Em 15/04/2015 - De Carta Maior (Reprodução)
Na sessão convocada por Eduardo Cunha para homenagear a emissora, eles abriram uma faixa com os dizeres: 'A verdade é dura; a Globo apoiou a ditadura.'
Najla Passos
Três militantes foram detidos pela Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados, nesta terça (14), quando protestaram contra a Rede Globo, na sessão solene convocada pelo presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para homenagear os 50 anos da emissora. Eles tentaram, sem sucesso, abrir em plenário uma faixa com os dizeres: “A verdade é dura; a Globo apoiou a ditadura”.
Um deles é o jornalista Pedro Rafael Vilela, secretário-executivo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que garante que a intenção do grupo era realizar um protesto pacífico e silencioso contra o monopólio dos meios de comunicação do país, que não impediria a realização da sessão comemorativa.
Segundo ele, tão legítimo quanto comemorar os 50 anos da Rede Globo é questionar o que representa o modelo de mídia no qual ela está inserido e é a principal representante. “No Brasil, não existe democracia nos meios de comunicação. E sem democracia nos meios de comunicação, nosso próprio processo democrático fica inviável”, afirmou, após ser liberado.
Vilela ressaltou que o objetivo dos movimentos pela democratização da mídia não é acabar com a Rede Globo, mas sim garantir mais pluralidade e diversidade na mídia brasileira, por meio da regulação do setor. “Sem pluralidade e diversidade na mídia não há possibilidade de democracia no país”, reforçou.
O militante questionou a forma truculenta de atuação da Polícia Legislativa que, para impedir a manifestação, acabou prejudicando a sessão solene e impedindo o acesso de uma parte do público ao plenário. Na semana passada, por decisão de Cunha, sindicalistas também foram proibidos de acompanhar a votação do projeto que libera as terceirizações.
A homenagem de Cunha ao grupo de comunicação que reconheceu em editorial seu apoio aos militares atendeu a requerimento dos deputados Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e Rômulo Gouveia (PSD-PB). E, apesar do incidente pontual, transcorreu com tranquilidade, com apoio de grande parte dos parlamentares.
O histórico da relação entre Cunha e a Rede Globo não é dos melhores e, exatamente por isso, ele sabe que precisa mudá-lo. Ele é um reconhecido defensor dos interesses das multinacionais das telecomunicações, que volta e meia entra em conflitos mercadológicos com os grupos de comunicação que monopolizam o mercado brasileiro.
Sua esposa, a jornalista Cláudia Cordeiro, foi apresentadora do braço carioca da emissora. Quando foi demitida, moveu ação judicial em função da Globo tê-la contratado de forma precária, como pessoa jurídica, uma das modalidades da terceirização que a Câmara de Cunha, agora, busca estender para todos os trabalhadores do país.
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