Promotor diz que Ronaldo Miranda foi imprudente e negligente ao volante.
O risco de grave dano e uso de veículo adulterado são agravantes no caso.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu denúncia nesta segunda-feira (21) contra o motorista de Cristiano Araújo, Ronaldo Miranda Ribeiro, 41, pelo crime de duplo homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, do sertanejo e da namorada, Allana Moraes, 19. A pena para esse crime varia de 2 a 4 anos. O casal morreu após o veículo em que estavam capotar na BR-153, próximo a Morrinhos, na região sul de Goiás.
Segundo o promotor de Justiça Nelson Vilela Costa, autor da ação, ainda existem dois agravantes que podem aumentar a pena: o risco de grave dano para duas ou mais pessoas e o uso de veículo adulterado, o que interferiu na segurança.
O G1 tenta contato com o advogado de Ronaldo Miranda desde 15h30, mas as ligações não foram atendidas até a publicação dessa reportagem
Na denúncia, o MP afirma que o motorista trafegava na BR-153, por volta das 3h10, conduzindo o veículo de Cristiano Araújo de maneira imprudente, negligente e imperita, condutas que provocaram a morte do casal.
Segundo o promotor, Ronaldo estava em alta velocidade e ignorou as informações dadas pelo velocímetro. Além disso, utilizou uma roda diferente do modelo indicado pela montadora e que continha soldas grosseiras. Ao instalá-las no veículo, também não recolou os bicos de ar originais com sensores de pressão.
O órgão ainda ressalta que o motorista estava a 179.3 km/h quando perdeu a direção do veículo, que saiu da pista, entrou no canteiro central e capotou. Allana não usava cinto de segurança e, com o impacto, foi arremessada para fora do veículo e morreu na hora. Já Cristiano Araújo, que também estava sem o acessório, chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho do Hospital de Urgências deGoiânia (Hugo).
Acidente e investigação
O acidente que matou Cristiano Araújo e a namorada ocorreu por volta das 3h10 de 24 de junho, no Km 612,6 da BR-153, em Morrinhos, quando o sertanejo voltava para Goiânia após um show em Itumbiara, no sul do estado. Além do casal e do motorista, também estava no veículo o empresário Vitor Leonardo. Os dois últimos ficaram feridos, mas deixaram o hospital dias depois.
O condutor perdeu o controle do veículo 21 minutos após fazer uma parada em um posto de combustíveis, a cerca de 57 km do local do capotamento.
No inquérito que indiciou Ronaldo, há o depoimento de dez pessoas, pareceres técnicos elaborados pela concessionária da rodovia e da empresa do veiculo. Também foram considerados laudos de exame cadavérico, de local de acidente e complementares do Instituto de Criminalística de Goiás.
De acordo com a perícia realizada no ponto em que o carro saiu da pista, a via estava em boas condições. Por isso, segundo o perito criminal José Luiz Macedo, não havia fator na rodovia que pudesse contribuir para o capotamento.
Segundo o delegado Fabiano Henrique Jacomelis, responsável pela investigação policial, Ronaldo chorou ao prestar depoimento. O condutor negou ter feito o consumo de bebidas alcoólicas, o que foi comprovado em uma análise, e que estivesse falando ao celular ou dormido ao volante.
Porém, Ronaldo confessou que seguia acima da velocidade permitida na via, que é de 110 km/h. Um relatório técnico da Land Rover, fabricante da Range Rover, carro do cantor, aponta que o veículo estava a 179 km/h cinco segundos antes do acidente.
Segundo o delegado, o dado do relatório da Land Rover ficou registrado na "caixa preta" do veículo. As informações foram retiradas do módulo e enviadas para a Inglaterra, onde foram analisadas. De acordo com cálculo feito pelos peritos goianos, no momento em que capotou, o carro já havia desacelerado e estava a 120 km/h.
A troca das rodas originais do veículo por outras de marca indefinida também contribuíram para o acidente, segundo a investigação. O Range Rover Sport capotou após as soldas da roda traseira direita se romperem e cortarem o pneu, que saiu completamente da estrutura do automóvel.
Jacomelis disse que o motorista foi negligente e imprudente: "Houve o crime de trânsito, ele agiu com negligência no momento que transitou com as rodas não originais, com danos, e imprudente por dirigir em excesso de velocidade". O delegado explicou que, apesar de saber dos riscos, o motorista não teve a intenção de matar o casal.
Multa
Ronaldo Miranda levou uma multa por transportar um passageiro sem cinto de segurançaquatros dias antes do acidente. Segundo o registro no Departamento Nacional de Trânsito de Goiás (Detran-GO), o condutor foi autuado no próprio carro, um Honda Civic, na GO-080, em São Francisco de Goiás, na região central do estado (veja vídeo abaixo).
Ronaldo Miranda levou uma multa por transportar um passageiro sem cinto de segurançaquatros dias antes do acidente. Segundo o registro no Departamento Nacional de Trânsito de Goiás (Detran-GO), o condutor foi autuado no próprio carro, um Honda Civic, na GO-080, em São Francisco de Goiás, na região central do estado (veja vídeo abaixo).
No último dia 11, o advogado do motorista confirmou ao G1 que ele realmente foi multado na rodovia, quando ia de Ceres, no norte goiano, para a capital, onde mora. Porém, tem uma versão diferente para o motivo da infração.
Segundo ele, apesar da multa ter sido expedida pelo transporte de passageiro sem cinto, o motorista foi autuado pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE) por transportar a filha, de 1 ano, no banco da frente, no colo da mãe, mesmo tendo a cadeirinha. Já os outros dois filhos do casal, de 9 e 12 anos, estavam no banco traseiro e, de acordo com Ricardo, usavam cinto de segurança.
No mesmo dia desta infração, Ronaldo também foi autuado por problema no licenciamento do veículo. Após a multa, ele foi liberado.
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