EUA e Mianmar dividem o primeiro lugar do 'World Giving Index 2014'.
No Brasil, quesito 'ajuda a estranho' foi o que mais piorou.
O Brasil aparece na 90ª posição em um ranking global que mede o nível de doação – de dinheiro e tempo – das populações de 135 países. Em primeiro lugar estão os Estados Unidos e Mianmar. (Esta reportagem havia informado que a posição do Brasil era a 91º, mas o correto é 90º.)
A pesquisa World Giving Index 2014 é realizada pela ONG britânica Charities Aid Foundation e foi divulgada no Brasil nesta terça-feira (18) pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis).
Em comparação ao ano passado, o Brasil subiu apenas uma posição na pesquisa, que foi elaborada com base em três índices: doação de dinheiro para organizações sociais, prática de trabalho voluntário e ajuda a um desconhecido.
World Giving Index 2014
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1º
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Mianmar
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Estados Unidos
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3º
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Canadá
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4º
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Irlanda
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5º
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Nova Zelândia
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6º
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Austrália
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7º
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Malásia
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Reino Unido
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9º
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Sri Lanka
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10º
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Trinidad e Tobago
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90º
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Brasil
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Os dados mostram que 22% dos brasileiros entrevistados afirmam ter doado dinheiro para organizações sociais, 40% dizem que ajudaram desconhecidos e 16% afirmam ter feito algum tipo de trabalho voluntário em 2013.
O que fez o Brasil subir uma posição em relação ao ano anterior foi o quesito de voluntariado – a porcentagem subiu de 13% para 16%. “Foi uma mudança muito tímida perto do potencial que o país tem. Essa melhora se deu porque os indicadores de voluntariado estão melhores. O que piorou bastante é a ajuda a desconhecidos. Enquanto outros países têm melhorado nisso nos últimos cinco anos, a gente tem piorado”, diz Paula Fabiani, presidente do Idis ao G1.
“O posicionamento do Brasil tem relação com os baixos índices de crescimento econômico, que deixa a população contraída. As pessoas começam a se voltar mais para si”, explica. Outros fatores, além do crescimento e do poder econômico influenciam na posição do ranking, comenta Paula.
Um exemplo é a liderança de Mianmar, ao lado dos Estados Unidos, que se deve à cultura de solidariedade relacionada ao budismo, destaca o relatório. Neste ano houve aumento, principalmente, nas doações de dinheiro naquele país. “Em Mianmar a doação faz parte da cultura do país. É um hábito, faz parte do dia a dia”, diz Paula.
Um destaque do ranking deste ano é a mudança do 71º lugar para o 7º da Malásia. No país houve aumento nas três formas de doação, refletindo uma mudança de comportamento generalizada que provavelmente está relacionada à passagem do Tufão Haiyan no arquipélago das Filipinas, vizinho ao país, afirma o documento.
Depois de Estados Unidos e Mianmar, que dividem o primeiro lugar, estão Canadá, Irlanda, Nova Zelândia, Austrália, Malásia, Reino Unido, Sri Lanka e Trinidad e Tobago.
Mudanças no Brasil
Para Paula, algumas mudanças poderiam impulsionar o hábito de doação do brasileiro, principalmente no quesito doação de dinheiro.
“A gente vive em um ambiente um pouco complexo nessa questão. O ambiente regulatório não é favorável. Uma das questões é trabalhar, junto com o governo, a volta de incentivos fiscais para a pessoa física”, diz.
As ONGs também poderiam incentivar as doações, segundo Paula, ao profissionalizar a captação de recursos e melhorar a relação com o doador em campanhas que incentivem cultura de doação.
“A doação em dinheiro não faz parte da conversa do brasileiro. Não se discute o que se faz de doação social ou qual organização se apoia. Lá fora isso é mais comum e faz parte da cultura do indivíduo desde criança. Nos Estados Unidos se discute isso desde a escola”, afirma.
O relatório faz algumas recomendações gerais a todos os governos, inclusive a de oferecer incentivos para doações sempre que possível e de encorajar a doação à medida em que desenvolva sua economia
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