11 de Agosto de 2016 - de Brasil 247 (Reprodução)
O "calendário" do golpe não foi escolhido ao acaso. As Olimpíadas, a sequência das informações "liberadas" pela Lava Jato e divulgadas pela mídia, os ataques feitos a determinadas pessoas (e partido) e as medidas impostas pelo "governo" golpista seguem um cronograma cuidadosamente pré-estabelecido. Os golpistas, no Executivo e no Congresso, a mídia e setores do judiciário envolvidos no golpe "harmonizaram" os seus esforços como uma grande orquestra no ataque à democracia e ao povo brasileiro. Não é a toa que as denúncias feitas por delatores na Lava Jato sobre o suposto envolvimento de Michel Temer e José Serra em desvios e propinas milionárias, por exemplo, tenham sido divulgadas, ainda que discretamente, pela grande mídia, em meio as Olimpíadas. A lógica dos golpistas é simples: abafar e minimizar o impacto das informações divulgadas que possam prejudica-los e maximizar o estrago das informações que afetem a resistência ao golpe. "Denúncias" feitas contra Lula e Dilma, normalmente, ocorrem em momentos em que os golpistas estão mais vulneráveis a ataques da mídia; por exemplo, devido a alguma medida "impopular" tomada por eles. Por via de regra, quando uma notícia estiver recebendo demasiado destaque e aparecer de forma muito recorrente na mídia, o melhor a fazer é buscar qual é a OUTRA notícia que mídia não quer que a população preste atenção.
As Olimpíadas de 2016 foi um projeto idealizado por Dilma e Lula e que contou com grande colaboração dos seus governos. Ironicamente, esse mesmo evento está sendo usado para "amenizar" os ânimos da população em relação a um golpe de estado contra a própria Dilma. Um evento, que deveria ser sinônimo de união e fraternidade, acabou se tornando um chamativo para que os usurpadores do poder pudessem tirar proveito dos méritos do trabalho desenvolvido pela pessoa que eles traíram.
Manifestações e protestos, que antes eram permitidos em jogos, agora são proibidos. Os agentes de segurança, contratados para garantir a tranquilidade dos jogos e a segurança dos turistas durante as olimpíadas, são usados como censores para prevenir e reprimir qualquer tipo de manifestação contra o "governo" golpista, sobretudo contra Temer. O que deveria ser diversão acabou se transformando em palco de repressão.
Seguindo a tática do "para que o povo não conteste o que estou fazendo, vou acusar outros de fazer o que estou fazendo", os golpistas calculam, com precisão, a sequência das suas ações. Quando notícias sobre as "gastanças" extraordinárias que Temer e a sua jovem esposa fazem em viagens luxuosas pelo mundo afora e o estilo de vida milionário que eles levam começaram a ser divulgadas, Temer bloqueou recursos para Dilma no Palácio do Planalto, inclusive para a alimentação, e impediu que Dilma utilizasse aviões da FAB, sob o pretexto de "economia". E foi essa notícia que ganhou destaque na mídia.
Os golpistas criticavam ferozmente as "gastanças" do governo Dilma e a chamavam de irresponsável. O que Temer fez logo depois de usurpar o poder? Quase dobrou os gastos previstos no orçamento da união. E, até o momento, ele já deu aumentos de salário para o Judiciário, polícias e para os funcionários públicos de "primeira linha". Enquanto isso, ele está cortando os (poucos) investimentos para os mais pobres, que, de fato, precisam dos recursos. E um dos mantras entoados pelos golpistas era o de "contenção de gastos".
O "governo" usurpador transformou órgãos técnicos em órgãos políticos, como foi o caso da Controladoria Geral da União, que tinha autonomia para investigar, prevenir e combater a corrupção, e que passou a ser controlado, indiretamente, pelo próprio "governo" golpista. Milhares de cargos comissionados foram criados pelo Legislativo. Isso depois de terem passado anos acusando Dilma e Lula de usarem o aparato estatal para os seus próprios interesses.
O povo foi levado a acreditar que o golpe seria benéfico para o Brasil e para a população em geral. Mas já está claro que ele, assim como o Golpe de 64, foi planejado pelos mais ricos, para os mais ricos. Está claro que o Brasil voltou a ser domínio do governo americano. E está claro que o país levará décadas para se recuperar deste golpe.
As Olimpíadas Rio2016 estão sendo usadas para tentar transmitir um ar de normalidade política no país. Mas um golpe de estado não é algo fácil de esconder. E chegará um momento em que a alegria relutante desse evento irá se desvanecer. E o povo terá que acordar para a triste realidade de um "governo" golpista, autoritário, ilegítimo, elitista e cruel. E, quando isso acontecer, talvez seja tarde demais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários geram responsabilidade. Portanto, não ofenda, difame ou dscrimine. Gratos pela contribuição.