Curta metragem feito pela cineasta Flávia Person conta a
história da catarinense Antonieta de Barros; filha de uma ex-escrava, a
professora e cronista foi eleita deputada estadual em 1935
Por Leonardo Fuhrmann
Em 04/04/2016 - de Revista Fórum (Reprodução)
Filha de uma lavadeira que havia sido escrava, Antonieta de Barros é
considerada a primeira mulher negra a se eleger deputada. Ela foi eleita
em 1935, três anos depois das mulheres obterem o direito ao voto no
Brasil, para ocupar uma vaga no legislativo estadual catarinense. Também
foi professora e publicou crônicas nos principais jornais de
Florianópolis entre 1929 e 1952, ano em que morreu na pobreza.
Para que mais estudantes conheçam essa história, a cineasta Flávia
Person lançou uma campanha para arrecadar dinheiro para a produção e
distribuição de mil cópias do curta-metragem, de 14 minutos, que
produziu sobre a vida da deputada. A ideia é enviar cópias para escolas
públicas e bibliotecas catarinenses e universidades de todo o país para
que os estudantes possam saber mais sobre Antonieta.
O filme já está finalizado e foi produzido com o apoio da lei de
fomento estadual à produção audiovisual. Já exibido em Santa Catarina,
Minas Gerais e Rio de Janeiro, o curta participa atualmente de festivais
de cinema. “Muitos deles restringem a exibição de filmes já disponíveis
na internet, por isso só devo distribuir dessa forma a partir do ano
que vem”, comenta Flávia. Ela afirma que, mesmo assim, considera
importante distribuir o curta em DVDs, porque nem todas as escolas e
bibliotecas contam com uma internet rápida o suficiente para a exibição
de filmes.
Flávia é paulista e conta que se interessou em buscar a história dos
negros desde que chegou em Santa Catarina. “É um estado muito marcado
pela imagem dos açorianos e de outros povos europeus, mas sabia que
havia também uma cultura negra importante”. Foi na Casa da Memória que
ela tomou o primeiro contato com a história da personagem. O curta é
produto de uma pesquisa que durou um ano e meio e contou com o apoio do
historiador Fausto Douglas Correa Junior.
A diretora conta que Antonieta nasceu em 1902, filha de uma lavadeira
que havia sido escrava. “A mãe dela era de Lages e foi trazida para
Florianópolis pela família Ramos, de grande tradição na política local”,
afirma. Ela conta que a jovem estudou e se formou professora com o
apoio dos patrões da mãe.
Para Flávia, o grande legado da produção intelectual de Antonieta,
seja como parlamentar e cronista, era a grande preocupação com a
formação das pessoas e o entendimento de que a educação é dar base
cultural para os alunos. Ela considera curioso imaginar como essa mulher
conquistou um espaço e respeitabilidade dentro da conservadora
sociedade daquele período a ponto de ser eleita deputada. “Acho que ela
queria ter feito faculdade, mas o único curso superior existente na
região na época era de Direito, no qual as mulheres não podiam entrar”,
imagina.
As doações são a partir de 20,00 e tem recompensas. Também dá para
cadastrar uma instituição para receber uma cópia. As informações estão
na página www.benfeitoria.com/antonieta.
Veja o trailer
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