Publicado em: 01/10/2013 - 10:18
JULLY CAMILO
Sem data para terminar, a greve dos bancários chega hoje (1º) ao seu 13º dia. E enquanto o canal de negociações entre bancários e banqueiros ainda se mantém fechado, o movimento ganha força. Na capital do estado, São Luís, a adesão já é de praticamente 100%. A agência do Banco Bradesco, situada na Avenida Magalhães de Almeida – a única que ainda se mantinha em funcionamento –, também parou, na manhã de quinta-feira (26). Já os bancos HSBC, Bradesco e Itaú conseguiram impedir os piquetes organizados pelo sindicato na porta das agencias, junto à Justiça do Trabalho. Ontem (30), a categoria realizou um novo ato público, em frente à agência da Caixa Econômica Federal, na Avenida Jerônimo de Albuquerque, no bairro da Cohab.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Maranhão (SEEB-MA), Eloy Natan Nascimento, os bancos HSBC, Bradesco e Itaú entrou com ações diferentes e isoladas, porém da mesma natureza, na Justiça do Trabalho. Ele explicou que na última sexta-feira (27), o sindicato foi notificado sobres os “interditos proibitórios” que impedem a realizam de piquetes nas portas das referidas instituições.
“Eles alegaram que o nosso movimento estava prejudicando a entrada de clientes e funcionários que não queriam aderir ao movimento. Disseram que os funcionários estavam sendo coagidos pelo sindicato, o que não é verdade. Felizmente o nossa greve continua dentro da legalidade, uma vez que o movimento foi reconhecido pela Justiça como legítimo e isso nos torna mais fortes e convictos de nossos direitos”, explicou o sindicalista.
De acordo com Eloy Nascimento, o Bradesco da Magalhães de Almeida, que ainda se mantinha de portas abertas ao público, também aderiu à greve e por conta disso a porcentagem em São Luís, chegou a praticamente 100% das instituições fechadas.
Ele explicou que no interior a adesão dos bancos privados é crescente, apesar das pressões por parte dos banqueiros. “Nas principais cidades do estado, como Imperatriz, Caxias e Açailândia, a greve tem se mostrado forte e as instituições estão todas de portas fechadas. Dos 300 pontos de atendimento, existentes em todo o Maranhão, entre instituições públicas e privadas, mais de 250, ou seja, quase 90% já aderiram ao movimento”, declarou Nascimento.
Durante o ato público realizado na manhã de ontem, em frente à agência da CEF da Cohab, a categoria – que reivindica, entre outros pontos, reajuste salarial, isonomia, segurança, saúde, contratação de mais bancários e respeito à “lei das filas” – cobrou, ainda, a reabertura das negociações.
“A greve é de total responsabilidade dos banqueiros e do governo federal, que insistem em dizer que os lucros não subiram tanto e a economia do país não vai bem”, disse Eloy Nascimento.
De acordo com o sindicalista, “os números desmentem totalmente essa versão dos patrões, pois o lucro líquido do setor atingiu o patamar de R$ 59,7 bilhões nos últimos 12 meses findados em junho de 2013, o que representa crescimento de 7% em relação ao mesmo período entre 2011 e 2012 (R$ 55,8 bilhões)”.
“Em 2013, o resultado promete ser melhor ainda, já que o lucro líquido dos seis maiores bancos, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Itaú, Bradesco, Santander e HSBC, atingiu R$ 29,6 bilhões, com crescimento de 18,2%, só no primeiro semestre de 2013, em relação ao mesmo período de 2012”, disse o sindicalista.
Dados do Sindicato dos Bancários do Maranhão (SEEB-MA) apontam que até a última sexta-feira (27), 10.633 unidades de bancos públicos e privados se mantinham de portas fechadas, nos 26 estados da federação e no Distrito Federal.
Posicionamento dos banqueiros sobre a greve
Leia abaixo a íntegra do posicionamento da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) sobre a campanha salarial dos bancários e a greve no setor. O teor do posicionamento foi divulgado à imprensa no dia 18 de setembro, um adia antes do início da paralisação dos trabalhadores do setor.
Ao longo de 20 anos, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) do setor bancário evoluiu de forma significativa, resultando numa valorização constante do processo de negociação, que a diferencia e a torna única em relação a outras categorias profissionais. Ela contempla espaços inigualáveis de diálogo, solução de conflitos, proteção e remuneração no país.
Nos aspectos sociais e sindicais, a categoria dos bancários tem canais de debates inéditos no país, com mesas temáticas importantes para negociações permanentes, como condições de trabalho, igualdade e oportunidades, saúde, segurança, entre outros. Fruto de discussões e atendendo as sugestões da própria mesa de negociação, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou no dia 6 de setembro às lideranças sindicais dos bancários proposta para agilizar o processo de apuração de questionamentos que levam a conflitos no ambiente de trabalho. O prazo cai de 60 para 45 dias.
A Fenaban propõe ainda a constituição de dois grupos de trabalho: um para analisar as causas de afastamento no setor e outro para conduzir uma ampla discussão sobre jornada de trabalho.
A Fenaban também se compromete a realizar um Seminário sobre Tendências da Tecnologia no Cenário Bancário Mundial, diante do fato de que a tecnologia é cada vez mais um alicerce para a indústria global de serviços financeiros.
Em relação às questões econômicas, a Fenaban apresentou às lideranças sindicais dos bancários proposta global contendo reajuste salarial de 6,1%, que corrigirá salários, pisos e benefícios. Será mantida a mesma fórmula de participação nos lucros, com correção dos valores fixos e de tetos em 6,1%.
A Fenaban ressalta que o piso salarial da categoria subiu mais de 75% nos últimos 7 anos e os salários foram reajustados em 58%, ante uma inflação medida pelo INPC de 42%. Ou seja, somente o piso salarial registrou aumento real de 23,21%. A proposta deve ser avaliada considerando os ganhos dos últimos anos, que é bastante significativo, mas que representa custos, afirma o diretor de Relações do Trabalho da Fenaban, Magnus Ribas Apostólico. Ele acrescenta que o momento atual exige cautela, pois a ‘economia está num ritmo mais lento, as margens de todos os setores estão mais apertadas e a geração de emprego está em queda. É um momento de se preservar conquistas e não de aumentar custos, por isso a proposta prevê manutenção do poder aquisitivo.’
‘A Fenaban se mantém aberta a negociações’, conclui o diretor.
Pela proposta, o piso salarial para bancários que exercem a função de caixa passará para R$ 2.182,36 para jornadas de seis horas. Entre outros benefícios, estão previstos reajuste do auxílio refeição, que sobe para R$ 22,77 por dia; a cesta alimentação passa para R$ 390,36 por mês, além da 13ª cesta no mesmo valor e auxílio-creche mensal de R$ 324,89 por filho até 6 anos.
Fonte: Jornal Pequeno
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