesa do pontífice, elogiando sua mensagem.
A Turquia se candidatou para se juntar aos 28 membros da União Europeia, mas as conversas sobre sua filiação vêm se arrastando há anos com pouco progresso.
Mais cedo, Erdogan declarou numa entrevista coletiva que "qualquer decisão que o Parlamento Europeu tome a respeito das alegações de genocídio dos armênios irá entrar por um ouvido e sair pelo outro".
"Está fora de questão uma mancha, uma sombra chamada 'genocídio' na Turquia", afirmou ele no aeroporto de Ancara antes de partir para uma visita ao Cazaquistão.
No ano passado, quando ainda era primeiro-ministro da Turquia, Erdogan ofereceu o que seu governo disse serem condolências inéditas aos netos dos armênios mortos na Primeira Guerra Mundial.
A resolução europeia afirmou que tais declarações são um passo na direção certa, mas parlamentares instaram a Turquia a ir além.
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