30 maio 2016

1º monitoramento aponta população de 37 jacarés no rio Araguaia no TO

29/05/2016 10h14 - Atualizado em 29/05/2016 10h14 De G1 Tocantins (Reprodução)

Pesquisadora diz que a maioria é jovem de 1 a 1,80 metros.
Estudos estão sendo feitos após suposto ataque de jacaré na região.

Jesana de JesusDo G1 TO
Pesquisadores fazem monitoramento de jacarés no rio Araguaia (Foto: Divulgação/Naturatins)Pesquisadores fazem monitoramento de jacarés no rio Araguaia (Foto: Divulgação/Naturatins)

Um monitoramento feito por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) apontou uma população de 37 jacarés no rio Araguaia, região de Araguacema, sendo um do tipo jacaré-açu e os outros da espécie jacaretinga.

Os estudos foram feitos pelo Grupo de Pesquisa Crocodiliano e Quelônio da região Norte (Croque) da UFT em parceria com o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) no inicio deste mês, após um susposto ataque de jacaré registrado em Araguacema. Em abril deste ano, um homem desapareceu no rio Araguaia. Dias depois, um jacaré foi encontrado morto. Na barriga dele, haviam restos mortais.
A família de Rogério Marques de Oliveira, de 41 anos, acredita que o animal tenha atacado e devorado o homem, mas exames feitos pelo IML de Palmas apontaram que o material encontrado dentro do jacaré não é de humanos.

Estudos
No primeiro monitoramento foram constatadas 2,8 unidades de jacarés por quilômetro. Segundo a doutora em zoologia da UFT e coordenadora do Croque Adriana Malvasio, esta baixa quantidade de jacarés está relacionada com o período das cheias.
Jacaré foi encontrado morto, em Araguacema (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) 
Jacaré foi encontrado morto após suspeita de
ataque, em Araguacema
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
 
"Neste périodo, os animais tendem a ficar para dentro das florestas. Quando o rio baixar, em setembro, vamos confirmar melhor o número de jacarés no rio. Além disso, muitos fogem e afundam quando nos aproximamos", explicou.

Para fazer o monitoramento, a doutora, um engenheiro ambiental e um biólogo pegaram um barco e percorreram uma extensão de 14 km no rio Araguaia. O trabalho foi feito à noite, período em que os jacarés aparecem na superfície do rio, segundo Adriana.

"Nós vamos de barco. Trabalhamos com uma lanterna especial e direcionamos a luz às margens. Quando o animal aparece, o olho reflete. Nos aproximamos e identificamos a espécie e o tamanho."

Ela informou que a maioria das especies econtradas trata-se de jacarés jovens, de 1 a 1,80 metros. Mas há também jacarés antigos originários da bacia do Araguaia. O monitoramento é dividido em três etapas e segue no decorrer deste ano.

Assustados
 
Durante o monitoramento, os pesquisadores perceberam que os animais estavam asssutados. "Quando aproximávamos, eles afundavam rapidamente. Eles fugiam, pareciam estar com medo. Eles estavam incomodados. Pode ser a embarcação e pode estar relacionada à caça", informou a doutora.
praia (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros) 
Jacarés não costumam atacar no raso, mas
banhistas devem tomar cuidado
(Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros)
 
Matar animais silvestres é considerado crime. A médica veterinária e supervisora de fauna do Naturatins Grasiela Pacheco, aconselha que em casos de ataques, a população deve avisar o órgão.

"A reincidência de casos de mortes por retaliação está sendo observada e registrada. A fauna silvestre mantém um papel importante no equilíbrio da cadeia alimentar e promove o controle populacional entre as espécies, evitando que a superpopulação de um único tipo se torne praga e promova um descontrole no ecossistema, como os casos de piranha”, alertou a supervisora.

Perigo
 
Os ataques de jacaré em locais movimentados e em águas rasas não são comuns, mas a população deve tomar cuidado, segundo o engenheiro ambiental e Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Naturatins, Maurício Araújo.

"As pessoas não devem jogar restos de comida nas proximidades de locais de banhos. Também é importante evitar mergulhos em águas profundas e especialmente em locais com pouca movimentação, em períodos próximos ao anoitecer", concluiu.

Suposto ataque
 
No dia 17 de abril, Rogério Marques de Oliveira, 41 anos, desapareceu no rio Araguaia, em Araguacema. Na época, a família disse que ele tinha sido atacado e engolido por um jacaré. No dia 22, um jacaré-açu foi encontrado morto às margens do rio Araguaia. Dentro da barriga do animal, moradores localizaram restos mortais.

Por causa da suspeita, o material foi recolhido e submetido a exames, mas no dia 18 deste mês o Instituto Médico Legal descartou que o homem tenha alvo de ataque. O laudo aponta que o material encontra dentro do animal não é de humanos.
Ossos foram encontrados dentro da barriga do jacaré (Foto: Divulgação) 
Ossos foram encontrados dentro da barriga do jacaré (Foto: Divulgação)

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