Começou o horário de verão e já vai pra 20 dias que veio a público as denúncias de depósitos e pagamentos de cartões de crédito do ex-presidente do IGEPREV pelo doleiro Fayed Traboulsi, flagrado nas operações Elementar e Miquéias, da Polícia Federal. Pela PF, o grupo desviou o equivalente a R$ 300 milhões dos cofres públicos apenas nos últimos 18 meses. No Tocantins, as perdas estimadas pelo MPS nos últimos dois anos são de R$ 140 milhões (46% de toda a maracutaia) .
Um escândalo, sob qualquer ponto de vista que se observe. Só para se ter uma idéia disso aí, o mensalão , aquele esquema de compra de apoio político da base aliada no governo Lula, custou, conforme mapeamento da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União, o equivalente a R$ 101,6 milhões!!!! Ou seja, as perdas do IGEPREV (de todos os servidores), que têm todo DNA de um duto para desvio de recursos, são, portanto, 28% superiores ao que se entende tenha sido desviado pelos operadores do mensalão, condenados pelo Supremo Tribunal Federal. Tiraram dos cofres do Estado (dos servidores) mais dinheiro do que do BB, Rural e BMG juntos.
O governo demitiu (a pedido) o presidente do IGEPREV e o tal professor, que operacionalizava as aplicações do fundo de aposentadoria dos servidores. Mas até agora não explicou o que aconteceu, quem determinava essas aplicações e onde foram parar os recursos.
Instalou uma sindicância interna, apostando numa investigação do IGEPREV sobre as aplicações … do IGEPREV. O governo investigando o…governo em denuncias de desvios de R$ 140 milhões que poderiam chegar a R$ 500 milhões (e podem ainda!!!!), como estima o MPS sobre aplicações temerárias. Uma graça!!! E mais: que providências a administração está tomando para repor as perdas ao fundo que garante a aposentadoria dos servidores.
A inação é repetida na Assembléia, Tribunal de Contas e até mesmo nas entidades que representam os servidores, completamente omissos em questão tão grave. Aliás, o bonde do governo na Assembléia fez mesmo foi “solidarizar-se” com os mal feitos e as suas perdas ao propor , em tom de ameaça, claro, uma investigação. Mas que fosse extensiva às aplicações do governo passado.
Ora, as aplicações dos governos passados já estão sendo processadas na justiça com, inclusive, responsabilização pecuniária de ex-gestores. O fato concreto para uma nova investigação, necessário a instalação de uma CPI, é a constatação inequívoca da PF de depósitos nas contas dos atuais gestores (que foram demitidos), combinados com aquele livrinho do doleiro onde aparecem cifras em nome de um deputado federal do Estado e de um seu funcionário e as gravações telefônicas da PF com autorização judicial.
Isto tudo, somado aos R$ 105 milhões que simplesmente desapareceram e as perdas conhecidas de R$ 140 milhões de aplicações em fundos criados só para receber o dinheiro do IGEPREV são questões suficientes. Estamos diante de um escândalo.
De outro modo, estamos a completar dez meses daquele relatório de auditores do Ministério da Previdência que apontou R$ 500 milhões de aplicações de recursos do IGEPREV em fundos temerários (há R$ 140 milhões completamente irregulares conforme o Resoluções do Banco Centra). E que demonstrou o desaparecimento de R$ 105 milhões do fundo. Em fundos de renda fixa e variável o IGEPREV tinha aplicado em agosto de 2012 a bagatela de R$ 2 bilhões 392 milhões e 851 mil. Isto é um terço de todo o orçamento do Estado para 2013.
Há aplicações em fundo em que os recursos do IGEPREV são quase 100% dos seus ativos. Ou seja, se retirar o dinheiro dos aposentados do Tocantins, o fundo quebra. Tem grana aplicada em churrascarias.
E o governo quer mais R$ 1 bilhão emprestados de dois bancos estrangeiros. Totalizando R$ 3 bilhões em três anos. Até dezembro pode alcançar o patamar de R$ 20 bilhões de receitas (arrecadadas e autorizadas) no triênio, que somado ao orçamento de 2014 (R$ 9,1 bilhões) o Palácio terá administrado em quatro anos o equivalente a R$ 30 bilhões.
Tudo isso aí sem qualquer discussão na Assembléia. Pelo contrário, com apoio irrestrito. Até a venda, sem qualquer esclarecimento público, das ações públicas na Foz/Saneatins, para o mesmo grupo, sem licitação, sem CVM, por R$ 53 milhões. Essas ações só valem isso ou não? Como está o mercado de ações? E o patrimônio da Foz/Saneatins? Quanto valia antes da venda das ações pelo governo? (Luís Armando)
O que me deixa estarrecido é a mídia em coro alegar que o tal do "mensalão" é o maior escândalo da história recente do Brasil. E o que seriam todos os outros então, com desvios que chegam a mais de 400 milhões como os de uma das linhas do metrô de São Paulo? Aliás, qual parâmetro que se utiliza para determinar o que é maior ou menor?
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