09/10/2014 - De: Folha do Bico
Mais de 30% dos eleitores do Tocantins não votaram em nenhum dos candidatos a governador que disputavam o Palácio Araguaia no pleito de 2014. Somando os eleitores que sequer compareceram para votar com os que votaram em branco ou anularam o voto, o número de pessoas que não participaram da decisão foi de 293.366, ou 31,84% dos 996.379 eleitores do estado. Nas eleições do último domingo (5), Marcelo Miranda (PMDB) foi eleito com 360.640 votos.
Nas três últimas eleições o número de abstenções e de votos nulos e brancos têm crescido tanto em proporção quanto em quantidade. Em 2010, quando Siqueira Campos (PSDB) foi eleito governador, o número de não-votantes para o cargo foi de 254.945 eleitores, ou 26,89% do eleitorado daquele ano. Naquela eleição, a diferença entre o candidato eleito e o segundo colocado foi de apenas 7.163 votos.
Em 2006, na primeira reeleição do próprio Marcelo Miranda, o índice ficou em 25%, ou 220.781 eleitores. Segundo o professor de filosofia e pesquisador na área de geopolítica, José Manuel Miranda de Oliveira, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), o eleitor tem se distanciado da política por diversos fatores. A descrença diante dos constantes problemas jurídicos dos governos do Tocantins e o acúmulo de problemas sociais no estado são alguns deles. “As quedas dos governadores, por vontade deles mesmos ou por meios jurídicos, e os problemas que se acumulam governo após governo deixaram o eleitor desinteressado no cenário político”.
Segundo o professor, outro fator que tem contribuido para a evasão é o investimento em certas tecnologias por parte da Justiça Eleitoral. “O eleitor que tem pouco costume em lidar com certas tecnologias fica intimidado e acaba se afastando do processo, assim como a própria obrigatoriedade do voto já é um fator que gera resistência”.
O Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) disse que considera o número de abstenções normal e dentro da média nacional. O professor concorda, mas pontua que “enquanto não houver uma discussão séria em torno da reforma política, esse número tende a aumentar. Existem grupos que conclamam os eleitores a não votarem porque identificaram falta de representatividade nos candidatos”. (G1 TO).
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