02 setembro 2015

EUROPA - CRIANÇA É ENCONTRADA MORTA EM PRAIA TURCA APÓS NAUFRÁGIO


Jean Wyllys
3 hEditado

Se antes muitos tentavam não ver a situação das pessoas que fogem das guerras ou da miséria profunda; se tentavam ignorar os mortos nessa corrida por condições mínimas de vida; se clamavam por mais muros e cercas para mantê-los longe de si, hoje já não podem se fazer de indiferentes diante da cena da morte de uma das maiores vítimas deste mundo cão: as crianças, duplamente indefesas diante da sua incapacidade natural em reagir à xenofobia e ao racismo. A foto da criança, provavelmente síria, encontrada morta em uma praia turca após o naufrágio da embarcação em que ela e sua família utilizavam para chegar à Grécia ganhou as manchetes de todos os jornais do mundo hoje.

De que guerras fogem? Aos interesses de quem atendem estes conflitos? Quem lucra com tanta desigualdade social? Quais indústrias, organizações políticas e religiosas e grupos financeiros mais faturam com as mazelas humanas? As respostas não estão tão distantes!
Embora muito se fale da questão europeia, não podemos esquecer que vivemos esta realidade aqui, em nosso próprio país. E, da mesma forma, vemos clamores por todos os cantos para que haitianos e bolivianos, que fogem da miséria, sejam expulsos, impedidos de entrar em nosso país. Vemos ataques com armas nas ruas, revoltados das redes sociais praticando o assédio e a humilhação, em vídeo, com grande repercussão e aceitação.

Aqui impera o mesmo discurso, infelizmente. Parlamentares, declaradamente representantes destes revoltados, berram aos microfones da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, da qual sou membro, que não existe xenofobia, que estes refugiados são, na realidade, criminosos e guerrilheiros e que, portanto, são vítimas de uma suposta violência justificada. Atacam qualquer política que garanta a estes imigrantes, ou mesmo à população pobre e discriminada do nosso próprio país, uma vida digna e produtiva.

A imagem deste pequeno garoto morto pode muito bem representar a forma como o nosso país vem tratando aqueles que a ele recorrem. Não podemos nos omitir, e não iremos. Por um mundo mais humano às próximas gerações humanas!

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