09 novembro 2015

Uma tradução fiel da Amazônia

Segunda-Feira, 09/11/2015, 09:25:23 - Atualizado em 09/11/2015, 09:25:23 De Diário Online (Reprodução)

Filmado no Pará e no Amazonas, “Órfãos do Eldorado” tem pré-estreia hoje em Belém. (Foto: Octavio Cardoso)

O filme “Órfãos do Eldorado”, inspirado na obra de Milton Hatoum, entra em circuito nacional na próxima quinta, dia 12, em três capitais brasileiras: Belém, Rio de Janeiro e São Paulo. Mas antes, Guilherme Coelho, diretor do longa, aporta em Belém para uma missão dupla: uma Master Class, hoje (9), às 15h, na Universidade Federal do Pará, através do Cine Clube Silvino Santos e a pré-estreia do filme, às 21 horas, no Cinépolis Boulevard Belém. A relação entre o filme e a capital paraense é íntima: foram quatro semanas de filmagem em Belém, com locações na cidade e no distrito de Icoaraci - além de contar com um elenco paraense, que inclui Dira Paes, Adriano Barroso e Paulo Fonseca. 

Guilherme Coelho estava em Belém quando leu “Órfãos do Eldorado”. Ficou encantado com a história de Arminto Cordovil, um homem que volta para casa depois de muitos anos ausente. E acabou encontrando nele a vontade de dirigir seu primeiro longa de ficção. “Sempre imaginei que seria melhor começar na ficção com um roteiro original. Adaptações costumam ser difíceis, complicadas. Mas fiquei muito emocionado com o livro do Milton Hatoum”, comenta. Antes ele era conhecido pelos documentários “Fala tu” (2003), selecionado para os festivais de Berlim e Roterdã, “Fernando Lemos – Atrás da imagem” (2006) e “PQD” (2007). 

Com roteiro assinado pelo próprio cineasta e um elenco encabeçado por Daniel de Oliveira, o próprio Milton Hatoum diz preferir chamar a obra de “tradução” em vez de adaptação, por trazer o olhar pessoal do cineasta sobre seu livro. Além de Belém e Icoaraci, as filmagens também ocorreram no arquipélago de Anavilhanas, localizado a seis horas de Manaus, entre setembro e outubro de 2013. Pouco mais de um ano depois, em janeiro de 2015, “Órfãos do Eldorado” ganhou sua pré-estreia mundial na abertura do Festival de Tiradentes, a mais importante plataforma de lançamentos do cinema independente brasileiro. Na mesma ocasião, Dira Paes foi homenageada pelo conjunto de sua obra.

O longa mergulha na mente de Arminto (Daniel de Oliveira), que, surpreendido pela morte de seu pai, se vê obrigado a assumir os negócios da família, dona de uma empresa de navegação que circula pelo rio Amazonas. Aos poucos, no entanto, ele é consumido pelos fantasmas do passado e por suas grandes paixões: Florita, a mulher que o criou, interpretada por Dira; e Dinaura, uma misteriosa cantora cuja aparição na cidade fulmina sua vida. Daniel, que já tinha vindo a Belém duas vezes, trocou a passagem aérea e veio para a capital paraense de carro, para explorar melhor a cidade. Além da chance de usar os mais de dois mil e quatrocentos quilômetros para caracterizar o personagem.

“Tudo nessa viagem eu já estava levando para o personagem, já pensando no Arminto Cordovil”, diz ele. O mesmo interesse de Daniel pela cidade, já havia sido desperto no diretor, que não resistiu à ideia de filmar a história - originalmente ambientada no estado do Amazonas - no Pará. “Vim em 2007, quando aproveitei uma visita a Paragominas para esticar três dias em Belém pesquisando a história do meu avô, já com a ideia de fazer algo baseado nisso. E me apaixonei pela cidade. Passei a voltar duas vezes por ano. Para mim era muito importante filmar em Belém por conta dessa minha relação emocional, com a cidade”.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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