26 DE DEZEMBRO, 2014 - 06H00 - PODER - De O Liberal
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Bancada do partido considera a nomeação uma “barriga de aluguel”
Mesmo com a confirmação pela presidente Dilma Rousseff de que seis ministérios vão ficar nas mãos do PMDB, o clima no partido não é de festa. Além de quererem pastas com orçamentos maiores e mais peso político, os peemedebistas consideram a nomeação de Helder Barbalho (ilustração) para o Ministério da Pesca uma “barriga de aluguel”, assim como as indicações de Kátia Abreu (Agricultura) e Vinícius Lages (Turismo). A bancada do PMDB no Senado só ficou satisfeita com a ida do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para o Ministério de Minas e Energia.
Os peemedebistas não se sentem representados por Helder, emplacado pelo pai, Jader Barbalho (PMDB-PA), e por Lages, indicado por Renan Calheiros (PMDB-AL). Recém-filiada ao partido, Kátia Abreu é considerada pelos senadores do partido como da cota pessoal de Dilma. Já o PMDB da Câmara queria o Ministério da Integração Nacional, mas acabou ficando com o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) na Aviação Civil e o deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) na Secretaria dos Portos, que tem status de ministério.
As negociações da reforma ministerial emperraram no PT. A intenção de Dilma de nomear o deputado Pepe Vargas (PT-RS) para comandar a articulação política desagradou o ex-presidente Lula e gerou uma crise na corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil. Integrante da ala Democracia Socialista, que atua em conjunto com a segunda maior corrente petista, a Mensagem, Pepe não circula nem no PT nem nos demais partidos. É um deputado de pouca expressão política e não é considerado à altura da função por Lula nem por dirigentes petistas.
Ao lado da equipe econômica, a articulação política do governo é a principal preocupação de Lula, considerada fundamental para o sucesso do segundo mandato de Dilma. O ex-presidente está apreensivo com a atuação da oposição no Congresso a partir do próximo ano, que deve ser mais aguerrida; com as rebeliões da própria base aliada; e com eventual crise política gerada pelo escândalo de corrupção na Petrobras.
“O dia a dia do governo será conduzido por Mercadante e pela DS (Democracia Socialista)”, reclamou na terça-feira um dirigente do PT.
Braço-direito de Dilma, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) não atua como representante do PT no governo, é criticado no partido pela suposta falta de traquejo político e tem sido alvo de reclamações por “monopolizar” a presidente.
O único nome do PT confirmado foi o de Jaques Wagner, para a Defesa. A expectativa no partido, e dele próprio, era ocupar uma pasta de maior peso político.
Na cota do PT, a intenção de Dilma é deslocar o ministro Ricardo Berzoini da Secretaria de Relações Institucionais para as Comunicações; e nomear o deputado eleito Patrus Ananias (MG) para o Desenvolvimento Agrário; além de transferir o ministro Miguel Rossetto do Desenvolvimento Agrário para a Secretaria Geral da Presidência.
CRISE
A crise da Petrobras coloca em segundo plano a tentativa do PT e do governo de fazer uma reforma política. De acordo com analistas, o governo não dá sinais de que terá força suficiente para conduzir no Congresso uma negociação delicada que afeta diretamente dois dos principais partidos da base: PMDB e PP.
O PT aposta na mobilização popular. A coordenação petista da “Campanha pela Reforma Política” criou um cronograma de atividades de fevereiro até junho, quando quer encaminhar a proposta ao Congresso. Contudo, o PT terá que concentrar os esforços no apoio a Dilma devido à crise. Dificilmente a pauta entrará em campo no primeiro semestre do ano que vem. “O momento não é favorável ao governo. Isso ficou claro na votação da alteração do cálculo do superavit primário onde a presidente Dilma teve que barganhar. Não vejo como o governo conseguirá levar a frente proposta que mexe com tantos interesses no Congresso”, diz o cientista político e pesquisador da UFRJ Sandro Corrêa.
O primeiro desafio petista é a manutenção do comando da Câmara. O PT lançou o deputado Arlindo Chinaglia (SP) para a disputa. Na semana passada, o presidente do PT Rui Falcão disse que o partido “não vai abdicar” de ter um nome na disputa contra o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se lançou oficialmente na disputa.
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