02/07/14 | INTERNET - Cruzeiro do Sul
Concorrência, principalmente do Facebook, aposentou a rede social que era a mais popular do mundo
José Antonio Rosa
joseantonio.rosa@jcruzeiro.com.br
Dez anos depois de ter sido criado, o Orkut, que chegou a ser considerada a rede social mais popular do mundo, teve decretada sua data para acabar. O Google, detentor da marca, anunciou na segunda-feira que ela será desativada em setembro. No comunicado, associou a decisão ao crescimento das comunidades dentro da internet em todo o mundo.
A empresa alegou que vai "concentrar as energias e recursos para tornar essas outras plataformas sociais mais dinâmicas. Com isso, desde o dia do anúncio, novas contas não podem mais ser abertas; mesmo assim, os usuários poderão fazer o login para resgatar fotos, scraps e depoimentos.
Para o estudioso do tema e professor do curso de mestrado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (Uniso), Wilton Garcia, o fim do Orkut não reserva nenhuma grande surpresa. A rede, disse ele em resposta ao jornal Cruzeiro do Sul, ficou obsoleta. "Não fez, de fato, o dever de casa que seria sua própria atualização. Esqueceu da tecla F5, que chama para o novo. Sua arquitetura e design eram insuficientes para apresentar informação de qualidade".
As consequências da desativação, conforme Garcia, são "diretamente comerciais". "Trata-se, afinal, de uma rede social privada. É apenas mais uma empresa que visa o lucro no sistema capital e que não conseguiu sobreviver à concorrência".
Para o professor, qualquer ferramenta tecnológica precisa de inovação para alavancar sua performance. "Se não há novidade, é evidente que as pessoas (o usuário-interator) serão seduzidas por algo diferente, mais atual cuja performatividade seja mais atrativa. Ou seja, instigante".
Até por isso, a concorrência foi determinante para o desfecho do Orkut, prossegue Wilton Garcia, segundo quem o Facebook, atualmente, detém o monopólio das redes sociais. Por isso, consegue influenciar boa parte do usuário-interator na cultura digital sem deixar muitas alternativas.
Em relação ao que deverá ocorrer com as comunidades criadas dentro da rede, Garcia acredita que o senso de comunidade virtual é muito frágil. "As relações virtuais são perenes. O usuário participa a distância, sem muito compromisso com o que está postado/publicado. Sendo assim, isso será dissolvido bem rápido provavelmente".
O entrevistado não concorda com a tese de que o uso indevido do Orkut para postagens de fundo pornográfico, como foram aquelas que trataram dos casos de pedofilia e resultaram em ação judicial concorreu para a desativação. "Usar uma rede com responsabilidade é fato! Lamentavelmente, qualquer rede social acaba registrando casos de pedofilia".
"Nesse caso, a pedofilia não pode ser considerada o mote para tal decisão de desativar o Orkut. Aqui, acredito que foram os fatores das tecnologias emergentes que não deram conta de oferecer ao usuário-interator um serviço de qualidade, capaz de incentivar e estimular o uso".
Usuários comentam
As opiniões dos usuários dividem-se quando o assunto é o fim do Orkut. A música Juliana Moreira, por exemplo, lamentou a decisão da Google sob o argumento de que utilizava a rede para postar scraps e vídeos e que ela agregava muito. Outro fator destacado foi a velocidade e alcance. "O Orkut, disse, chega a um número maior de pessoas em menos tempo. Lamentavelmente, deixará de existir".
Jonathas Cruz ingressou no Orkut há cinco anos, mas entende que a rede ficou ultrapassada. "A tecnologia anda muito rápido e, pelo menos na minha avaliação, a rede perdeu o bonde da história. Já não produzia o mesmo resultado que antes. Agora, uso outras ferramentas que acho mais compatíveis e melhores".
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