Em 18/09/2015 20h08
- Atualizado em
18/09/2015 20h08 - Do G1 TO (Reprodução)
Resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização 2014 foram divulgados.
Dados revelam que 64,93% dos estudantes não conseguem entender textos.
Mais da metade dos estudantes do 3º ano do ensino fundamental - idade
em que termina o ciclo de alfabetização nas escolas - do Tocantins têm
dificuldade de achar informações explícitas em textos curtos ou
conseguem somente ler palavras com sílabas canônicas. Esses alunos
correspondem a 64,93% das crianças, que alcançaram apenas os níveis 1 e 2
de leitura na Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2014 no
Tocantins. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (17) pelo Ministério da Educação (MEC) e levam em conta estudantes da zona urbana e rural.
No Tocantins,
apenas 6,72% das crianças alcançaram o nível mais alto de leitura (4).
Em Palmas, 11,27% chegaram ao nível 4, superando a média nacional
(11,20%). O exame contempla também o nível de escrita e de matemática.
Os níveis de leitura em Palmas
ficaram assim: 19,29% (1), 34,35% (2), 35,1% (3) e 11,27% (4). No
Tocantins, a divisão ficou da seguinte forma: 26,6% (1), 38,33% (2),
28,89% (3) e 6,72% (4).
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Escrita
O segundo ponto analisado pela Avaliação Nacional de Alfabetização foi a escrita. Este ponto foi dividido em cinco níveis e, segundo o MEC, 8,7% dos alunos de Palmas alcançaram o mais alto. No Tocantins, 8,50% de estudantes alcançaram o nível 5.
Os níveis em Palmas ficaram assim: 11,55% (1), 25,94% (2), 6,69% (3) e
47,11% (4) e 8,7% (5). No Tocantins foram: 14,32% (1), 24,34% (2), 8,31%
(3), 44,53% (4) e 8,50% (5).
Matemática
Na prova de matemática, os dados divulgados pelo Ministério da Educação apontam que 20,19% alcançaram o nível máximo (4) em Palmas. Os outros níveis ficaram assim: 22,57% (1), 36,71% (2) e 20,53% (3). No Tocantins: 30,37% (1), 37,41% (2), 16,80% (3) e 14,42% (4).
Entenda o exame
Em 2012, o governo criou o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), um compromisso dos governos federal, estaduais e municipais para garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas quando concluírem o 3º ano do fundamental. A ANA, que começou a ser realizada em 2013, é feita com os estudantes em duas provas: na de língua portuguesa, há 17 questões de múltipla escolha e três de produção escrita. Na prova de matemática, são 20 questões de múltipla escolha.
Na divulgação dos dados da ANA de 2014, a primeira vez que o resultado
do Brasil foi divulgado publicamente, o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não indicou quais níveis
de cada escala representam aprendizado adequado.
De acordo com o governo federal, em 2014 o Brasil tinha 3.294.729
estudantes matriculados no 3º ano do fundamental, considerando as redes
pública e privadas, na zona urbana e em escolas do campo.
ANA 2014: leitura
Veja a porcentagem de alunos do 3º do ensino fundamental em cada um dos níveis da escala
Fonte: MEC/Inep
*Segundo o MEC, o nível 1 é considerado inadequado em relação ao aprendizado esperado dos alunos
Avaliação Nacional
No caso da leitura, os níveis vão de 1 a 4, e só 11,20% dos estudantes atingiram o nível mais alto (o 4). Mais de um quinto deles (22,21%) não passaram do nível 1, onde, segundo o Inep, as crianças são capazes apenas de ler palavras com sílabas canônicas (compostas de uma vogal e uma consoante) e não canônicas.
Outros 33,96% ficaram no nível 2 e, de acordo com a escala, conseguir,
por exemplo, achar informações explícitas apenas em textos curtos, ou se
elas estiverem na primeira linha de um texto mais comprido. O MEC
considera como exemplos de textos curtos piadas, poemas e quadrinhos,
entre outros. Segundo a avaliação, textos mais extensos podem ser
trechos de literatura, lendas, cantigas folclóricas ou poemas.
No nível 2, as crianças sabem reconhecer a finalidade de diferentes
tipos de texto, como convite, receita, anúncio ou um bilhete, e entendem
o sentido de piadas ou de histórias em quadrinhos que misturam a
linguagem verbal e a não verbal.
No nível 3 estão 32,63% das crianças, diz a ANA. Nesse nível, o
estudante é capaz de localizar informações explícitas no meio ou ao
final de textos mais extensos, identificar onde está o pronome pessoal
do caso reto em alguns textos, e fazer a relação entre causa e
consequência de textos verbais ou de textos que usam linguagem verbal e
não verbal.
