O MITO DA NOTA BOA
A
nota (na escola, universidade, cursos e afins) é muito valorizada por alunos,
professores, coordenadores e gestores, e mesmo pelas famílias. Diz-se isto com
conhecimento prático, de 14 anos de docência, tanto no ensino fundamental,
médio, supletivo e superior. Como se a nota, se aprovativa, é sinal de
competência e qualidade de ensino. O que nem sempre é verdade.
Muitos
reclamam quando, ao final do período de ensino, o resultado se constitui em
notas baixas (menor do que 7,0). Então, critica-se o professor, sua metodologia
de ensino, sua forma de avaliar. O que são passíveis mesmo de questionamento.
Mas, em geral, não há crítica quando toda a turma tira nota boa (maior que
7,0). Não há crítica nem da parte dos alunos, da escola/faculdade/curso e muito
menos da família.
Como
exemplo de que há um mito da nota nas instituições de ensino, veja-se o argumento
(não se sabe a origem) de que se mais de 50% da turma ficar com nota inferior a
7,0, a metodologia do professor tem que ser revista. Então, fica-se o
questionamento: o que importa é a nota aprovativa? E as condições de trabalho? E
os recursos didáticos inexistentes, insuficientes ou inadequados? E o apoio e
acompanhamento pedagógico? Só o que conta é a nota, então?
Os
conselhos de classe nas escolas são bem exemplificativos (em quase todas as
escolas – as particulares nem se fala) o importante é o resultado final
aprovativo dos alunos. Quando há notas baixas surgem as sugestões: de melhorar
a nota, de recuperar o aluno, de rever metodologia. Mas as discussões de
natureza mais ampla não são levas em conta, e nem sempre, quando são consideraas,
são aplicadas, na prática por todos.
Os
índices são mais um exemplo de que as notas são supervalorizadas demais. O
censo educacional é um bom exemplo disso. Todas as escolas brasileiras são
avaliadas, atualmente, pelo censo educacional. Há avaliações internas e
externas, mas o critério principal de avaliação da qualidade do ensino é a
nota, o que é totalmente questionável. Assim, muito frequentemente, se percebe
o descompasso das notas das avaliações internas (aplicadas pela escola e demais
sistema de ensino) e externas (aplicadas por outras instituições).
Diante
desta questão fica a reflexão: será que a nota que se está atribuindo é
coerente com a realidade? Será que a nota que o aluno obtém é justa ou injusta?
Será que as notas boas (maiores que 7,0) são dignas de comemoração? Ou as ruins
(menores que 7,0) são merecedoras de lamento e reprovação ao professor, ao
aluno e à escola?
No
universo acadêmico não é diferente. Desconfie-se das notas altas nas
avaliações, nas defesas de monografia e afins. Pois uma série de notas boas
podem estar mascarando uma realidade totalmente deficiente de aprendizagem e
ensino. Veja-se como exemplo as avaliações institucionais do MEC, as quais têm
demonstrado que há muitas instituições de ensino superior apenas “formando”
acadêmicos, mas a qualidade do ensino nem sempre é assegurada.
Pense-se
nestas questões e reveja as suas notas: professores, alunos, coordenadores,
gestores e família.
E
bons estudos!
Francisco Monteiro
Professor
(Sócio da Associação de Apoio do Colégio Estadual Bela
Vista)
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