22 setembro 2015

Redução do desmatamento na Amazônia pode evitar até 1.700 mortes anualmente, afirmam pesquisadores

De: Giovana Girardi -O Estadão / AF Notícias - 18/09/15 17h12 (Reprodução)
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Redução do desmatamento na Amazônia pode estar evitando até 1.700 mortes, 
aponta pesquisa 

Além de proteger a biodiversidade e conter a emissão de gases de efeito estufa, a forte redução do desmatamento que ocorreu na Amazônia nos últimos dez anos teve um efeito positivo na saúde. É o que aponta um estudo realizado por pesquisadores da Inglaterra, dos Estados Unidos e do Brasil divulgado na quarta-feira (16).

A pesquisa, publicada no periódico Nature Geoscience, é a primeira a mostrar a relação entre desmatamento e melhora da saúde. A ideia é que se a perda florestal foi menor isso significa que houve menos queimadas e, portanto, menos fumaça contendo material particulado e outros poluentes, como monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio.

Trabalhando com imagens de satélite, medições no solo, modelos de circulação atmosférica e cálculos que relacionam poluição e doenças, os autores concluíram que, com menos queimadas, diminuiu em até 30% a camada de fumaça. Com isso, de 400 a 1.700 mortes podem estar sendo evitadas anualmente na América do Sul.

A abrangência do benefício se dá - explica o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores - porque a fumaça, principalmente no sudoeste da Amazônia (onde está o chamado arco do desmatamento), é transportada com o vapor d’água para todo o continente.

Segundo ele, no auge do desmatamento, que chegou a 27 mil km² em 2004, era possível ver claramente do espaço uma grossa camada de fumaça sobre a região. Hoje a taxa anual está em cerca de 5 mil km², uma redução de mais de 80%. Ainda é possível ver a fumaça pelos satélites, mas a espessura já é bem menor.

Os pesquisadores, liderados por Dominick Spracklen, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, analisaram a profundidade da camada de fumaça por imagens de satélite e com sensores localizados no solo durante a temporada seca no sudoeste da Amazônia, entre agosto e outubro, no período de 2001 a 2012. "Em anos com altas taxas de desmatamento, a atmosfera estava muito mais poluída, se comparada a anos com baixo desmatamento. Com a forte queda, os níveis de poluentes associados também diminuíram", diz Artaxo.

Essas observações foram combinadas com modelos atmosféricos de circulação. A fumaça vinda da Amazônia vem parar, por exemplo, no Sudeste. Considerando a densidade populacional, Artaxo estima que os maiores benefícios da redução das queimadas foram sentidos nessa parte do País. "Mas claro que no entorno a melhora também é visível", afirma.

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