Parentes reclamam de divulgação de contas bancárias de desconhecidos, campanhas falsas para arrecadação de dinheiro e negam a disponibilidade das crianças para adoção
CASO TRIGÊMEOS
Em 24/07/2015 - 08h42 - De O Imparcial (Reprodução)
Sandra Viana
Foto: Gilson Rodrigues / O Imparcial.
Apesar das limitações financeiras, família cuida das crianças em sistema de revezamento e garante que não vai abrir mão dos trigêmeos Para uma família onde nasceram trigêmeos, no bairro Santa Helena, na capital, a rede social trouxe solução aliada a vários problemas. É o caso dos três bebês, cuja mãe faleceu deixando-os órfão. “O que a gente quer é esclarecer essa série de informações desencontradas, e muitas são falsas, sobre a situação da nossa família e dos bebês. Tem, inclusive, gente dizendo ser parente e repassando conta bancária”, disse o representante comercial Josean Mendes, 42 anos, tio das crianças.
As histórias são das mais diversas, relata o tio, que aponta as inúmeras campanhas em benefício dos bebês e as muitas ligações em horários inapropriados como motivos de preocupação. “A gente não é contra qualquer tipo de ajuda, de jeito nenhum, mas esperamos que as pessoas nos comuniquem sobre o que pretendem fazer. Já soube de pessoas usando de má fé, mal intencionadas se promovendo em nome das crianças", afirma o tio. Ainda segundo ele, mesmo na mídia, foram divulgadas informações erradas sobre o caso. "Deram nomes que não eram o das crianças, puseram o endereço errado, atribuíram parentesco a pessoas que nem conhecemos", enumerou.
A presença constante de pessoas estranhas na casa da família, no bairro Santa Helena, é outra preocupação. São pessoas que se apresentam como profissionais da saúde e outras oferecendo todo tipo de ajuda. "A gente tem medo de aparecer alguém aqui dizendo ser o que não é. Diante de tudo que vem acontecendo estamos muito preocupados", diz a dona de casa Maria José Rodrigues Coutinho, 43 anos, tia materna e uma das que cuida dos trigêmeos. A dona de casa disse ter ficado mais revoltada com informações de que as crianças seriam dadas ou iriam para adoção. "A gente vive de forma simples, mas conseguimos viver. Precisamos de ajuda sim, mas ninguém aqui nunca falou ou pensou em dar nenhum desses meninos. Eles são a lembrança boa que ficou da minha irmã", disse ela. Para o tio Josean, a simples menção do ato "é um absurdo e uma falta de sensibilidade com a situação".
Rotina alterada
A casa da família dos trigêmeos já era bastante movimentada com a presença das 16 pessoas que lá residem. A chegada dos bebês trouxe, ao mesmo tempo, alegria e tristeza pela perda da parente. Para ajudar com os bebês, todos da família se revezam. No banho, na alimentação, no colo, durante as madrugadas, todos se uniram pelo bem estar e o melhor tratamento possível para eles. "A gente quer dar todo o carinho e cuidado que a minha filha daria", diz Maria da Paz, 66 anos, avó materna das crianças. Em momento de descontração ela relata conhecer cada um dos meninos. "Aquele ali o choro é diferente dos irmãos", diz, apontando para um dos bebês. "O outro é calminho, não estranha ninguém", conta e nomeia cada um deles. "Conheço cada um dos meus netinhos", diz, se gabando. Mesmo sabendo das dificuldades que enfrentam, ela diz amar os netos e nunca se separar deles. "São a maior herança e mais alegre lembrança da minha filha".
A mãe dos bebês, Raimunda Vieira Rodrigues, tinha 40 anos quando faleceu. Além dos trigêmeos há mais quatro filhos - de 10, 13, 14 e 17 anos. Ela deu à luz em 19 de abril e as crianças precisaram ser transferidas para a UTI, onde passaram pouco mais de um mês na incubadora. Receberam alta e foram para casa, mas a mãe estava ainda bastante debilitada, conta a irmã Maria José. "Ela queria segurar as crianças, mas não podia. Nem dá mamar. Estava muito fraca", conta. Sobre a causa do falecimento, os familiares preferiram não entrar no assunto, alegando já terem sido divulgadas muitas informações erradas e que o foco são os bebês. A mãe dos trigêmeos faleceu no último dia 19.
Apoio
A família já recebeu doações de fralda, leite (as crianças tomam as chamadas 'fórmulas'), roupas e produtos de higiene para os bebês. As necessidades são triplicadas e a quem se interessar em ajudar, são aceitos tanto doações em produtos, quanto ajuda financeira. A família pede ainda apoio para atendimento médico e vacinação dos bebês, se possível, na própria residência. "Eles ainda não podem ir muito para a rua e também evitamos para que não peguem nenhuma doença", disse a tia Maria José. Duas das crianças ficaram cerca de 20 dias na UTI e a outra, pouco mais de um mês com agravamentos de convulsões, razão pela qual a família teme problemas de saúde.
A ajuda financeira é para que possam fazer algumas melhorias na casa, que é pequena e com estrutura bastante precária para acolher as três crianças. Os bebês dormem juntos em um mesmo berço num pequeno quarto com vários adultos. No local há ainda um amontoado de produtos fruto das doações e aquisição da própria família. O local, além de pequeno, é abafado e com iluminação precária. "Se alguém quiser e puder ajudar a gente nesse ponto, a gente agradece de coração", diz a tia.
A família aceita também a doação dos materiais de construção, caso o doador assim prefira. Os familiares reiteram ainda que há a necessidade de mais fraldas, leite, materiais de higiene para os bebês, a quem puder contribuir.
Doações para os trigêmeos
O endereço repassado para as doações é Rua do Jip, n-82, bairro Aurora (Anil), próximo ao antigo Arraial 500 Anos. Contatos para mais informações com Josean (tio) 99975.7132 / Jackeline (tia) 98833.6333 / da residência 3245.1412.
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