23 outubro 2014

Agentes da PF adiam decisão sobre greve para depois do segundo turno das eleições

Mobilização cancelada

Assembleias que estavam marcadas para esta terça-feira foram canceladas. Sindicato afirma que medida busca evitar favorecimento para qualquer uma das partes envolvidas nas eleições

21/10/2014 | 20h18 - De: Zero Hora
A possível paralisação dos agentes da Polícia Federal (PF) ficou para depois das eleições. O conselho de representantes, que reúne líderes de sindicatos da categoria em todo o país, cancelou as assembleias para votação da greve, previstas para esta terça-feira, até se encerre o segundo turno. Conforme o presidente do Sindicato dos Policiais Federais-RS, Ubiratan Sanderson, a medida busca evitar "favorecimento para qualquer das partes no pleito".


_ Avaliamos também que o movimento poderia ser tachado de oportunista, então, decidimos adiar. Depois das eleições. voltaremos a debater _ explicou Sanderson.






O indicativo de greve havia sido proposto pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef ), que congrega agentes, escrivães e papiloscopistas federais. Duas são as reclamações principais: salários, congelados há seis anos, e descumprimento do acordo que pôs fim a última greve, em 2012. As assembleias desta terça-feira, em que os agentes votariam pelo início ou não da paralisação, foram adiadas e ainda não têm nova data marcada.



O estopim da mobilização é a recente Medida Provisória (MP) 657, editada pelo governo federal. Os sindicatos dos agentes consideram que ela “atropelou” tratativas no Ministério do Planejamento que davam mais autonomia aos policiais.



A MP define que cargos de chefia e o conceito de autoridade policial são prerrogativas do cargo de delegado. A mesma medida considera o cargo de delegado como “carreira jurídica”, o que permite à categoria pleitear equivalência com procuradores e juízes.



Caso a MP passe pelo Congresso, entre outras vantagens, os delegados só poderão perder o cargo mediante decisão judicial e não serão removidos de setor. Os agentes reivindicam o direito de presidir inquéritos e chefiar postos, pelo menos onde não há delegados.



– A medida cria uma hierarquia política nunca existente na PF, e retira a autoridade e autonomia técnica dos demais policiais envolvidos nas investigações. Apesar de termos curso superior, nossos salários equivalem ao nível médio – reclama Sanderson.



A Associação Nacional dos Delegados de PF (ADPF) e a Federação Nacional dos Delegados de PF (Fenadepol) classificam como “injustificável” a realização da greve. Eles lembram que os agentes ganharam promessa de reajuste de 15% e que foi aberto concurso com remuneração inicial de R$ 9.075,20 e final de R$ 14.129,93.
Na segunda, o diretor regional da ADPF no Estado, Josemauro Nunes, havia criticado o início do movimento em meio ao período eleitoral.



– É estranho que uma pequena parcela dos policiais federais queira greve na semana que antecede o segundo turno das eleições gerais – disse Nunes.



O Ministério da Justiça prometeu, em nota divulgada nesta terça-feira, "realizar todos os esforços possíveis para a aprovação da Medida Provisória 650". O texto garante o reconhecimento do nível superior para todos os cargos da carreira PF. O ministério afirma ainda a MP 657 não "altera os requisitos para ocupação dos cargos comissionados atualmente ocupados por agentes, escrivães, papiloscopistas, peritos e servidores administrativos da PF".

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