Edição do dia 20/04/2016 - 20/04/2016 18h55
- Atualizado em
20/04/2016 23h45
Casos de Guillain-Barré e de microcefalia aumentaram no último ano.
Subnotificação de casos dificulta o combate ao mosquito em áreas de risco.
As doenças provocadas pelo Aedes aegypti estão transformando a vida de
muitas pessoas. Além da dengue, o mosquito é responsável pela
transmissão da Zika e da Chikungunya e pelo crescente número de casos de
microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré.
Guillain-Barré
A síndrome de síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune, que
paralisa e pode matar. O sistema de defesa ataca o próprio corpo, depois
de enfrentar uma infecção causada por bactérias ou vírus, como o da
Zika. “Uma gripe pode levar ao Guillain-Barré, qualquer infecção pode
levar ao Guillain-Barré, mas essa forma mais grave tem sido muito comum
em pacientes que tiveram Zika”, explica o médico Wellington Galvão.
A síndrome é rara, com 0,4 casos registrados a cada 100 mil habitantes.
Em 2014, foram registrados 14 casos da síndrome de Guillain-Barré em
Alagoas. Em 2015, o número saltou para 50.
O tratamento é feito com um equipamento que filtra o sangue para
eliminar os anticorpos que estão atacando o sistema nervoso. A máquina
fica conectada ao corpo do paciente por um cateter. No procedimento
existe o risco de uma contaminação por bactéria e a reação é imediata.
Microcefalia
Ouricuri, no sertão de Pernambuco, registrou 23 casos suspeitos de
microcefalia no último ano. Mesmo nos casos diagnosticados, o futuro dos
bebês é incerto. Não há como prever o desenvolvimento das crianças e as
famílias vivem em angústia.
A associação entre o vírus da Zika e a microcefalia foi feita, pela
primeira vez, em novembro de 2015, pela média Adriana Melo, da Paraíba.
Na última semana, a principal instituição de pesquisa de saúde dos
Estados Unidos comprovou essa relação.
De outubro de 2015 a abril de 2016 houve mais de sete mil notificações
de microcefalia. Dos 1113 casos confirmados, 189 tiveram teste positivo
para o vírus da Zika.
Chikungunya
O bairro Brejo da Guabirava, no Recife, é um dos locais com o maior
número de notificações de doenças provocadas pelo Aedes aegypti. Este
ano, 13 moradores do bairro tiveram diagnóstico de Chikungunya, que
também é transmitida pelo mosquito.
Conversando com os moradores do bairro, o número parece ser maior. A
Secretaria de Saúde do Recife diz que contabiliza apenas as pessoas que
procuram as unidades de saúde e afirma que os agentes comunitários
também podem fazer a identificação dos doentes para que os casos sejam
identificados.
Os agentes comunitários tentam combater a proliferação do mosquito, mas
como o abastecimento no bairro é irregular, os moradores têm o hábito
de armazenar água em casa.
A Chikungunya provoca fortes dores pelo corpo, que podem ir e voltar ao
longo de dias. Os pacientes também sentem inchaço nas articulações. A
dor é tão intensa, que dificulta os movimentos e pode até impedir a
pessoa doente de andar. “A gente vê pacientes que têm dor crônica. Essas
vão continuar e a gente realmente não sabe por quanto tempo. Os artigos
que a gente tem lido falam em anos”, explica a médica Danielly Teles de
Melo.
No primeiro trimestre de 2015, foram notificados 17 casos suspeitos de
febre Chikungunya em Pernambuco. No mesmo período deste ano, o número
subiu para 2813 notificações.
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