O corporativismo pode ser entendido como vínculos decorrentes
do sentimento de grupo, de pertencer a um mesmo seguimento profissional,
funcional, institucional ou social. Há setores que se defendem com todas as
forças, de todos os meios a fim de proteger seus pares. Os militares, os
médicos, os taxistas, os advogados, os políticos e mesmo os estudantes,
dependendo da situação se defendem e formam um corpo, uno, coeso.
O corporativismo, quando se manifesta dentro das normas,
regulamentos e preceitos éticos é salutar, porém, quando ultrapassa os
parâmetros institucionais acaba por defender os interesses de alguns em
prejuízo dos demais, coletivos, sociais.
Não é fácil romper com tal fenômeno, pois, em geral, age-se
como se fosse consigo mesmo, com um amigo ou parente próximo e, assim, torna-se
difícil atuar contra quem poderá ajuda-lo num momento de necessidade, no
interesse particular.
Observe-se a realidade de quase todas as instituições, sejam
as executivas, as legislativas e até mesmo as judiciárias. Raramente agem
contra os interesses de seus pares. Exemplos? Não faltam: seja os auxílios
paletó, moradia, cartões coorporativos, pensões vantajosas e inúmeros outros
benefícios, nem sempre divulgados pela mídia, pois o que interessa não se
divulga, divulga-se apenas o que convém.
As normas existem, mas, em geral, quando quem vai cobrar é um
amigo, parente ou companheiro de trabalho de longa data a exigência nem sempre
se efetiva, uma vez que quase sempre o subordinado sabe que vai ser tolerado,
enquanto o “chefe” acaba por suavizar o rigor. Então, com certeza é por isto
que muitas empresas e instituições não contratam parentes para o mesmo setor ou
função. Para que os interesses pessoais não se sobreponham aos institucionais.
Daí a vedação ao nepotismo (contratação de parentes por parentes), pois é
injusto, visto que enquanto é bom para quem é selecionado por critérios
pessoais, os demais membros da sociedade ficam excluídos de tais oportunidades
públicas, até por que o cargo público deve atender aos interesses de toda a
sociedade, o que, em geral, ocorre quando a seleção é imparcial, pública e
criteriosa.
Francisco Monteiro
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