Pedreiro Amarildo desaparece após operação policial na favela da Rocinha51 fotos9 / 51
31.jul.2013 - Dez manequins cobertos por um tecido branco foram fincados na na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O ato simboliza dez desaparecimentos registrados pela Polícia Civil no Estado e que ainda estão sem solução. Um dos dez bonecos representava o pedreiro Amarildo. A manifestação, silenciosa, é da organização não governamental Rio de Paz Tânia Rêgo/ABr
Os três policiais militares que tiveram a prisão decretada pela Justiça do Rio de Janeiro em nova denúncia a respeito do desaparecimento de Amarildo de Souza se apresentaram na tarde desta quarta-feira (23) no quartel general da PM, no centro do Rio de Janeiro.
Eles passam por exames de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) e serão levados durante a noite para o BEP (Batalhão Especial Prisional) da corporação, em Benfica, zona norte do Rio de Janeiro.
Os sargentos Reinaldo Gonçalves e Lourival Moreira e o soldado Wagner Soares, acusados de participação ativa na sessão de tortura que culminou com a morte do pedreiro numa área contígua à UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, se juntam a outros oito colegas presos no mesmo local.
Veja vídeos sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo - 21 vídeos
23.out.2013 - Justiça decreta a prisão de mais três PMs
22.out.2013 - Policial fingiu se passar por bandido
15.out.2013 - Policial detalha tortura de Amarildo em UPP
7.out.2013 - Polícia investiga casos de tortura na Rocinha
5.out.2013 - PMs podem ter torturado 22 pessoas
4.out.2013 - PMs denunciados são presos no Rio de Janeiro
2.out.2013 - Queremos saber do corpo, diz mulher de Amarildo
2.out.2013 - Inquérito indicia dez PMs do caso Amarildo
14.set.2013 - Mulher diz que 'ferida não vai cicatrizar'
10.set.2013 - Família de Amarildo receberá pensão do Estado
9.set.2013 - Família de Amarildo passa necessidades
8.set.2013 - Segunda reconstituição dura 5 horas
3.ago.2013 - PM de UPP da Rocinha é intimado pela polícia
3.ago.2013 - Polícia volta à Rocinha a procura de pistas
2.ago.2013 - Imagens desmentem policiais de UPP na Rocinha
2.ago.2013 - Moradores da Rocinha pedem resposta
1º.ago.2013 - Sangue em carro da UPP não é de Amarildo
31.jul.2013 - "Onde está Amarildo?", pergunta ato no Rio
31.jul.2013 - Sangue em carro da PM passará por teste de DNA
20.jul.2013 - PMs de UPP são afastados após desaparecimento
18.jul.2013 - Rocinha faz protesto por pedreiro desaparecidoPróximoAnterior
O major Edson Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha, e o tenente Luiz Medeiros foram transferidos na semana passada para o presídio Bangu 8, na zona oeste do Rio de Janeiro, para não atrapalharem as investigações com tentativas de coação dos demais PMs. Ambos tiveram um recurso com pedido de retorno ao BEP negado pela Justiça nesta quarta.
Os três policiais militares foram indiciados junto com outros 12 colegas em nova denúncia oferecida pelo Ministério Público e acolhida pela juíza Daniella Alvarez Prado, da 35ª Câmara Criminal, na última terça-feira. No total, 25 PMs foram denunciados por envolvimento no desaparecimento de Amarildo - 13 deles já estão presos.
Segundo depoimentos de quatro policiais militares que ficaram trancafiados no contêiner da UPP durante a sessão de tortura, Gonçalves, Moreira e Soares garantiram a segurança do local durante a tortura e morte de Amarildo. Eles ficaram encarregados de evitar a chegada de moradores ou até outros policiais.
Os três PMs presos nesta quarta-feira tiveram suas vozes reconhecidas por quatro colegas que ouviram a sessão de tortura dentro do contêiner e alteraram seus depoimentos iniciais para o Ministério Público. A Justiça também decidiu que os três perdem seus cargos na corporação.
O caso Amarildo
Para a Polícia Civil, Amarildo foi torturado e morto depois de ter sido levado por policiais para a sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na comunidade, um dia depois de a PM realizar a operação Paz Armada, que investiga o tráfico de drogas na Rocinha. Vinte e cinco PMs foram denunciados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver, entre outros crimes.
De acordo com o delegado, que coordena a investigação, as pessoas que se disseram vítimas de tortura de policiais da UPP da Rocinha foram ouvidas de março a julho deste ano para revelar detalhes do esquema do tráfico de drogas no local.
Todas as 22 testemunhas que narraram mecanismos de tortura apontam homens comandados pelo major Edson Santos (ex-comandante da UPP afastado no mês passado após ser denunciado pelo caso Amarildo) como agressores. Pela linha de investigação da polícia, Amarildo seria a 23ª vítima do grupo - e a única que foi morta.
Asfixia com saco plástico, choque elétrico com corpo molhado, introdução de objetos nas partes íntimas e até ingestão de cera líquida eram alguns dos "castigos" aplicados aos moradores da Rocinha, dentro e fora das dependências da UPP --alguns depoimentos falam em sessões de tortura em becos da comunidade, incluindo o beco do Cotó, onde, segundo a polícia, Amarildo foi sequestrado.
À época do desaparecimento do pedreiro, o ex-comandante da unidade sustentou que Amarildo foi ouvido e liberado, mas nunca apareceram provas que mostrassem o pedreiro saindo da UPP, pois as câmeras de vigilância que poderiam registrar a saída dele não estavam funcionando.
OS 25 PMS DA UPP DA ROCINHA RÉUS NO CASO AMARILDO
Major Edson Raimundo dos Santos Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha / Fraude processual (2x)
Tenente Luiz Felipe de Medeiros Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha / Fraude processual (2x)
Soldado Marlon Campos Reis Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha / Fraude processual
Soldado Douglas Roberto Vital Machado Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha / Fraude processual
Sargento Jairo da Conceição Ribas Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha
Soldado Anderson Cesar Soares Maia Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha
Soldado Fábio Brasil da Rocha da Graça Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha
Soldado Jorge Luiz Gonçalves Coelho Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha
Soldado Victor Vinicius Pereira da Silva Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha
Soldado Wellington Tavares da Silva Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha
Sargento Reinaldo Gonçalves dos Santos Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha
Sargento Lourival Moreira da Silva Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha
Soldado Wagner Soares do Nascimento Tortura / Ocultação de cadáver / Formação de quadrilha
Soldado Rachel de Souza Peixoto Tortura / Ocultação de cadáver
Soldado Thaís Rodrigues Gusmão Tortura / Ocultação de cadáver
Soldado Felipe Maia Queiroz Moura Tortura / Ocultação de cadáver
Soldado Dejan Marcos de Andrade Ricardo Tortura / Ocultação de cadáver
Sargento Rodrigo Molina Pereira Tortura (por omissão)
Soldado Bruno dos Santos Rosa Tortura (por omissão)
Soldado João Magno de Souza Tortura (por omissão)
Soldado Jonatan de Oliveira Moreira Tortura (por omissão)
Soldado Márcio Fernandes de Lemos Ribeiro Tortura (por omissão)
Soldado Rafael Bayma Mandarino Tortura (por omissão)
Soldado Sidney Fernando de Oliveira Macário Tortura (por omissão)
Soldado Vanessa Coimbra Cavalcanti
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