25 outubro 2014

O Cafezinho · A humana contra o robô

24/10/2014 - De: O Cafezinho

Ilustração -  Da Web

O blog está instável porque todo mundo está querendo acessá-lo após o debate, então vou dar minha opinião aqui mesmo, e depois atualizo por lá.

Acho que o debate de hoje, como esperávamos, foi um risco tremendo para Dilma. Um risco necessário, porém.


A presidenta chega completamente exausta ao final de uma campanha agressiva.

Mas com uma excelente campanha, orgânica e autêntica, que produziu uma inédita união das esquerdas, que cobrarão duramente de seu governo maior ousadia e mais sinalização a um conjunto de mudanças.

Dilma e Aécio começaram visivelmente nervosos, sentindo o peso do cansaço, da pressão e, sobretudo, do astral opressivo da Globo.

Até William Bonner se embananou, esquecendo uma das tréplicas de Aécio.

Aécio se comportou com a desenvoltura artificial de um humanóide treinado para política desde a infância.

Com 17 anos já tinha empregos dentro do governo. Seu pai era um deputado federal da ditadura, e deu ao filho uma carteira de policial que, certamente, lhe permitia dar carteirada em qualquer um.

Dilma teve uma vida dura, cheia de traumas e derrotas.

As vitórias que ela colheu não vieram do poder econômico e político de sua família, mas da confiança do povo brasileiro.

Aécio respira arrogância de classe por todos os poros, e por isso as classes altas se agarram a ele como a um igual.

Na Globo, o tucano sabia estar em casa. O ambiente lhe era propício.

A presidenta teve alguns momentos bons. Outros nem tanto.

Ela demonstrou, sobretudo, humanidade. É uma pessoa como nós, nervosa, simples e preocupada.

O risinho cínico de Aécio, típico de um playboy, mais preocupado em passar a imagem de ter vencido do que em tocar algum ponto profundo da alma brasileira, retrata perfeitamente as razões de sua possível derrota no domingo.

Numa democracia, assim como na arte, não vencem os que se portam como campeões.

Em geral, esses são os medíocres.

O povo gosta dos humildes, daqueles em quem eles identificam as angústias e os temores de que ele mesmo, o povo, é vítima diária.

Dilma é uma senhora preocupada. Mas não está preocupada com sua imagem pessoal, como Aécio.

Seu interesse não é posar de vencedora.

Não é expor um riso cínico de boyzinho truculento.

Ela está preocupada com um projeto, que é muito maior que ela.

Um projeto do qual ela é só uma modesta e diligente representante.

Suponho que, daqui em diante, a campanha vai explodir para todos os lados.

Boatos, mentiras, denúncias falsas, denúncias verdadeiras.

Haverá uma overdose de informação que certamente cansará o eleitor.

Dificilmente haverá mudança de voto brusca.

A onda Dilma já cresceu. O momento é dela estourar nas urnas.

O momento é de ter fé na democracia e confiança no povo brasileiro.

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