07 junho 2013

O MITO DA NOTA BOA

O MITO DA NOTA BOA


A nota (na escola, universidade, cursos e afins) é muito valorizada por alunos, professores, coordenadores e gestores, e mesmo pelas famílias. Diz-se isto com conhecimento prático, de 14 anos de docência, tanto no ensino fundamental, médio, supletivo e superior. Como se a nota, se aprovativa, é sinal de competência e qualidade de ensino. O que nem sempre é verdade.
Muitos reclamam quando, ao final do período de ensino, o resultado se constitui em notas baixas (menor do que 7,0). Então, critica-se o professor, sua metodologia de ensino, sua forma de avaliar. O que são passíveis mesmo de questionamento. Mas, em geral, não há crítica quando toda a turma tira nota boa (maior que 7,0). Não há crítica nem da parte dos alunos, da escola/faculdade/curso e muito menos da família.
Como exemplo de que há um mito da nota nas instituições de ensino, veja-se o argumento (não se sabe a origem) de que se mais de 50% da turma ficar com nota inferior a 7,0, a metodologia do professor tem que ser revista. Então, fica-se o questionamento: o que importa é a nota aprovativa? E as condições de trabalho? E os recursos didáticos inexistentes, insuficientes ou inadequados? E o apoio e acompanhamento pedagógico? Só o que conta é a nota, então?
Os conselhos de classe nas escolas são bem exemplificativos (em quase todas as escolas – as particulares nem se fala) o importante é o resultado final aprovativo dos alunos. Quando há notas baixas surgem as sugestões: de melhorar a nota, de recuperar o aluno, de rever metodologia. Mas as discussões de natureza mais ampla não são levas em conta, e nem sempre, quando são consideraas, são aplicadas, na prática por todos.
Os índices são mais um exemplo de que as notas são supervalorizadas demais. O censo educacional é um bom exemplo disso. Todas as escolas brasileiras são avaliadas, atualmente, pelo censo educacional. Há avaliações internas e externas, mas o critério principal de avaliação da qualidade do ensino é a nota, o que é totalmente questionável. Assim, muito frequentemente, se percebe o descompasso das notas das avaliações internas (aplicadas pela escola e demais sistema de ensino) e externas (aplicadas por outras instituições).
Diante desta questão fica a reflexão: será que a nota que se está atribuindo é coerente com a realidade? Será que a nota que o aluno obtém é justa ou injusta? Será que as notas boas (maiores que 7,0) são dignas de comemoração? Ou as ruins (menores que 7,0) são merecedoras de lamento e reprovação ao professor, ao aluno e à escola?
No universo acadêmico não é diferente. Desconfie-se das notas altas nas avaliações, nas defesas de monografia e afins. Pois uma série de notas boas podem estar mascarando uma realidade totalmente deficiente de aprendizagem e ensino. Veja-se como exemplo as avaliações institucionais do MEC, as quais têm demonstrado que há muitas instituições de ensino superior apenas “formando” acadêmicos, mas a qualidade do ensino nem sempre é assegurada.
Pense-se nestas questões e reveja as suas notas: professores, alunos, coordenadores, gestores e família.
E bons estudos!
Francisco Monteiro
Professor

(Sócio da Associação de Apoio do Colégio Estadual Bela Vista)

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