Já no nível 4, o mais alto, onde está a menor porcentagem das crianças
avaliadas, o estudante já deve ser capaz de reconhecer a relação de
tempo em texto verbal e os participantes de um diálogo em uma entrevista
ficcional, identificam outras estruturas sintáticas em textos curtos,
como o pronome possessivo, o advérbio de lugar e o pronome
demonstrativo, entendem o sentido de trechos de contos e o sentido de
palavras em meio a texto mais compridos.
ANA 2014: escrita
Veja a porcentagem de alunos do 3º do ensino fundamental em cada um dos níveis da escala
Fonte: MEC/Inep
*Segundo o MEC, os níveis 1, 2 e 3 são considerados inadequados ao aprendizado esperado dos aluno
Escrita nacional
A escala de escrita na ANA tem cinco níveis e, segundo o ministro, os níveis 1, 2 e 3 são considerados de aprendizado inadequado. Nele estão 34,46% dos estudantes avaliados. No nível 1 estão 11,64% dos estudantes. Isso significa, segundo o Inep, que elas "ainda não escrevem palavras alfabeticamente" e "provavelmente não escrevem o texto ou produzem textos ilegíveis".
No nível 2, em que os alunos "provavelmente escrevem alfabeticamente
palavras com trocas ou omissão de letras, alterações na ordem das letras
e outros desvios ortográficos", estão 15,03% dos estudantes.
Segundo a ANA 2014, 7,79% dos estudantes estão no nível 3 de escrita.
Nele, a criança deve ser capaz de escrever "palavras com estrutura
silábica consoante-vogal, apresentando alguns desvios ortográficos em
palavras com estruturas silábicas mais complexas", e "escrevem de forma
incipiente ou inadequada ao que foi proposto", ou escrevem frases, mas
ainda sem conectivos, e "apresentam ainda grande quantidade de desvios
ortográficos".
A maioria das crianças de oito anos avaliadas (55,66%) se encontram no
nível 4 de escrita, diz o Inep. Nele, elas podem escrever com diferentes
estruturas silábicas, dão continuidade a uma narrativa, mesmo que não
consigam contar todas as partes da história, ou incluir todos os
elementos da narrativa. Elas já usam conectivos no texto. Além disso,
segundo o Inep, "o texto pode apresentar alguns desvios ortográficos e
de segmentação que não comprometem a compreensão".
Uma em cada dez crianças (9,88%) atingiu o nível mais alto de escrita
no fim do ciclo de alfabetização. Isso quer dizer que elas provavelmente
sabem continuar uma narrativa, com uma situação central e final,
articulam as partes do texto com conectivos, separam e escrevem as
palavras corretamente, mas ainda podem apresentar "alguns desvios
ortográficos e de pontuação que não comprometem a compreensão".
ANA 2014: matemática
Veja a porcentagem de alunos do 3º do ensino fundamental em cada um dos níveis da escala
Fonte: MEC/Inep
*Segundo o MEC, os níveis 1 e 2 são considerados inadequados ao aprendizado esperado dos aluno
Matemática nacional
Praticamente um quarto das crianças avaliadas em 2014 (24,29%) atingiram o nível 1 na escala de alfabetização em matemática, e 32,78% delas ficaram no nível 2. Ambos os níveis são considerados inadequados pelo ministro Janine Ribeiro.
Segundo o presidente do Inep, Chico Soares, há uma explicação mais
complexa por trás dos resultados da prova de matemática. O desempenho
dos estudantes, de acordo com ele, é impactado pelo nível de
conhecimento do português, "porque os estudantes precisam interpretar
aquele problema para transformá-lo em um cálculo, em um resultado".
No primeiro nível, espera-se que as crianças saibam contar até 20, ler
as horas e minutos em relógio digital e comparem objetos pelo seu
comprimento, entre outras habilidades. No segundo, elas também
reconhecem o valor monetário de cédulos e de grupos de cédulas e moedas,
identificam o registro do tempo em um calendário, completam sequências
numéricas crescentes e escrevem números de dois algarismos na ordem,
além de somar até três algarismos e subtrair até dois algarismos.
Já no nível 3, onde o aluno provavelmente é capaz de resolver problemas
com números maiores de 20 e calcular divisões entre partes iguais, com
apoio de imagem, estão 17,78% dos estudantes.
No nível 4, o mais alto da escala de matemática, estão 25,15% dos
estudantes brasileiros que concluíram o ciclo de alfabetização em 2014,
segundo o Inep. Neste nível, eles devem ser capazes de ler as horas e
minutos em relógios analógicos, sabem ler alguns elementos de gráficos
de barra, fazem operação de subtração com até três algaritmos e divisão
em partes iguais ou em proporcionalidade sem auxílio de imagens.
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