Mensagem foi divulgada no lançamento da campanha da fraternidade.
Pontífice cobrou “exame de consciência” sobre tolerância com esse crime.
A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta quarta-feira (5) mensagem na qual o Papa Francisco afirma que a sociedade não pode ficar “impassível” diante do tráfico de pessoas.
A mensagem foi lida durante o lançamento da Campanha da Fraternidade de 2014, em Brasília. Com o tema "Fraternidade e o Tráfico Humano" e o lema "É para a liberdade que Cristo nos libertou", a campanha da Igreja Católica tem o objetivo de identificar e denunciar o crime de tráfico humano.
“Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadorias. Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano!”, completou o Papa na mensagem enviada à CNBB.
Na cerimônia de lançamento da campanha, a confederação dos bispos entregou cópias da mensagem enviada pelo Papa Francisco. No texto, o Papa afirmou que é preciso fazer “profundo exame de consciência” sobre a tolerância de que seres humanos são tratados como “objeto”.
“Há necessidade de um profundo exame de consciência: de fato, quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado como um objeto, exposto para vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? A pessoa humana não se deveria vender e comprar como uma mercadoria. Quem a usa e explora, mesmo indiretamente, torna-se cúmplice desta prepotência”, disse o Papa.
Francisco afirmou ainda na mensagem que a dignidade é “igual” para todas as pessoas e que “faz votos” para que os brasileiros possam “comprometer-se” com o combate ao tráfico de pessoas.
Durante o lançamento, o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, afirmou que o objetivo da campanha é lutar contra o tráfico de pessoas e identificar onde a prática ocorre.
“Nosso propósito é apoiar projetos que lutem contra com o tráfico humano e que identifiquem o tráfico humano. (...) A campanha tem como objeto identificar a prática de tráfico humano em suas várias formas, e denunciar essa prática como violação da dignidade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para enfrentar esse mal”, disse.
Dom Leonardo Steiner afirmou que o fundo da campanha arrecadou no ano passado R$ 5,3 milhões e que a expectativa de arrecadação para este ano é quantia semelhante. Segundo Dom Leonardo, o dinheiro servirá para apoiar os projetos que apoiem a causa.
Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que participou do evento, o tráfico de pessoas “muitas vezes não aparece”, porque “às vezes”, a vítima e a família têm “vergonha” de denunciar. O ministro afirmou que o governo federal tem adotado medidas contra o tráfico, como o Plano Nacional de Combate ao Tráfico de Pessoas.
“Causa surpresa que algumas espécies de crime ainda persistem na história da humanidade. É inaceitável o crime de tráfico de pessoas, não importa a modalidade do crime. É absurdo, de qualquer maneira, seja o tráfico de mulheres, crianças e em quaisquer outras dimensões. E merece um gesto de reação muito forte da sociedade”, afirmou o ministro.
Questionado se o governo possui dados atualizados sobre o tráfico de pessoas no Brasil, Cardozo afirmou que, “infelizmente”, o número de inquéritos policiais que tratam do crime ainda é “muito pequeno” em relação ao crime. O ministro, contudo, não informou dados.
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