14 setembro 2015

Controles de fronteira da Alemanha repercutem na Europa

Iniciativa de Berlim tem potencial de reforçar os Estados europeus que se opõem ao acolhimento dos refugiados.

Em 13 SET2015 - 18h11 atualizado às 19h16 (Reprodução)

Apenas alguns dias após ter se apresentado como paladina da solidariedade aos refugiados, a Alemanha está ameaçada de se tornar figura de proa para os governos que rechaçam o acolhimento e asilo aos milhares de migrantes que chegam ao continente, vindos sobretudo da Síria e do Iraque.

Foto: EFE

A reviravolta se deu com o anúncio do ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, neste domingo, de que o país estava reinstituindo em caráter provisório os controles de fronteira, a fim de ganhar "mais tempo e uma certa dose de ordem" diante da crise migratória.

Antes, o afluxo de milhares de refugiados, vindos da vizinha Áustria, suscitara protestos de Munique de que a municipalidade batera no limite de suas capacidades de acolhimento.

UE não vê conflito com Schengen

O secretário do Interior da Baviera, Joachim Herrmann, confirmou que inicialmente a restrição só se aplica à fronteira austro-alemã e que "no momento os controles são por tempo indeterminado". Caso se percebam "movimentos de desvio" na onda de migrantes, se considerará monitorar também outras fronteiras.

A Comissão Europeia declarou em princípio não ver motivo para críticas à iniciativa de Berlim. Sua primeira impressão é de que a situação na Alemanha está em conformidade com as regras do código de fronteiras de Schengen.

Na tarde desta segunda-feira, os ministros do Interior da União Europeia realizam uma reunião extraordinária para discutir a crise migratória. O chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pleiteia a redistribuição, pelos demais Estados da UE, dos 120 mil refugiados atualmente na Grécia, Itália e Hungria.

Aplausos dos países do Leste

Seguindo o "exemplo" da Alemanha, a República Tcheca anunciou que também pretende endurecer a segurança em sua fronteira com a Áustria. Segundo o ministro do Interior Milan Chovanec, depois que Berlim reinstituiu os controles, seu país, é "agora a única passagem" para os refugiados.

Foto: EFE

O primeiro-ministro tcheco, Bohuslav Sobotka, declarou em comunicado que a decisão alemã "podia ser esperada [...] como uma reação às tensões dentro da zona de Schengen, causadas pela crise migratória". Assim como outros ex-Estados comunistas europeus, a República Tcheca se opõe com veemência a aplicação de quotas compulsórias para acolhimento de refugiados.

Seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, disse ao tabloide Bild: "Temos grande compreensão pela decisão da Alemanha e declaramos nossa solidariedade integral." Percebe-se que "essa decisão foi necessária, a fim de defender os elevados valores do país e da Europa", prosseguiu o direitista. "Naturalmente estamos prontos a toda forma de cooperação."

País situado nos limites externos da União Europeia, a Hungria tem sido acusada de tratamento desumano para com os refugiados, além de ter adotado medidas jurídicas severas para coibir a onda migratória, como a punição com até três anos de prisão para os imigrantes ilegais.

A Polônia, em contrapartida, declarou-se disposta a aceitar mais imigrantes se a UE reforçar suas fronteiras externas; separar os que precisam de ajuda dos migrantes por motivos econômicos; e permitir que Varsóvia opine no processo de triagem, do ponto de vista de segurança.

"Se certas condições forem cumpridas, estamos prontos a mostrar mais solidariedade do que agora", assegurou o vice-ministro do Exterior Rafal Trzaskowski no site de notícias TVN24.pl. O parlamento polonês debaterá a crise em sessão extraordinária na próxima quarta-feira.

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