A teoria tem o benefício da idealização, enquanto a prática
sofre a resistência da concretização, as limitações de espaço-tempo-valores
reais. Dito de outros modo: uma coisa é pensar, outra fazer.
Costuma-se observar bem a realidade e vê-se que nem sempre o
bom cobrador é bom pagador. Desta reflexão nota-se o valor da sabedoria
popular.
No universo escolar, como em tantos outros, vive-se constantemente
as contradições: por exemplo, encontrar quem não é exigente no cumprimento de seus trabalhos enquanto executores mas na hora que
alcançam o posto de chefe mudam radicalmente é comum. Tornam-se exemplares,
rigorosos, detalhistas e legalistas; mas o mais curioso é que ao voltar novamente ao posto de
execução, tudo volta a ser como antes. Ou seja, o que não podia passa a poder.
O que era ilegal ou imoral passa a ser negociável, pois a ótica muda e a prática
também.
Confessa-se que a perfeição não é qualidade humana, ser exemplar
e inquestionável também não é fácil, mas confessa-se que esforçar-se para
cumprir com as obrigações, manter a coerência e não mudar a ideologia por
alguns trocados a mais, alguns favores ou mesmo certos comodismos que levem ao
atraso é inaceitável. O que não é fácil, pois não são poucos os inúmeros
exemplos de quem se cala para passa melhor, se submete às imposições de poder e
glória para sofrer menos e ser menos questionado ou mesmo notado, quando da
caças às bruxas.
Destas observações regata-se mais uma vez a percepção da dificuldade que é educar, pois não basta apenas aconselhar, orientar, cobrar e mesmo ordenar: é preciso fundamentalmente aliar o discurso (seja ele religioso, moral, político, ideológico ou profissional) com a prática, de modo a torná-lo coerente e dar bons exemplos de ética, respeito e coerência para não se assumir um discurso vazio, hipócrita e leviano, pois é nas ações do dia a dia que todos se revelam, se desvelam e se assumem.
Portanto, deve-se pensar e reavaliar qual a postura que se está manifestando na realidade que se diz educacional? Para que se está
educando? Como se estão concretizando os discursos na realidade escolar?
Francisco Monteiro
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