Um inquérito da Polícia Federal (PF) aponta ligações entre uma quadrilha especializada em fraudar investimentos de fundos previdenciários, comandada pelo doleiro Fayed Traboulsi, com o governo do Tocantins e prefeituras tocantinenses – a de Araguaína, do prefeito Ronaldo Dimas é a única citada.
O inquérito embasou a Operação Miqueias, que culminou na apreensão de documentos e na prisão de membros da quadrilha responsável por desviar dinheiro de fundos previdenciários em diversos estados.
A operação revelou um esquema que desviou mais de R$ 300 milhões de reais dos fundos previdenciários. Citado na operação, o então presidente do Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (IGEPREV), Rogério Villas Boas, foi exonerado pelo governo estadual na última sexta-feira.
De acordo com o documento de 325 páginas, a atuação da quadrilha consistia em movimentações financeiras volumosas em contas bancárias titularizadas por empresas fantasmas ou de fachada, cujos quadros societários seriam compostos por “laranjas”.
IGEPREV
Entre as citações que a PF faz ao governo do Tocantins, está a ligação entre Villas Boas e o doleiro Fayed, que, também segundo PF, era a “cabeça” da operação fraudulenta.
No inquérito, Fayed cita Villas Boas afirmando que teria que “fazer uma reunião com o Rogério e o Toledo”, sendo este último outro membro da quadrilha.
O IGEPREV também é citado em negociação de papéis da empresa Diferencial Corretora de Títulos e Valores Mobiliário. Em 2012, A empresa sofreu liquidação extrajudicial pelo Banco Central e administrava R$ 150 milhões do IGEPREV, aplicações consideradas “temerárias” pela investigação realizada pela PF.
À época, o governo do Estado afirmou não ter tido prejuízos na aplicação feita junto à empresa que administrou o dinheiro do fundo. Procurado, o governo do Tocantins não se manifestou sobre o assunto.
Pastinhas
A PF aponta que uma das formas de contato da quadrilha com os gestores dos fundos previdenciários seria através de mulheres, jovens e bonitas, conhecidas como “pastinhas”. Elas seriam incumbidas por Fayed de convencer os prefeitos e secretários municipais a aplicar dinheiro dos fundos previdenciários em títulos “podres” controlados pela própria quadrilha. Entre as mulheres citadas, está Luciene Hoeper, que, em gravações telefônicas feitas durante a investigação, cita a atuação do esquema em cidades do Tocantins.
Uma conversa de Luciene e com outra pastinha, Alline Teixeira Olivier, ela fala de um encontro que estaria sendo preparado no Tocantins para negociação.
Em um dos momentos da conversa, de acordo com a PF, Luciene teria dito a Alline que “Fayed foi a uma inauguração porque o Siqueira pediu”. No texto não fica especificado a quem Luciene e Alline se referem nem qual seria o ‘Siqueira’ mencionado .
No facebook, tanto Lú quanto Alline são amigas de Eduardo Siqueira Campos, secretário estadual de Relações Institucionais. Eduardo negou que conheça as duas mulheres.
”Tenho muitíssimas pessoas adicionadas em rede social, não tenho nenhum contato com essas duas mulheres”, disse Eduardo, que ainda afirmou que seu nome “não é citado em momento algum pelo inquérito da Polícia Federal”.
Araguaína
Em outro momento, a investigação também cita reuniões entre o doleiro Fayed e o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas. O encontro entre Fayed e Ronaldo Dimas teria sido intermediado pelo deputado federal licenciado e secretário de Esportes do Tocantins, Eduardo Gomes (PSDB), conforme transcrição no quadro desta matéria.
Procurados pela imprensa, tanto o prefeito de Araguaína quanto o deputado federal, por meio de nota enviada por suas assessorias, confirmaram que o encontro ocorreu, mas que nenhuma negociação teria ocorrido.
Diálogos
15/10/2012
Fayed: (…) Você consegue atender o prefeito de Araguaína agora porque eu estou indo para o aeroporto?
Cíntia: Aonde?
Fayed: (…) Ele está no apartamento do Eduardo, lá na 302 Norte.
16/10/2012
Eduardo Gomes: Eu tô chegando aí. É que o prefeito tá indo em outro carro. Ronaldo Dimas o nome dele.
Fayed: Tá bom então.
30/04/2013
Segundo a PF, Alline e Luciene falam sobre o Tocantins na ligação
Alline: Deu certo aquele negócio? Como é que tá?
Luciene: Não foi marcado ainda. (…) Agora se for para lá é para fechar. Já foi feito um ano de trabalho naquele lugar. Precisa no mínimo ter um resultado rápido naquilo.
Alline: É verdade.
Fonte: Folha do Bico / (Jornal do Tocantins)
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